
A música sobre o Diabo que virou hino no Brasil e você cantou
De rocks clássicos a hinos de Carnaval, descubra como a música flerta com a figura mais temida da história.
Parece que alguns dos maiores compositores do mundo têm uma certa fascinação pelo Diabo, não é mesmo? Seja como a personificação do mal ou sob nomes como Satanás, Lúcifer e Belzebu, essa entidade inspira letras poderosas. Ele é frequentemente usado na música para representar atos sombrios ou a natureza traiçoeira das pessoas.
Mas nem sempre a abordagem é tão literal, e muitas vezes a figura demoníaca serve como uma metáfora genial. Uma canção pode, por exemplo, descrever o charme diabólico de alguém com um poder de sedução quase sobrenatural. De qualquer forma, a verdade é que o tema rende músicas que grudam na nossa cabeça e marcam gerações.
Prepare-se para uma viagem musical que explora essa força muitas vezes hostil, mas que já rendeu verdadeiras obras de arte. Vamos mergulhar em uma playlist que o próprio Satanás provavelmente adoraria ouvir, com direito a uma surpresa brasileira no final. Afinal, quais canções melhor descrevem essa energia tão destrutiva e, ao mesmo tempo, tão cativante?
Katy Perry: Uma inesperada dança com o Diabo

Pouca gente sabe, mas Katy Perry também tem uma música com uma temática diabólica em seu repertório. A faixa ‘Dance with the Devil’ está presente na edição de luxo, exclusiva e internacional, do seu álbum ‘Witness’, lançado em 2017. Essa canção mostra uma faceta mais introspectiva e obscura da rainha do pop.
O álbum ‘Witness’ marcou uma fase de grande transformação para a cantora, tanto na sonoridade quanto no seu visual. Ela se propôs a explorar temas mais maduros e complexos, distanciando-se da imagem que a consagrou no início da carreira. A inclusão de uma música como essa na versão especial do disco foi um recado claro sobre suas novas ambições artísticas.
Essa abordagem de usar o Diabo como uma metáfora para lutas internas ou tentações não é exclusiva do pop. Grandes lendas do rock, como um certo ex-Beatle, também se aventuraram por esse caminho em suas carreiras solo. O resultado, como veremos, é igualmente fascinante e digno de nota.
Paul McCartney: O rock and roll que manda o Diabo correr

Falando em lendas, Sir Paul McCartney também tem sua própria canção para espantar os maus espíritos. A música ‘Run Devil Run’ é um dos três hits originais presentes em seu álbum de mesmo nome, lançado em 1999. O disco é, em sua maioria, uma coletânea de covers de clássicos do rock and roll que o influenciaram.
A faixa-título é um rock enérgico e vibrante, mostrando que a veia roqueira de McCartney continuava pulsando forte. A letra é um recado direto para que o mal se afaste, com uma energia contagiante. É a prova de que até mesmo um dos maiores compositores de baladas românticas sabe como invocar o bom e velho rock para dar um chega pra lá no capeta.
A decisão de incluir composições próprias em um álbum de homenagens mostra a genialidade e a necessidade criativa de McCartney. Ele não apenas celebrava o passado, mas também adicionava seu próprio capítulo à história do rock. E, claro, aproveitou para nos dar um hino para mandar o tinhoso para longe.
Queen: A obra-prima que reserva um lugar para Belzebu

É impossível falar de música e grandiosidade sem mencionar o Queen e sua obra-prima ‘Bohemian Rhapsody’. Lançada em 1975, a canção épica se tornou um fenômeno mundial e continua a fascinar ouvintes até hoje. O que muitos não percebem é a sua referência direta a uma figura demoníaca.
Em um dos trechos mais operísticos da música, Freddie Mercury canta “Beelzebub has a devil put aside for me, for me / For meee”, que significa “Belzebu tem um diabo reservado para mim”. Essa menção explícita, vinda diretamente do lado B do disco ‘A Night at the Opera’, adiciona uma camada de desespero e condenação à narrativa. A canção é a faixa de número 11 e um dos pontos altos do álbum.
A genialidade de ‘Bohemian Rhapsody’ está justamente em sua capacidade de misturar rock, ópera e confissões pessoais em uma única peça. A menção a Belzebu não é gratuita; ela intensifica o drama de um homem que acredita ter sua alma perdida. É um detalhe que engrandece ainda mais um dos maiores hinos da história da música.
Kylie Minogue: A reinvenção através do Diabo conhecido

A cantora australiana Kylie Minogue usou a figura do Diabo para marcar uma virada radical em sua carreira. A canção ‘Better the Devil You Know’ foi o ponto de partida para sua reinvenção como artista. Lançada em 1990, ela faz parte do seu terceiro álbum de estúdio, ‘Rhythm of Love’.
Com essa música, Kylie abandonou de vez a sua imagem de “garota da porta ao lado” que a tornou famosa. A letra, que pode ser traduzida como “melhor o diabo que você conhece”, fala sobre preferir um amor problemático a arriscar o desconhecido. Foi um passo ousado que a consolidou como um ícone pop mais maduro e sensual.
A faixa se tornou um clássico e é celebrada pelos fãs como um momento crucial em sua trajetória. Ela provou que era possível evoluir artisticamente sem perder a essência pop que a consagrou. A aposta no “Diabo conhecido” definitivamente deu muito certo para ela.
Elvis Presley: O Rei e o Diabo em um disfarce sedutor

Nem mesmo o Rei do Rock escapou de ter seu coração enganado por um “Diabo disfarçado”. Na gravação de 1963, ‘(You’re the) Devil in Disguise’, Elvis Presley descreve seu novo amor como o próprio demônio encarnado. A música foi um sucesso estrondoso, consolidando ainda mais o status de ídolo global do cantor.
A canção alcançou a impressionante terceira posição na parada de singles da Billboard nos Estados Unidos. Sua letra cativante fala sobre se apaixonar por alguém que parece um anjo, mas que na verdade tem um coração traiçoeiro. É uma metáfora clássica sobre como as aparências podem enganar no jogo do amor.
Com sua voz inconfundível, Elvis transformou uma desilusão amorosa em um hit atemporal. A música mostra que a ideia de um “diabo” sedutor e enganador é um tema universal. Décadas depois, a canção continua sendo um dos grandes clássicos de sua vasta discografia.
Bon Jovi: Quando o mal se instala no templo sagrado

A banda Bon Jovi também usou uma poderosa metáfora para falar sobre a presença do mal onde ele não deveria estar. A canção ‘The Devil’s in the Temple’, ou “O diabo está no templo”, é uma das faixas do 14º álbum de estúdio do grupo. O disco, intitulado ‘This House Is Not for Sale’, foi lançado em 2016.
A letra sugere um sentimento de traição e desilusão, como se algo puro tivesse sido corrompido. O “templo” pode ser interpretado de várias formas: um relacionamento, a indústria da música ou até mesmo a própria alma. É uma música com uma sonoridade pesada que reflete a seriedade do tema abordado.
Bon Jovi sempre foi mestre em criar hinos de rock com letras que se conectam com o público. Nesta faixa, eles exploram um lado mais sombrio e reflexivo, provando sua versatilidade. A canção é um lembrete de que o mal pode se infiltrar nos lugares mais inesperados.
Avril Lavigne: Uma paixão perigosa pelo Diabo

A cantora e compositora canadense Avril Lavigne mergulhou de cabeça em uma relação tóxica em uma de suas músicas mais intensas. Lançada como o quarto single de seu álbum ‘Head Above Water’, de 2019, a faixa se chama ‘I Fell in Love with the Devil’. O título, que significa “Me apaixonei pelo diabo”, já entrega a força da mensagem.
Sendo a terceira faixa do disco, a canção é uma balada dramática que fala sobre a luta para se libertar de um amor que faz mal. Avril usa a figura do Diabo para personificar a pessoa que a está machucando, criando uma imagem poderosa e fácil de se identificar. É um grito de socorro e um desabafo sobre a dor de amar alguém que é sua própria destruição.
A música foi muito elogiada pela sua honestidade e vulnerabilidade, mostrando um lado mais maduro da artista. Ela transformou uma experiência dolorosa em uma arte poderosa. A canção ressoa com qualquer pessoa que já tenha se sentido presa em uma paixão perigosa.
Metallica: A dança pesada do metal com o demônio

Quando se fala em rock pesado, é quase impossível não pensar no Metallica e sua relação com temas sombrios. A música ‘Devil’s Dance’ é um exemplo perfeito da abordagem da banda a essa temática. Escrita pela dupla James Hetfield e Lars Ulrich, ela é a terceira canção do álbum ‘Reload’, de 1997.
Com um riff pesado e uma batida marcante, a música convida o ouvinte para uma “dança do diabo”. A letra fala sobre tentação e a atração pelo perigo, um tema recorrente no universo do heavy metal. É uma faixa que captura a essência sonora do Metallica naquela fase de sua carreira.
‘Reload’, junto com seu antecessor ‘Load’, marcou uma era de experimentação para a banda. ‘Devil’s Dance’ se destaca como uma das músicas mais fortes do álbum, sendo presença constante nos shows. É a prova de que a dança com o Diabo, no ritmo do Metallica, é irresistivelmente pesada.
Bruce Springsteen: O Diabo e a poeira da guerra

O lendário Bruce Springsteen, conhecido como “The Boss”, usou sua música para fazer uma crítica contundente à guerra. A canção ‘Devils & Dust’ é a faixa-título de seu álbum de 2005. Nela, Springsteen narra a história de um soldado americano atormentado por suas experiências na Guerra do Iraque.
A letra é uma reflexão profunda sobre medo, fé e os dilemas morais enfrentados em um campo de batalha. O “diabo” aqui não é uma entidade sobrenatural, mas sim o conflito interno e a violência que cercam o soldado. É uma das composições mais poéticas e politizadas de sua carreira.
Com uma melodia folk e uma interpretação emocionante, Springsteen mais uma vez se provou um cronista da alma americana. A música é um retrato poderoso dos custos humanos da guerra. Ela nos lembra que, muitas vezes, os maiores demônios são aqueles que nós mesmos criamos.
Kanye West: Um demônio vestido para impressionar

Kanye West, um dos artistas mais influentes e controversos do nosso tempo, também tem sua visão sobre o tema. A música ‘Devil in a New Dress’, que pode ser traduzida como “O diabo de vestido novo”, é uma das joias de seu aclamado álbum. A faixa pertence ao disco ‘My Beautiful Dark Twisted Fantasy’, de 2010.
Nessa canção, Kanye divide os vocais com o rapper Rick Ross, criando uma atmosfera de luxo e perdição. A letra fala sobre a atração por uma mulher que é ao mesmo tempo irresistível e perigosa, a personificação da tentação. A produção musical é sofisticada, com um sample de soul que dá um toque clássico à faixa.
O álbum é considerado por muitos como a obra-prima de West, e essa música é um de seus pontos altos. Ela captura perfeitamente a dualidade entre o sagrado e o profano que permeia todo o disco. É a prova de que, na visão de Kanye, o Diabo pode ser extremamente estiloso.
Madonna: Uma prece para afastar o mal

A Rainha do Pop, Madonna, também explorou a luta contra as tentações em uma de suas canções. ‘Devil Pray’ é a segunda faixa de seu álbum ‘Rebel Heart’, lançado em 2015. A música tem uma sonoridade que mistura pop, folk e música eletrônica de forma única.
A produção da faixa é um show à parte, contando com a colaboração de grandes nomes como Avicii, DJ Dahi, BloodPop e a própria Madonna. A letra é uma espécie de oração, onde ela pede forças para resistir a vícios e caminhos autodestrutivos. É uma abordagem interessante, que coloca a fé como um antídoto para as “preces do diabo”.
Mais uma vez, Madonna mostrou sua capacidade de se reinventar e abordar temas profundos em suas músicas. ‘Devil Pray’ é uma faixa dançante, mas com uma mensagem de alerta e superação. É um lembrete de que a batalha contra nossos demônios internos pode, sim, acontecer na pista de dança.
Demi Lovato: Dançando com o Diabo em sua forma mais real

Poucos artistas foram tão literais e corajosos ao falar sobre seus demônios quanto Demi Lovato. O título de seu sétimo álbum de estúdio, lançado em 2021, já diz tudo: ‘Dancing with The Devil… the Art of Starting Over’. Em tradução livre, seria “Dançando com o Diabo… A Arte de Começar de Novo”.
A faixa-título, ‘Dancing with the Devil’, é um relato brutalmente honesto sobre o período mais turbulento e autodestrutivo de sua vida. A música aborda diretamente sua luta contra o vício e a overdose que quase lhe tirou a vida em 2018. É um testemunho poderoso sobre chegar ao fundo do poço.
Ao transformar sua dor em música, Demi criou uma obra de grande importância para seus fãs e para a discussão sobre saúde mental. A canção não é apenas um hit, mas um ato de sobrevivência e um símbolo de esperança. Ela mostra que é possível dançar com o Diabo e, ainda assim, encontrar o caminho de volta.
Suzi Quatro: O rockabilly direto do portão do inferno

A cantora e compositora norte-americana Suzi Quatro foi uma das pioneiras do rock feminino e não tinha medo de temas ousados. Em 1974, ela estourou com o hit ‘Devil Gate Drive’, uma canção cheia de energia e atitude. A música se tornou seu segundo single a alcançar o primeiro lugar nas paradas do Reino Unido.
Com uma pegada de rock and roll e glam rock, a música fala sobre uma turma de jovens rebeldes que se encontra em um lugar chamado “Portão do Diabo”. A letra celebra a juventude, a liberdade e um toque de perigo. Era o tipo de som que definia a rebeldia da época.
Suzi Quatro quebrou barreiras com seu baixo, sua voz rasgada e suas jaquetas de couro. ‘Devil Gate Drive’ é um exemplo perfeito de seu legado, uma música divertida e poderosa. Ela provou que as garotas podiam rockar tanto quanto os garotos, e até mesmo flertar com o Diabo no processo.
Aerosmith: O Diabo sempre arruma um novo disfarce

A lendária banda Aerosmith sabe que o mal está sempre mudando de aparência para nos enganar. A faixa ‘Devil’s Got a New Disguise’ foi a grande novidade da coletânea de 2006 com o mesmo nome. O título completo era ‘Devil’s Got a New Disguise: The Very Best of Aerosmith’, que podemos traduzir como “O diabo arrumou um novo disfarce: o melhor do Aerosmith”.
A canção é a faixa de encerramento do álbum e traz a sonoridade clássica que consagrou a banda. Com a voz inconfundível de Steven Tyler e os riffs de Joe Perry, a música fala sobre ser enganado por alguém que parecia ser uma coisa, mas se revelou outra. É um tema clássico do rock, mas com a marca registrada do Aerosmith.
Lançar uma música inédita e poderosa em uma coletânea foi uma jogada de mestre. Isso não apenas agradou os fãs de longa data, mas também mostrou que a banda continuava criativa e relevante. Afinal, enquanto houver desilusões, o Diabo sempre terá um novo disfarce para inspirar grandes rocks.
INXS: O demônio que todos temos por dentro

A banda australiana INXS explorou a ideia de que o mal não é uma força externa, mas algo que reside dentro de cada um de nós. Lançado como single em fevereiro de 1988, o hit ‘Devil Inside’ se tornou um dos maiores sucessos do grupo. A música é uma reflexão sobre a dualidade da natureza humana.
Com um riff de guitarra marcante e a voz sensual de Michael Hutchence, a canção fala sobre os impulsos e desejos sombrios que todos possuímos. A popularidade da música foi tão grande que ela acabou entrando na trilha sonora de um filme de Hollywood. ‘Devil Inside’ apareceu no longa ‘Rock Star’, de 2001, estrelado por Mark Wahlberg e Jennifer Aniston.
A faixa é um clássico dos anos 80 e captura perfeitamente a sonoridade da época, misturando rock e funk. O INXS criou um hino sobre nossas contradições internas, um tema que nunca perde a relevância. A música nos lembra que, às vezes, nosso maior inimigo é o demônio que carregamos por dentro.
Mumford & Sons: O folk e o Diabo nos seus olhos

Até mesmo o som folk rock da banda britânica Mumford & Sons já flertou com a temática diabólica. Eles gravaram a canção ‘Devil in Your Eye’ (“Diabo em seu olho”) em 2019, especialmente para um projeto grandioso. A música foi incluída na trilha sonora inspirada em uma das séries de maior sucesso da história da televisão.
A faixa faz parte do álbum ‘For the Throne: Music Inspired by the HBO Series Game of Thrones’. Com sua sonoridade característica, que mistura banjo, violão e vocais emocionantes, a banda criou uma música que se encaixa perfeitamente no universo sombrio e cheio de traições de Westeros. A letra fala sobre enxergar o mal e a falsidade nos olhos de outra pessoa.
A participação nesse projeto mostrou a versatilidade e o prestígio da banda no cenário musical. Eles conseguiram traduzir a atmosfera da série em uma canção poderosa e melancólica. É a prova de que o folk também pode ser um excelente veículo para explorar os cantos mais escuros da alma humana.
Bob Dylan: A gravação rara e o Diabo falante

O mestre da composição, Bob Dylan, também tem uma conversa registrada com o Diabo em sua vasta discografia. A faixa ‘Talkin’ Devil’ apareceu no álbum ‘New York Sessions 1962’, que foi lançado oficialmente apenas em 2013. A gravação original, no entanto, é muito mais antiga e cheia de mistério.
A canção foi registrada em 19 de janeiro de 1963, durante um período em que Dylan estava explorando diferentes facetas artísticas. Curiosamente, ele gravou a música usando o pseudônimo de Blind Boy Grunt. Nela, Dylan narra um diálogo com o próprio Diabo, em seu estilo folk de contar histórias.
Essa gravação é uma verdadeira pérola para os fãs, revelando um lado mais experimental e descontraído do artista no início de sua carreira. Mostra que, desde cedo, Dylan não tinha medo de abordar temas complexos e controversos. Mesmo sob um nome falso, sua genialidade como contador de histórias já era inconfundível.
The Rolling Stones: A famosa simpatia pelo Diabo

Talvez nenhuma outra canção tenha abordado a figura do Diabo de forma tão icônica quanto ‘Sympathy for the Devil’. O álbum ‘Beggars Banquet’, dos Rolling Stones, lançado em dezembro de 1968, abre de forma magistral com essa faixa. O título, que significa “Simpatia pelo Diabo”, já era uma provocação por si só.
Na música, Mick Jagger assume a persona de Lúcifer e narra, em primeira pessoa, sua participação em diversos momentos sombrios da história da humanidade. É uma letra genial, que nos força a refletir sobre a natureza do mal e quem são os verdadeiros responsáveis pelas atrocidades. A canção se tornou um dos maiores hinos da banda e do rock em geral.
Com sua percussão contagiante e o piano marcante, a música é ao mesmo tempo uma festa e uma aula de história. Os Rolling Stones criaram uma obra-prima que continua a gerar debates e a fascinar o público. É a prova definitiva de que ter um pouco de simpatia pelo Diabo pode render uma música inesquecível.
Pink Floyd: A psicodelia e o gato de Lúcifer

O Pink Floyd, em sua fase inicial e psicodélica, também fez uma referência direta a Lúcifer, mas de uma forma bem peculiar. A canção ‘Lucifer Sam’ faz parte de ‘The Piper at the Gates of Dawn’, o álbum de estreia da banda inglesa. Lançado em agosto de 1968, o disco foi fortemente influenciado pela mente criativa de Syd Barrett.
A letra da música é misteriosa e muitos acreditam que ela se refere ao gato de estimação de Syd Barrett. O felino é descrito de forma enigmática, como se fosse um agente secreto ou uma criatura sobrenatural. O nome “Lúcifer Sam” dá um toque sombrio e divertido à canção.
Com um riff de guitarra marcante e uma atmosfera psicodélica, a música é um retrato perfeito daquela época. Ela mostra um lado mais lúdico e menos sombrio de se referir ao “príncipe das trevas”. É um exemplo da genialidade de Barrett em criar mundos fantásticos a partir de elementos do cotidiano.
George Harrison: A fofoca como a rádio do Diabo

O ex-Beatle George Harrison encontrou uma maneira muito inteligente de falar sobre o mal sem mencionar demônios diretamente. Em seu álbum ‘Cloud Nine’, de 1987, ele abre o lado B com a música ‘Devil’s Radio’. Este foi o último disco de estúdio que Harrison lançou em vida, tornando a faixa ainda mais significativa.
A “rádio do diabo”, na visão de Harrison, é a fofoca e a disseminação de informações falsas. Lançada como um single promocional, a canção fez bastante sucesso, alcançando o 4º lugar na parada Billboard Album Rock Tracks. A letra é um recado direto contra a maledicência e como ela pode destruir reputações.
Com uma sonoridade pop-rock característica dos anos 80, a música é cativante e sua mensagem é atemporal. Harrison, sempre com sua visão espiritualizada, nos alerta sobre o poder destrutivo das palavras. É uma forma genial de dizer que, muitas vezes, o Diabo está nos detalhes, ou melhor, nas fofocas que ouvimos e passamos adiante.
Van Halen: Correndo com o Diabo sem olhar para trás

‘Runnin’ with the Devil’ é mais do que uma música; é uma declaração de princípios do hard rock. Extraída do álbum de estreia homônimo da banda, de 1978, a canção é uma das mais conhecidas do Van Halen. Ela captura perfeitamente a energia, a atitude e a rebeldia do grupo.
A música fala sobre viver uma vida simples e livre, sem se prender a nada nem a ninguém. A frase “correndo com o diabo” é uma metáfora para essa vida na estrada, sem regras e sem destino certo. É um hino à liberdade individual, embalado pelos riffs revolucionários de Eddie Van Halen.
Desde os primeiros acordes, a música se tornou um clássico instantâneo e um pilar do rock de arena. Ela apresentou ao mundo uma banda que mudaria a história da guitarra e do rock. Correr com o Diabo, para o Van Halen, era sinônimo de viver a vida em seus próprios termos.
Morrissey: Tão polêmico que nem Satanás o quis

O ex-vocalista do The Smiths, Morrissey, sempre foi conhecido por suas letras inteligentes e seu humor ácido. Em seu sexto álbum de estúdio, ‘Maladjusted’, lançado em agosto de 1997, ele levou essa fama a outro nível. O terceiro single do disco foi a canção ‘Satan Rejected My Soul’, que significa “Satã rejeitou minha alma”.
Na música, Morrissey brinca com a ideia de ser tão problemático e indesejável que nem mesmo o inferno o aceitaria. É uma autoironia genial, que dialoga com a imagem de figura controversa que ele cultivou ao longo da carreira. A canção é um exemplo perfeito de seu estilo único de composição.
A faixa mostra que é possível abordar temas sombrios com inteligência e um toque de comédia. Morrissey não precisou de riffs pesados para falar com o Diabo; ele usou sua arma mais poderosa: a ironia. A música é um clássico cult para os fãs e uma prova de sua genialidade lírica.
Cliff Richard: A mulher diabólica e sua maldição

O cantor britânico Cliff Richard também teve seus problemas com uma figura feminina enigmática e perigosa. Em seu single de 1976, ‘Devil Woman’, ele descreve o envolvimento com uma mulher mística que ele acredita ser “amaldiçoada”. A canção foi retirada do álbum ‘I’m Almost Famous’.
A letra narra o encontro com essa mulher que tem olhos de gato e o atrai com seus encantos. Ele se sente enfeitiçado e alerta os outros para fugirem dela, pois ela só traz o mal. A música tem uma pegada de rock com um refrão forte que a tornou um grande sucesso internacional.
A canção marcou um renascimento na carreira de Richard, especialmente nos Estados Unidos. ‘Devil Woman’ mostrou um lado mais roqueiro e ousado do cantor, que era mais conhecido por suas baladas. É a prova de que a figura da “mulher fatal” como um demônio sedutor é um tema poderoso e universal na música.
Cab Calloway: O clássico dilema entre o Diabo e o mar

A expressão “estar entre o diabo e o profundo mar azul” se refere a um dilema sem saída, e ela foi popularizada por uma canção. O cantor e líder de banda Cab Calloway foi o primeiro a gravar ‘Between the Devil and the Deep Blue Sea’, em 1931. A música se tornou um padrão do jazz e um clássico atemporal.
A canção se tornou tão icônica que foi regravada por uma infinidade de outros artistas lendários. Nomes como Ella Fitzgerald, Thelonious Monk e Diana Krall deram suas próprias interpretações à faixa. Até mesmo George Harrison gravou uma versão, que apareceu em seu último álbum, o póstumo ‘Brainwashed’.
Isso mostra como uma boa melodia e uma letra inteligente podem atravessar gerações e gêneros musicais. A música captura perfeitamente o sentimento de estar preso em uma situação difícil. É um legado que prova que o Diabo está presente na música há muito mais tempo do que imaginamos.
Beck: O corte de cabelo do Diabo e a vanguarda pop

O músico americano Beck é conhecido por sua mistura de gêneros e suas letras surrealistas, e claro que o Diabo faria uma aparição. Lançada como o segundo single do álbum ‘Odelay’, de 1996, ‘Devils Haircut’ foi um grande sucesso. A música foi descrita pela crítica como um dos “destaques inequívocos” do disco.
Com um riff de guitarra contagiante e uma batida de hip-hop, a canção é um exemplo perfeito do estilo inovador de Beck. A letra é enigmática, cheia de imagens desconexas que falam sobre vaidade, desapego e uma sensação de estranhamento. O “corte de cabelo do diabo” parece ser uma metáfora para uma identidade falsa ou uma má influência.
A música ajudou a consolidar Beck como um dos artistas mais importantes e criativos dos anos 90. ‘Odelay’ ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa, e ‘Devils Haircut’ é uma de suas faixas mais lembradas. É a prova de que o Diabo, na mente de Beck, tem um estilo bem peculiar.
Neil Sedaka: O pequeno demônio que quebrou corações

No início dos anos 60, até o pop mais ingênuo usava a figura do Diabo para falar de amores complicados. O cantor Neil Sedaka lançou o single ‘Little Devil’ em 1961, e a música rapidamente se tornou um sucesso. A faixa foi extraída de seu álbum ‘Neil Sedaka Sings Little Devil and His Other Hits’.
A canção foi um verdadeiro hit, alcançando a 11ª posição na parada da Billboard. Na letra, Sedaka descreve uma garota que parece um anjo, mas que na verdade é um “pequeno demônio” que adora quebrar corações. É uma abordagem leve e divertida do tema, característica do pop daquela época.
A música mostra como a metáfora do “diabinho” ou “diabinha” para descrever alguém travesso e sedutor já era popular. Neil Sedaka transformou essa ideia em um hit contagiante que marcou sua carreira. É a prova de que o Diabo pode aparecer na música de formas muito diferentes, até mesmo de um jeito fofo.
Stereophonics: O rock galês e o Diabo sem rodeios

A banda de rock alternativo Stereophonics, vinda do País de Gales, não usou metáforas para sua canção sobre o tema. O terceiro single de seu quinto álbum de estúdio era simplesmente intitulado ‘Devil’. O disco, ‘Language. Sex. Violence. Other?’, foi lançado em 2005 e muito bem recebido pela crítica.
A música é um rock direto e enérgico, com a voz rasgada de Kelly Jones liderando a faixa. A letra fala sobre a presença constante do mal e da tentação no mundo. É uma canção que vai direto ao ponto, sem rodeios, característica do estilo da banda.
O álbum marcou um retorno da banda a um som mais cru e roqueiro, e ‘Devil’ é um dos melhores exemplos disso. A canção se tornou uma das favoritas dos fãs nos shows ao vivo. É a prova de que, às vezes, a abordagem mais simples e direta é a mais poderosa.
Grateful Dead: Quando o Diabo se torna seu amigo

A lendária banda Grateful Dead deu um passo além e transformou o Diabo em um companheiro de jornada. A canção ‘Friend of the Devil’ é a segunda faixa do aclamado álbum ‘American Beauty’, de 1970. A música foi escrita por Jerry Garcia, John Dawson e o letrista Robert Hunter.
A letra conta a história de um fora da lei que está fugindo e, em sua jornada, acaba fazendo amizade com o Diabo. É uma narrativa folk clássica, com um toque psicodélico característico da banda. A música se tornou uma das mais amadas e regravadas do repertório do Grateful Dead.
Com sua melodia acústica e cativante, a canção explora temas de fuga, solidão e alianças inesperadas. Ela mostra uma visão menos aterrorizante do Diabo, quase como um parceiro de crime. É uma abordagem única que só uma banda como o Grateful Dead poderia criar.
Fleetwood Mac: O cão do inferno e a ganância

A canção ‘The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)’ do Fleetwood Mac tem uma das histórias mais sombrias e pessoais por trás de sua letra. O vocalista e fundador da banda, Peter Green, explicou que a música era sobre um cão infernal. Ele descreveu um cachorro morto que latia para ele do além, representando a ganância por dinheiro.
Green estava passando por um período de grave deterioração de sua saúde mental, sendo posteriormente diagnosticado com esquizofrenia. A música foi um grito de socorro contra as pressões da fama e da indústria musical. Ele se tornou famoso por recusar os royalties da banda, mesmo muito tempo depois de ter deixado o grupo.
A canção é um blues-rock pesado e assustador, que captura o tormento de seu autor. O “Green Manalishi” era, para ele, o próprio Diabo disfarçado de dinheiro. É uma obra poderosa e um lembrete trágico dos perigos que a fama pode trazer.
Mötley Crüe: Gritando com o Diabo no auge do glam metal

A banda de heavy metal Mötley Crüe levou a provocação a sério e lançou um álbum inteiro com um título desafiador. ‘Shout at the Devil’ foi lançado em setembro de 1983 e se tornou um marco na carreira do grupo. A faixa-título, retirada do disco inovador de mesmo nome, era um convite para “gritar com o Diabo”.
Apesar da controvérsia gerada pelo título e pela capa com um pentagrama, a banda afirmava que a música era sobre desafiar o mal. A sonoridade pesada e a atitude rebelde fizeram do álbum um sucesso estrondoso. A banda embarcou em uma grande turnê para promover o disco, consolidando sua imagem de “bad boys” do rock.
‘Shout at the Devil’ se tornou um hino do glam metal e um dos maiores clássicos da banda. A música é a personificação da energia e da estética dos anos 80. Gritar com o Diabo, no estilo Mötley Crüe, era sinônimo de festa, excessos e muito rock and roll.
Xô Satanás: A música brasileira que virou um hino de Carnaval

Quem não se lembra do refrão “Xô Satanás”, que tomou conta do Brasil e virou um verdadeiro hino de Carnaval? A música do grupo baiano Asa de Águia, lançada em 1996, era na verdade uma sátira genial às igrejas que praticavam exorcismo. A informação, na época, foi destacada pela Folha de S.Paulo, que explicou a origem do hit.
A ideia surgiu quando os fãs começaram a chamar Durval Lélys, o carismático líder da banda, de “pastor do axé” por sua capacidade de atrair multidões. Abraçando a brincadeira, o vocalista escreveu a canção para criar a figura de “Dom Duriel, o pastor do axé”. O sucesso foi tão avassalador que o álbum ‘A Lenda’, lançado em novembro de 1995, foi retirado das lojas para que a nova faixa pudesse ser incluída.
O fenômeno foi instantâneo, impulsionado por uma letra minimalista, divertida e incrivelmente fácil de decorar. Versos como “Eu era um bêbado / E vivia drogado / Hoje estou curado / Encontrei Jesus” eram cantados em coro por todo o país. A simplicidade e o refrão “Xô Satanás” grudaram na mente do público e se tornaram um marco cultural dos anos 90.
Prefab Sprout: A teoria de que o Diabo tem as melhores músicas

A banda inglesa Prefab Sprout lançou uma música que brinca com um ditado popular muito conhecido no mundo da música. ‘The Devil Has All the Best Tunes’, que significa “O diabo tem todas as melhores músicas”, foi o segundo single lançado pelo grupo. A canção marcou também a estreia da backing vocal e guitarrista Wendy Smith.
Lançada em 1983, a música alcançou um sucesso moderado, mas se tornou um clássico cult entre os fãs. A letra explora a ideia de que a música “certinha” e comportada muitas vezes é chata, enquanto as canções mais ousadas e “pecaminosas” são as mais divertidas. É uma reflexão inteligente e irônica sobre moralidade na arte.
Com sua sonoridade sofisticada e pop, característica do Prefab Sprout, a canção é um contraponto interessante às abordagens mais pesadas do tema. Ela nos deixa com uma pulga atrás da orelha e uma pergunta no ar. Será que, no final das contas, o Diabo realmente tem a melhor playlist?