Descoberta desafia diagnóstico precoce do câncer de mama
Estudo revela que células saudáveis da mama podem se assemelhar a câncer invasivo, complicando detecção precoce.
Uma nova pesquisa trouxe à tona um desafio inesperado no diagnóstico precoce do câncer de mama. Cientistas descobriram que células saudáveis da mama podem apresentar alterações genéticas semelhantes às de células cancerígenas invasivas, o que pode levar a diagnósticos imprecisos. Essas alterações, conhecidas como aneuploidias, envolvem cópias extras ou ausentes de cromossomos e eram anteriormente consideradas raras em tecidos saudáveis.
Os pesquisadores analisaram mais de 83 mil células epiteliais mamárias de mulheres saudáveis e identificaram que cerca de 3% dessas células apresentavam aneuploidias. Essas mudanças genéticas, associadas a alterações na expressão gênica, podem ser confundidas com sinais de câncer invasivo, desafiando os métodos tradicionais de triagem e diagnóstico.
A descoberta levanta questões sobre a precisão dos marcadores utilizados atualmente para identificar o câncer de mama. Além disso, ela destaca a necessidade de desenvolver novas abordagens para diferenciar células saudáveis com alterações genéticas de células realmente malignas.
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O papel das aneuploidias no câncer de mama
A aneuploidia é uma característica comum em cerca de 90% dos tumores sólidos, sendo frequentemente usada como marcador para detectar células cancerígenas. No entanto, este estudo revelou que essa condição também pode estar presente em tecidos saudáveis, especialmente em células epiteliais da mama. Essa descoberta surpreendente sugere que as aneuploidias não são exclusivas do câncer e podem ter origens mais complexas do que se imaginava.
Entre as alterações cromossômicas observadas nas células saudáveis estavam cópias extras do cromossomo 1 e perdas dos cromossomos 16, 10 e 22. Curiosamente, essas mesmas alterações estão associadas a diferentes tipos de cânceres mamários, como os positivos para receptores hormonais (ER-positivo) e negativos (ER-negativo).
Os cientistas agora investigam se mulheres com maior frequência dessas alterações genéticas em células saudáveis têm maior risco de desenvolver câncer no futuro. Essa linha de pesquisa pode abrir caminho para novos métodos preventivos e diagnósticos mais precisos.
Impacto no diagnóstico precoce
A descoberta tem implicações significativas para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Métodos atuais, como biópsias e exames genéticos, podem não ser suficientes para distinguir entre células saudáveis com aneuploidia e células malignas. Isso pode levar tanto a diagnósticos falsos positivos quanto à subestimação do risco real em alguns casos.
Por exemplo, a perda do cromossomo 16 é frequentemente usada como indicador de câncer invasivo. No entanto, este estudo mostrou que essa alteração também pode ocorrer em tecidos saudáveis. Isso sugere que os critérios atuais para identificar o câncer precisam ser reavaliados à luz dessas novas evidências.
Além disso, os pesquisadores destacam a importância de integrar novas tecnologias, como sequenciamento genético avançado e inteligência artificial, para melhorar a precisão dos diagnósticos. Essas ferramentas podem ajudar a identificar padrões genéticos específicos que diferenciem células benignas alteradas das malignas.
Perspectivas futuras na prevenção e tratamento
A pesquisa também levanta questões sobre como essas descobertas podem influenciar o tratamento e a prevenção do câncer de mama. Se for comprovado que certas alterações genéticas em células saudáveis aumentam o risco de câncer, será possível desenvolver estratégias personalizadas para monitorar essas pacientes ao longo do tempo.
Além disso, o estudo sugere que diferentes tipos de cânceres mamários podem ter origem em subtipos específicos de células saudáveis com características genéticas distintas. Isso reforça a necessidade de abordagens mais individualizadas tanto no diagnóstico quanto no tratamento.
No futuro, avanços na compreensão das bases moleculares do câncer poderão levar ao desenvolvimento de terapias direcionadas que previnam a progressão da doença antes mesmo que ela se manifeste clinicamente. Enquanto isso, os cientistas continuam explorando maneiras de aplicar essas descobertas na prática clínica.
Fonte: Live Science.