Doença desconhecida pode causar próxima pandemia global?
Especialistas alertam para o risco de uma nova pandemia causada por um patógeno ainda não identificado, destacando a importância da vigilância global.
A possibilidade de uma nova pandemia global causada por uma doença ainda desconhecida está no radar de especialistas em saúde pública. Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o conceito de “doença X” em sua lista de prioridades, representando um patógeno que ainda não foi identificado, mas que tem potencial para desencadear uma crise sanitária em escala global.
A pandemia de COVID-19 destacou os perigos das ameaças invisíveis, reforçando a necessidade de sistemas robustos de vigilância e resposta. Pesquisadores estão investigando formas de prever e mitigar os riscos associados a doenças emergentes, incluindo aquelas que podem surgir de mutações inesperadas ou do contato humano com animais infectados.
Embora avanços tenham sido feitos no desenvolvimento de vacinas e terapias para doenças conhecidas, o desafio reside nos patógenos desconhecidos, que exigem abordagens inovadoras e colaboração internacional para serem identificados e controlados rapidamente.
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O conceito de “doença X” e os riscos globais
A ideia de “doença X” foi introduzida pela OMS como um alerta sobre os perigos das ameaças biológicas emergentes. Esse conceito abrange patógenos que podem surgir sem aviso prévio, como aconteceu com o coronavírus responsável pela COVID-19. A inclusão dessa categoria na lista da OMS reflete a incerteza sobre as origens e impactos potenciais de novas doenças.
A experiência com pandemias anteriores, como a gripe suína em 2009 e o surto de SARS em 2003, mostrou que vírus podem se espalhar rapidamente em populações com pouca ou nenhuma imunidade prévia. Essas lições reforçam a necessidade de sistemas globais integrados para monitorar e responder a surtos antes que se tornem crises pandêmicas.
Além disso, estratégias como o conceito “One Health”, que integra saúde humana, animal e ambiental, são fundamentais para abordar as causas subjacentes das pandemias. Isso inclui práticas agrícolas intensivas, comércio de animais exóticos e mudanças climáticas, fatores que aumentam o risco de “spillover” — a transmissão de patógenos entre espécies.
Preparação científica contra ameaças desconhecidas
Cientistas estão desenvolvendo vacinas e terapias baseadas em patógenos protótipos, membros representativos de famílias virais conhecidas. Essa abordagem permite adaptar rapidamente tratamentos para doenças relacionadas que possam surgir. Por exemplo, pesquisas anteriores sobre o coronavírus MERS foram cruciais para o rápido desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19.
A vigilância também está evoluindo com novas tecnologias capazes de detectar vírus desconhecidos em pacientes com sintomas sugestivos. Essas ferramentas permitem identificar patógenos antes que eles se espalhem amplamente, oferecendo uma janela crítica para intervenção precoce.
No entanto, os desafios permanecem. A falta de financiamento consistente e a fragmentação dos esforços globais dificultam a implementação eficaz dessas estratégias. Ainda assim, iniciativas como a do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA mostram como é possível avançar na preparação contra pandemias futuras.
O papel da vigilância global na prevenção
A vigilância global é essencial para detectar surtos emergentes antes que eles se tornem incontroláveis. Isso inclui monitoramento contínuo em áreas propensas ao surgimento de novos patógenos, como mercados de animais vivos e regiões com alta densidade populacional. A colaboração entre países é crucial para compartilhar dados em tempo real e coordenar respostas rápidas.
Além disso, políticas públicas devem priorizar investimentos em infraestrutura de saúde pública e pesquisa científica. A pandemia de COVID-19 demonstrou o custo humano e econômico da falta de preparação, sublinhando a importância da prevenção proativa.
No futuro, será necessário equilibrar avanços tecnológicos com abordagens éticas e sustentáveis para reduzir os riscos associados à exploração ambiental e ao contato humano-animal. Apenas com esforços coordenados será possível minimizar as chances de uma nova pandemia global causada por uma doença desconhecida.
Fonte: Live Science.