Estudo brasileiro revela ligação entre carnes processadas e hipertensão

Estudo brasileiro revela ligação entre carnes processadas e hipertensão

Consumo de carnes processadas aumenta risco de hipertensão, segundo pesquisa nacional, destacando os perigos do sódio e gorduras saturadas.

O consumo de carnes processadas, como linguiça, salsicha, presunto e bacon, foi associado ao aumento do risco de hipertensão arterial, conforme aponta um estudo brasileiro publicado no periódico científico Nutrition. A pesquisa utilizou dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que acompanha mais de 15 mil participantes desde 2008. Segundo os resultados, mesmo o consumo moderado desses alimentos pode impactar negativamente a saúde cardiovascular.

A principal hipótese para essa relação está na alta concentração de sódio presente nas carnes processadas. Esse mineral, essencial em pequenas quantidades, pode causar retenção de líquidos e aumento da pressão arterial quando consumido em excesso. Além disso, esses alimentos frequentemente contêm gorduras saturadas, que também contribuem para problemas cardiovasculares.

Os pesquisadores destacaram que não foi encontrada associação significativa entre o consumo de carnes vermelhas frescas e a hipertensão. Isso reforça a necessidade de diferenciar os impactos das carnes processadas em relação a outros tipos de proteína animal.

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Impactos além da hipertensão: câncer e outras doenças

Além dos riscos cardiovasculares, o consumo exagerado de carnes processadas está ligado ao aumento da incidência de câncer, especialmente o colorretal. Estudos anteriores já consolidaram evidências sobre a relação entre esses alimentos e tumores intestinais. A presença de conservantes como nitritos e nitratos é apontada como um dos fatores que elevam esse risco.

A nutricionista Giuliana Modenezi, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que o consumo crônico desses produtos pode levar à disfunção endotelial, dificultando o relaxamento das artérias. Isso agrava ainda mais o quadro cardiovascular, além de aumentar inflamações sistêmicas no corpo.

Diante disso, especialistas recomendam que o consumo seja restrito a ocasiões esporádicas. “Um pedaço de linguiça no churrasco ou um cachorro-quente na festa pode ser tolerado, mas não deve fazer parte da rotina alimentar”, alerta Maria del Carmen Bisi Molina, orientadora do estudo.

Estudo brasileiro revela ligação entre carnes processadas e hipertensão
A alta concentração de sódio nas carnes processadas é apontada como principal vilã para a saúde cardiovascular. (Imagem: Reprodução/Divulgação)

Estratégias alimentares para prevenir hipertensão

Para combater os efeitos prejudiciais das carnes processadas, especialistas sugerem mudanças na dieta que priorizem alimentos ricos em nutrientes protetores. O potássio, por exemplo, ajuda a equilibrar os níveis de sódio no organismo e promove a dilatação dos vasos sanguíneos. Fontes desse mineral incluem banana, abacate e batata.

Outros nutrientes importantes são o magnésio e o cálcio, encontrados em castanhas, feijões e laticínios desnatados. Esses minerais desempenham papéis cruciais na regulação da pressão arterial e na saúde cardiovascular como um todo.

A inclusão de antioxidantes na dieta também é recomendada. Substâncias presentes em frutas, verduras e legumes ajudam a proteger as artérias contra danos inflamatórios. Além disso, fibras alimentares contribuem para uma microbiota intestinal saudável, fator essencial para prevenir inflamações sistêmicas.

Dieta DASH: Uma abordagem eficaz contra hipertensão

A Dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), desenvolvida por cientistas nos Estados Unidos, é amplamente reconhecida por seus benefícios no controle da pressão arterial. Esse plano alimentar prioriza frutas, hortaliças e grãos integrais, além de oleaginosas como castanhas e sementes.

A dieta também inclui laticínios desnatados e leguminosas como feijões e grão-de-bico. Um dos pontos principais é a redução drástica do sal utilizado no preparo dos alimentos. Para compensar o sabor, ervas e especiarias são indicadas como substitutos naturais.

Estudos mostram que adotar estratégias alimentares como a DASH pode reduzir significativamente os riscos associados à hipertensão e melhorar a saúde geral das artérias. Essa abordagem reforça o papel da alimentação equilibrada na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis.

Fonte: Revista Galileu.