
Sua dor de cabeça pode estar no prato que você come
Muitas vezes, a resposta para aquela enxaqueca teimosa não está na farmácia, mas sim na sua geladeira.
Aquela dor de cabeça latejante que aparece sem aviso pode ter uma origem surpreendente, sabia? Muitas coisas podem desencadear uma crise de enxaqueca, incluindo exatamente o que comemos e bebemos no dia a dia. É uma conexão que nem sempre fazemos, mas que pode ser a chave para encontrar alívio.
O grande desafio é que não existe um gatilho alimentar universal que afete todo mundo da mesma forma. O que para uma pessoa é um veneno, para outra pode não causar absolutamente nada. É por isso que os gatilhos alimentares são tão individualizados, tornando a pesquisa sobre o tema um verdadeiro quebra-cabeça.
Apesar dessa complexidade, existem alguns vilões bem conhecidos que aparecem com frequência nas queixas de quem sofre com enxaqueca. Aditivos, adoçantes e conservantes são frequentemente apontados como os culpados por trás desses incômodos. Vamos desvendar juntos quais são os alimentos que merecem sua atenção.
Queijos envelhecidos: Um prazer que pode custar caro

Quem resiste a um bom pedaço de queijo curado, como um Gorgonzola, Camembert ou um Cheddar bem maturado? Eles são o destaque de qualquer tábua de frios, mas podem esconder um gatilho poderoso para dores de cabeça. Acontece que eles contêm uma substância chamada tiramina, que pode ser a causa do seu sofrimento.
Essa substância, a tiramina, não é um ingrediente adicionado, mas sim um resultado natural do próprio processo de envelhecimento. Ela se forma quando as proteínas presentes no alimento começam a se decompor com o passar do tempo. É um processo químico que intensifica o sabor, mas também o risco de enxaqueca.
Entender essa relação é fundamental para quem busca evitar as crises de dor. Quanto mais tempo um queijo passa maturando, mais saboroso ele fica, mas também maior será a concentração de tiramina. Assim, aquele queijo especial guardado para uma ocasião pode ser o responsável pela dor que vem depois.
O fator tempo: Por que a idade do queijo realmente importa?

A relação entre o tempo de maturação e o teor de tiramina é direta e crucial. É por isso que um queijo fresco raramente causa problemas, enquanto um parmesão envelhecido por meses é um suspeito comum. A tiramina é um composto químico frequentemente citado na literatura médica como um gatilho clássico da enxaqueca.
Essa substância afeta os vasos sanguíneos, podendo causar sua dilatação e contração, o que para pessoas sensíveis é o estopim para uma crise. O corpo de quem sofre com enxaqueca reage de forma mais intensa a essa variação. Por isso, a idade do queijo se torna um fator de risco que não pode ser ignorado.
Portanto, ao escolher um queijo, vale a pena pensar não apenas no sabor, mas também em seu potencial de impacto. Saber que o envelhecimento aumenta a tiramina ajuda a fazer escolhas mais conscientes. Às vezes, optar por uma versão mais jovem do seu queijo favorito pode ser o segredo para um dia sem dor.
Alimentos em conserva e fermentados: Cuidado no pote

A lógica que se aplica aos queijos envelhecidos se estende para outro grupo de alimentos muito popular. Comidas em conserva e produtos fermentados também podem ser uma armadilha para quem tem enxaqueca. Assim como os queijos, eles podem acumular grandes quantidades de tiramina durante seu processo de preparo.
O processo de fermentação, essencial para criar o sabor característico desses produtos, envolve a ação de microrganismos que quebram proteínas. Essa quebra de proteínas é exatamente o que leva à formação da tiramina. Portanto, aquele picles crocante no seu sanduíche pode ser o vilão oculto do seu dia.
É importante estar ciente de que essa categoria é bastante ampla e inclui muitos itens da moda. A lista vai desde os tradicionais picles e quiabo em conserva até produtos como kimchi e kombuchá. Ficar de olho nesses itens pode ajudar a identificar um padrão e evitar futuras dores de cabeça.
Exemplos comuns: O que evitar na prateleira

Quando falamos de alimentos em conserva, a lista de suspeitos é longa e variada. Itens como picles de pepino, pimentas jalapeños em conserva e azeitonas são exemplos clássicos. Esses alimentos passam por um processo que aumenta a sua durabilidade, mas também o seu teor de tiramina.
Além dos picles, o universo dos fermentados também merece atenção especial. O kimchi, um prato coreano à base de repolho fermentado, e o kombuchá, uma bebida fermentada, são conhecidos por seus benefícios à saúde, mas podem ser problemáticos para quem tem enxaqueca. O mesmo vale para o chucrute e o missô.
Se você consome esses alimentos com frequência e sofre de dores de cabeça, pode valer a pena fazer um teste. Tente removê-los da sua dieta por um tempo e observe se há alguma melhora. Essa simples mudança pode revelar um gatilho importante que você nem desconfiava existir.
Carnes curadas ou processadas: O perigo nos embutidos

As carnes curadas ou processadas, como presunto, salame, bacon e salsichas, são práticas e saborosas, mas podem ser uma fonte de enxaqueca. O problema aqui não é a tiramina, mas outro tipo de composto químico. Elas contêm conservantes chamados nitratos, usados para preservar a cor e o sabor dos produtos.
Os nitratos são eficazes em impedir o crescimento de bactérias e prolongar a vida útil desses alimentos. No entanto, no nosso corpo, eles podem ter um efeito colateral indesejado. Esses conservantes podem desencadear uma série de reações que culminam em uma forte dor de cabeça.
Quando consumimos alimentos com nitratos, nosso corpo pode convertê-los em óxido nítrico. Essa substância é conhecida por dilatar os vasos sanguíneos, inclusive os do cérebro. Para uma pessoa com predisposição à enxaqueca, essa dilatação pode ser o suficiente para iniciar uma crise dolorosa.
Óxido nítrico: A reação química por trás da dor

A liberação de óxido nítrico no sangue é um processo que pode diretamente causar ou contribuir para as enxaquecas. Essa molécula atua como um sinalizador no corpo, e uma de suas funções é relaxar e alargar os vasos sanguíneos. Embora isso seja útil em certas situações, no cérebro pode ser um problema.
Acredita-se que a dor da enxaqueca esteja ligada a essa dilatação dos vasos cerebrais e à inflamação que se segue. Portanto, qualquer alimento que promova a liberação de óxido nítrico é um potencial gatilho. As carnes processadas são um dos exemplos mais claros desse mecanismo.
Se você notar que suas dores de cabeça costumam aparecer depois de um churrasco ou de um sanduíche com embutidos, os nitratos podem ser os culpados. Optar por carnes frescas e não processadas pode ser uma alternativa mais segura. É uma troca simples que pode fazer uma grande diferença no seu bem-estar.
Frutas cítricas: Uma surpresa ácida

Pode parecer contraditório, mas até mesmo alimentos saudáveis como as frutas cítricas podem ser um problema. Laranjas, limões, toranjas e outras frutas ricas em ácido cítrico foram associadas a dores de cabeça. É um gatilho que surpreende muita gente, afinal, estamos falando de fontes de vitamina C.
A relação entre o ácido cítrico e as enxaquecas ainda é tema de debate na comunidade científica. No entanto, relatos de pacientes e alguns estudos apontam para uma conexão que não pode ser ignorada. Para algumas pessoas, o consumo dessas frutas parece preceder o início de uma crise.
A octopamina, uma substância encontrada em frutas cítricas, é outra suspeita de ser um gatilho para enxaquecas. Ela pode afetar os níveis de serotonina e a função dos vasos sanguíneos. Portanto, se você tem enxaqueca, vale a pena observar como seu corpo reage depois de consumir essas frutas.
Enxaqueca com aura: Uma conexão específica

Um estudo interessante de 2016 trouxe uma nova luz a essa questão, sugerindo uma distinção importante. A pesquisa observou que as frutas cítricas eram potenciais gatilhos significativos para a enxaqueca com aura. No entanto, a mesma associação forte não foi encontrada para a enxaqueca sem aura.
A enxaqueca com aura é um tipo específico de enxaqueca que inclui sintomas neurológicos, geralmente visuais. Esses sintomas, conhecidos como “aura”, podem incluir ver luzes brilhantes, linhas em zigue-zague ou ter pontos cegos. Eles costumam aparecer antes da dor de cabeça começar.
Essa descoberta sugere que o mecanismo pelo qual as frutas cítricas desencadeiam a dor pode ser diferente. Se você sofre especificamente de enxaqueca com aura, prestar atenção ao consumo de cítricos é ainda mais relevante. Pode ser uma peça importante para montar o quebra-cabeça das suas crises.
Alimentos com MSG: O realçador de sabor polêmico

O glutamato monossódico, mais conhecido como MSG, é um dos aditivos alimentares mais famosos e controversos. Ele é o sal de sódio do ácido glutâmico, um aminoácido que existe naturalmente em nosso corpo e em muitos alimentos. Sua função é realçar o sabor, tornando a comida mais apetitosa.
Apesar de ser considerado seguro para consumo pela maioria das agências reguladoras, o MSG tem uma reputação complicada. Muitos pesquisadores e pacientes o associam diretamente a ataques de enxaqueca. A chamada “Síndrome do Restaurante Chinês” foi o que popularizou essa ideia há décadas.
O MSG é comumente encontrado em sopas enlatadas, salgadinhos, comidas congeladas e em muitos pratos de restaurantes. Ele pode aparecer no rótulo com outros nomes, como extrato de levedura ou proteína vegetal hidrolisada. Isso torna sua identificação um pouco mais difícil para o consumidor.
A estatística: Quem é mais afetado pelo MSG?

A sensibilidade ao MSG não é uma regra, mas para um grupo específico de pessoas, o risco é real. A American Migraine Foundation, uma importante organização sobre o tema, tem dados claros sobre isso. A fundação observa que o MSG pode desencadear episódios graves em uma parcela considerável de quem já sofre com enxaqueca.
De acordo com suas estimativas, entre 10% e 15% das pessoas com enxaqueca são sensíveis a esse aditivo. Para esse grupo, o consumo de alimentos com MSG pode levar a uma crise em questão de horas. A dor de cabeça costuma ser acompanhada de outros sintomas, como pressão no rosto e queimação no peito.
Essa estatística mostra que, embora não seja um vilão para todos, o MSG é um gatilho potente para muitos. Se você tem enxaqueca e não consegue identificar a causa, verificar os rótulos em busca de glutamato monossódico pode ser um passo revelador. A eliminação desse aditivo da dieta pode trazer um alívio significativo.
Álcool: O gatilho socialmente aceito

Não é segredo para ninguém que o álcool pode causar dor de cabeça, mas para quem tem enxaqueca, o efeito é muito mais intenso. As bebidas alcoólicas são um dos gatilhos mais relatados e estudados. Um estudo de 2018, publicado no European Journal of Neurology, confirmou essa forte associação.
Na pesquisa, o álcool foi apontado como o gatilho da dor por impressionantes 35,6% dos participantes com enxaqueca. Isso mostra que, para mais de um terço das pessoas, uma simples bebida pode ser o suficiente para estragar o dia seguinte. A dor de cabeça induzida pelo álcool em quem tem enxaqueca é diferente de uma ressaca comum.
O álcool causa desidratação e afeta os níveis de serotonina e outras substâncias químicas no cérebro. Além disso, muitas bebidas alcoólicas contêm outros potenciais gatilhos, como sulfitos e histamina. É uma combinação de fatores que torna o álcool um campo minado para quem é sensível.
Vinho tinto: O principal suspeito da categoria

Dentro do universo das bebidas alcoólicas, o vinho tinto se destaca como o principal vilão. No mesmo estudo europeu, ele foi relatado como um gatilho em mais de 77% dos participantes que já haviam identificado o álcool como um problema. Essa é uma porcentagem extremamente alta e que confirma a má fama da bebida.
O vinho tinto contém não apenas álcool, mas também taninos, sulfitos e uma quantidade significativa de histamina e tiramina. Essa combinação de substâncias o torna particularmente propenso a desencadear uma crise de enxaqueca. É uma verdadeira tempestade perfeita em uma taça.
Muitas pessoas com enxaqueca descobrem que podem tolerar outras bebidas, como vodka ou gin, mas não o vinho tinto. Se você adora um bom vinho mas sofre com dores de cabeça, talvez seja hora de repensar sua escolha. Optar por um vinho branco ou outra bebida pode ser uma forma de aproveitar sem pagar o preço depois.
Cafeína: A substância de duas caras

A cafeína tem uma relação de amor e ódio com as dores de cabeça, sendo uma verdadeira substância de duas caras. Por um lado, ela é um ingrediente comum em muitos analgésicos, pois ajuda a aliviar a dor. Por outro lado, o excesso de cafeína tem sido associado a enxaquecas há muitos anos.
Essa dualidade torna a gestão da cafeína um desafio para quem tem enxaqueca. Em doses pequenas e controladas, ela pode contrair os vasos sanguíneos e ajudar a combater uma crise. No entanto, o consumo regular e em grandes quantidades pode levar a um ciclo vicioso de dependência e dores de cabeça de rebote.
A chave para usar a cafeína a seu favor é o equilíbrio e a moderação. Beber uma xícara de café no início de uma crise pode ser benéfico para algumas pessoas. O problema começa quando o consumo se torna excessivo e diário, transformando o remédio em veneno.
Abstinência de cafeína: O gatilho da retirada

Um estudo de 2021 publicado na revista Nutrients investigou essa relação complexa. A pesquisa descobriu que o uso excessivo de cafeína pode, de fato, cronificar as enxaquecas. Mas o estudo também destacou um outro lado do problema: a retirada súbita da substância.
A exclusão repentina da cafeína da dieta também pode desencadear ataques de enxaqueca. Isso acontece porque o corpo se acostuma com o efeito da substância nos vasos sanguíneos. Quando ela é retirada, os vasos podem se dilatar excessivamente, causando a chamada dor de cabeça de abstinência.
Isso explica por que muitas pessoas sentem dor de cabeça nos fins de semana, quando pulam o café da manhã habitual. Se você consome muita cafeína e quer reduzir, o ideal é fazer isso de forma gradual. Diminuir a quantidade aos poucos ajuda o corpo a se adaptar e evita o choque da abstinência.
Chocolate: O doce desejo que pode doer

O chocolate é um dos alimentos mais amados do mundo, mas para quem tem enxaqueca, pode ser um prazer proibido. De acordo com a American Migraine Foundation, o chocolate é o segundo gatilho alimentar mais comum para crises, ficando atrás apenas do álcool. Essa é uma notícia triste para muitos chocólatras.
A relação entre chocolate e enxaqueca é complexa e envolve mais de uma substância. O chocolate contém cafeína, que como já vimos, pode ser um gatilho em si. Além disso, ele possui outra substância chamada beta-feniletilamina, que também é suspeita.
É importante notar que, às vezes, o desejo por chocolate pode ser um sintoma inicial da enxaqueca, e não a causa. Essa fase, chamada de pródromo, pode ocorrer horas ou até dias antes da dor. A pessoa come o chocolate e depois associa o alimento à crise, quando na verdade o processo já havia começado.
Cafeína e feniletilamina: A dupla dinâmica do cacau

Vamos analisar mais a fundo os componentes do chocolate que podem causar problemas. A cafeína, presente principalmente no chocolate amargo, já é uma velha conhecida. Seu efeito nos vasos sanguíneos pode tanto ajudar quanto atrapalhar, dependendo da dose e da sensibilidade da pessoa.
A beta-feniletilamina é outra molécula importante presente no cacau. Essa substância pode ter um efeito sobre os vasos sanguíneos do cérebro, causando sua constrição e posterior dilatação. Esse padrão é um mecanismo clássico associado ao início de uma crise de enxaqueca.
Portanto, a combinação desses dois compostos pode ser particularmente problemática para indivíduos sensíveis. Se você suspeita que o chocolate é um gatilho, tente observar se o tipo de chocolate faz diferença. O chocolate ao leite, com menos cacau, pode ser menos problemático que o amargo para algumas pessoas.
Adoçantes artificiais: A doçura que engana

Na busca por uma vida mais saudável ou para controlar o peso, muitas pessoas recorrem a adoçantes artificiais. Eles estão presentes em uma infinidade de produtos “diet” e “zero açúcar”. No entanto, essas alternativas ao açúcar podem ter um custo oculto para quem sofre de enxaqueca.
A maioria dos alimentos processados de baixa caloria contém algum tipo de adoçante artificial. Eles são adicionados para adoçar alimentos e bebidas sem adicionar as calorias do açúcar. Mas essas substâncias químicas podem desencadear episódios de enxaqueca em pessoas sensíveis.
O problema é que eles estão por toda parte, desde refrigerantes e iogurtes até gomas de mascar e sobremesas. Isso torna a tarefa de evitá-los um verdadeiro desafio. Ler os rótulos com atenção é o primeiro passo para identificar e eliminar esses potenciais gatilhos da sua dieta.
Aspartame: O adoçante mais famoso e controverso

Entre os diversos tipos de adoçantes artificiais, o aspartame é certamente o mais conhecido e estudado. Ele é um dos mais utilizados pela indústria alimentícia em todo o mundo. Infelizmente, ele também é o mais frequentemente associado a relatos de dores de cabeça e enxaquecas.
Embora as agências de saúde o considerem seguro, a conexão com a enxaqueca é forte o suficiente para merecer cautela. Muitas pessoas relatam o início de uma crise logo após consumir produtos que contêm aspartame. A evidência é principalmente anedótica, mas muito consistente.
Se você consome regularmente bebidas ou alimentos dietéticos e sofre de dores de cabeça inexplicáveis, o aspartame pode ser o culpado. Experimente cortar esses produtos por algumas semanas e veja se há melhora. Essa pode ser uma mudança simples com um impacto profundo na sua qualidade de vida.
Nozes e sementes: Fontes de um aminoácido problemático

Nozes, castanhas e sementes são frequentemente recomendadas como lanches saudáveis, cheios de gorduras boas e proteínas. No entanto, a Associação de Distúrbios da Enxaqueca as identifica como um gatilho comum. Isso inclui não apenas as nozes inteiras, mas também produtos derivados, como a manteiga de amendoim.
O motivo dessa associação está em um aminoácido chamado fenilalanina. As nozes e sementes são alimentos ricos nessa substância. A fenilalanina é um aminoácido essencial, o que significa que nosso corpo não consegue produzi-lo e precisamos obtê-lo da dieta.
Apesar de sua importância, a fenilalanina pode ser problemática para pessoas com enxaqueca. Acredita-se que ela possa afetar o tônus vascular, ou seja, o grau de contração dos vasos sanguíneos. Essa alteração no fluxo sanguíneo cerebral pode desempenhar um papel crucial no início das crises.
Fenilalanina: O elo com o tônus vascular

As fenilalaninas são aminoácidos que podem influenciar diretamente a saúde dos seus vasos sanguíneos. Elas estão envolvidas na produção de neurotransmissores que regulam o humor e a dor. Para a maioria das pessoas, isso não representa um problema, mas para outras, pode ser o estopim da enxaqueca.
A alteração no tônus vascular é um dos mecanismos centrais na fisiopatologia da enxaqueca. Qualquer substância que interfira nesse delicado equilíbrio pode ser um gatilho. A fenilalanina, ao ser consumida em grandes quantidades por pessoas sensíveis, pode ser essa substância.
Isso não significa que você precise eliminar completamente as nozes da sua vida. A sensibilidade varia muito de pessoa para pessoa. O importante é estar ciente dessa possibilidade e observar como seu corpo reage após consumir um punhado de castanhas ou uma colher de manteiga de amendoim.
Comidas congeladas: O choque gelado no cérebro

Quem nunca sentiu aquela dor aguda e súbita na cabeça ao tomar um sorvete rápido demais? Esse fenômeno, popularmente conhecido como “congelamento cerebral”, é bastante comum. O consumo de alimentos e bebidas muito geladas pode causar dores intensas e pontiagudas na cabeça.
Essa dor é causada por uma reação rápida dos vasos sanguíneos no céu da boca ao frio extremo. Eles se contraem e depois se dilatam rapidamente, enviando um sinal de dor ao cérebro. Para a maioria das pessoas, é um desconforto que passa em poucos segundos.
No entanto, para quem já tem predisposição à enxaqueca, essa dor de cabeça pode ser mais do que um simples incômodo. Existe a chance de que esse choque térmico inicial evolua para um ataque de enxaqueca completo. É uma reação em cadeia que começa com algo tão inocente quanto um sorvete.
Quando o risco aumenta: Calor e exercício

A probabilidade de sentir dores de cabeça que se transformam em enxaqueca aumenta em certas condições. Se você consumir alimentos frios muito rapidamente, o risco já é maior. O corpo não tem tempo de se adaptar à mudança brusca de temperatura.
O perigo é ainda maior se você estiver superaquecido, como após a prática de exercícios físicos ou em um dia muito quente. Nessas situações, os vasos sanguíneos do corpo já estão dilatados para ajudar a resfriar o corpo. O choque gelado causa uma reação ainda mais drástica.
Portanto, a dica é consumir alimentos e bebidas geladas com calma, especialmente nessas situações. Deixe o sorvete ou a raspadinha derreter um pouco na boca antes de engolir. Essa pequena pausa pode ser o suficiente para evitar que o “congelamento cerebral” se transforme em uma crise de enxaqueca.
Comidas salgadas: A pressão do sódio

Alimentos processados e muito salgados, como batatas fritas, salgadinhos e sopas prontas, podem ser outro gatilho. O problema aqui pode não ser apenas o sal, mas também os conservantes prejudiciais que eles contêm. Essa combinação pode provocar enxaquecas em algumas pessoas.
O sódio, principal componente do sal de cozinha, desempenha um papel fundamental na regulação dos fluidos do nosso corpo. Consumir altos níveis de sódio pode levar à retenção de líquidos. Isso, por sua vez, pode aumentar o volume de sangue e a pressão arterial.
O aumento da pressão arterial é um fator de risco conhecido para dores de cabeça e crises de enxaqueca. O cérebro é sensível a essas variações de pressão. Portanto, uma dieta rica em alimentos salgados pode estar contribuindo para a frequência e intensidade das suas dores.
A relação entre sódio e pressão arterial

Consumir altos níveis de sódio de forma consistente pode levar a um aumento crônico da pressão arterial. Essa condição, conhecida como hipertensão, é um problema de saúde sério por si só. Para quem tem enxaqueca, os efeitos podem ser ainda mais imediatos.
Mesmo em pessoas sem hipertensão, um pico no consumo de sódio pode causar uma elevação temporária da pressão. Essa flutuação já pode ser suficiente para desencadear uma dor de cabeça. Além disso, o excesso de sódio pode levar à desidratação, outro gatilho bem conhecido para a enxaqueca.
Reduzir a ingestão de alimentos processados e ter cuidado com a quantidade de sal adicionada à comida é uma boa estratégia. Prefira temperos naturais e leia os rótulos dos produtos industrializados. Essa mudança de hábito pode ajudar a manter a pressão sob controle e as dores de cabeça bem longe.
Identificando os seus gatilhos pessoais

Agora que você conhece os suspeitos mais comuns, o próximo passo é se tornar um detetive da sua própria saúde. Como os gatilhos são muito individuais, a única maneira de descobrir os seus é prestando atenção. Existe uma série de coisas que você pode fazer para detectar e eliminar quaisquer gatilhos relacionados a alimentos ou bebidas.
O objetivo é encontrar padrões e conexões entre o que você come e quando as crises de dor aparecem. Esse processo de auto-observação exige paciência e disciplina, mas os resultados podem ser transformadores. Saber exatamente o que evitar pode lhe dar um controle muito maior sobre sua condição.
Lembre-se de que a enxaqueca pode ser multifatorial, ou seja, causada por uma combinação de gatilhos. Talvez um alimento específico só cause dor quando combinado com estresse ou falta de sono. Anotar tudo é a melhor forma de desvendar essas complexas interações.
Faça um diário alimentar e de dor de cabeça

A ferramenta mais eficaz para essa investigação é manter um diário de dor de cabeça. Anote detalhadamente tudo o que você come e bebe ao longo de algumas semanas. Seja o mais específico possível, incluindo ingredientes, marcas e horários das refeições.
Ao mesmo tempo, registre todas as suas crises de dor de cabeça. Anote o dia e a hora em que começaram, a intensidade da dor e quaisquer outros sintomas associados. Com o tempo, você poderá cruzar as informações e procurar por padrões recorrentes.
Essa prática ajuda a visualizar claramente as possíveis conexões que poderiam passar despercebidas. Verifique se algum alimento ou bebida específico aparece consistentemente nas horas que antecedem uma crise. Esse é o primeiro passo para formular uma suspeita e testá-la.
Preste atenção no que você comeu nas últimas 24 horas

Quando você tiver um ataque de enxaqueca, faça um exercício de memória imediato. Preste muita atenção a tudo o que você consumiu nas 24 horas que antecederam a crise. O gatilho alimentar nem sempre tem um efeito instantâneo, podendo levar várias horas para se manifestar.
Além da comida, anote também quaisquer outros gatilhos potenciais que possam ter ocorrido nesse período. Fatores como estresse, mudanças no sono, alterações hormonais ou exposição a luzes fortes podem interagir com os gatilhos alimentares. É a soma de fatores que muitas vezes leva à crise.
Analisar esse período de 24 horas ajuda a contextualizar a crise e a identificar possíveis culpados. Pode ser que um pedaço de chocolate normalmente não lhe faça mal. Mas, em um dia estressante e mal dormido, ele pode ser a gota d’água.
Experimente uma dieta de eliminação

Se você suspeitar fortemente que um alimento, bebida ou aditivo é um gatilho, a melhor forma de confirmar é através da eliminação. Tente evitar completamente esse item por um período de pelo menos quatro semanas. Esse método é conhecido como dieta de eliminação e é muito eficaz.
Uma dieta de eliminação funciona omitindo alimentos que se acredita causarem reações adversas. Ao evitá-los por um mês, você dará tempo suficiente para o seu corpo se “limpar” da substância. Isso permite que você observe se há uma mudança real na frequência ou intensidade das suas dores de cabeça.
É crucial ser rigoroso durante esse período de teste para que os resultados sejam confiáveis. Leia todos os rótulos para garantir que você não está consumindo o item suspeito de forma oculta. Após as quatro semanas, você terá uma boa ideia se encontrou ou não um dos seus gatilhos.
Observe o seu padrão de crises

Durante e após o período de eliminação, continue prestando muita atenção ao seu padrão de crises de enxaqueca. O seu diário de dor de cabeça continua sendo uma ferramenta essencial nessa fase. Compare o número de crises durante o mês de teste com os meses anteriores.
Se você notar uma diminuição significativa nas suas dores de cabeça, é muito provável que você tenha encontrado um gatilho. A ausência do alimento suspeito fez a diferença que você esperava. Essa é uma descoberta valiosa que pode melhorar muito a sua qualidade de vida.
Por outro lado, se não houver nenhuma mudança no seu padrão de enxaqueca, é improvável que aquele item seja um gatilho para você. Nesse caso, você pode reintroduzi-lo na sua dieta e voltar sua atenção para outros suspeitos. É um processo de tentativa e erro que, no final, levará a respostas importantes.