Alimentação saudável é um luxo para bilhões de pessoas

Alimentação saudável é um luxo para bilhões de pessoas (1)

Relatório da FAO revela que mais de um terço da população mundial não pode pagar por uma dieta equilibrada, agravando problemas de saúde e desigualdade.

A alimentação saudável tornou-se um desafio global, com 35,4% da população mundial incapaz de arcar com os custos de uma dieta equilibrada. Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), esse problema afeta 2,8 bilhões de pessoas, evidenciando a disparidade econômica e social entre países de diferentes rendas.

Enquanto alimentos ultraprocessados se tornam mais acessíveis, frutas, legumes e outros itens nutritivos permanecem fora do alcance de muitas famílias. Essa realidade é especialmente crítica em regiões como a África, onde 64,8% da população enfrenta dificuldades para acessar uma dieta saudável. Na América Latina e Caribe, a taxa atinge 27,7%, destacando a desigualdade no acesso à nutrição.

A situação é ainda mais alarmante quando se considera o impacto sanitário e econômico dos maus hábitos alimentares. Estima-se que doenças relacionadas à alimentação inadequada gerem um custo global de US$ 8,1 trilhões por ano, incluindo perdas de produtividade e despesas médicas.

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Desigualdade no acesso à alimentação saudável

A desigualdade no acesso a uma dieta saudável reflete diretamente as condições econômicas dos países. Em nações de baixa renda, até 71,5% da população não pode pagar por alimentos nutritivos, enquanto em países ricos essa taxa é de apenas 6,3%. Essa disparidade reforça um ciclo vicioso de pobreza e má nutrição.

Além disso, os dados mostram que o problema piorou em regiões economicamente vulneráveis desde a pandemia. Em contrapartida, países com economias mais robustas registraram uma leve melhora nos níveis de acesso à alimentação saudável. Essa desigualdade estrutural exige intervenções urgentes para garantir o direito humano à alimentação adequada.

Outro fator preocupante é o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados em detrimento dos naturais. Esses produtos são mais baratos e amplamente disponíveis, mas apresentam baixo valor nutricional e estão associados ao aumento da obesidade e outras doenças crônicas.

Alimentação saudável é um luxo para bilhões de pessoas (1)
A falta de acesso à alimentação saudável afeta bilhões globalmente, enquanto alimentos ultraprocessados dominam as prateleiras (Imagem: Reprodução/Divulgação).

Impactos na saúde pública

A dificuldade em manter uma alimentação equilibrada tem consequências graves para a saúde pública. Doenças como diabetes, hipertensão e obesidade estão diretamente ligadas aos maus hábitos alimentares. Além disso, crianças são particularmente vulneráveis: cerca de 148 milhões delas sofrem com desnutrição crônica e baixa estatura.

Por outro lado, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados contribui para o aumento do sobrepeso infantil. A combinação desses fatores coloca pressão sobre os sistemas de saúde pública e compromete o desenvolvimento econômico das nações afetadas.

A FAO destaca que políticas públicas voltadas à segurança alimentar são essenciais para reverter esse cenário. Investimentos em agricultura sustentável e subsídios para alimentos saudáveis podem ajudar a reduzir os custos desses produtos e torná-los mais acessíveis à população.

Soluções possíveis para o problema

Diante desse cenário alarmante, especialistas apontam que transformar os sistemas alimentares globais é essencial para garantir o acesso universal a uma dieta nutritiva. Isso inclui desde incentivos à produção local até campanhas educativas sobre alimentação saudável.

No Brasil, iniciativas como o Plano Brasil Sem Fome buscam reverter os índices crescentes de insegurança alimentar. O programa visa não apenas aumentar o acesso aos alimentos básicos, mas também promover dietas equilibradas que atendam às necessidades nutricionais da população.

Ainda assim, os desafios permanecem imensos. A crise climática e as flutuações econômicas globais complicam ainda mais a tarefa de garantir segurança alimentar para todos. A colaboração entre governos, organizações internacionais e sociedade civil será crucial para enfrentar esse problema complexo.

Fonte: Galileu.