Os últimos dias do cientista envolvido no programa secreto da CIA

Os últimos dias do cientista envolvido no programa secreto da CIA

Frank Olson, cientista da CIA, morreu em 1953 em circunstâncias misteriosas após ser drogado com LSD no controverso projeto MKUltra.

O caso de Frank Olson, cientista americano especializado em armas biológicas, permanece um dos episódios mais enigmáticos da história da CIA. Durante um retiro em Maryland, Olson foi secretamente drogado com LSD, como parte de experimentos do projeto MKUltra, que buscava desenvolver técnicas de controle mental. Nove dias depois, ele caiu do 13º andar de um hotel em Nova York, e sua morte foi oficialmente registrada como suicídio.

No entanto, as circunstâncias que cercam a morte de Olson levantaram suspeitas ao longo das décadas. Relatos indicam que ele demonstrou sinais de paranoia e instabilidade emocional após ser exposto à droga. Além disso, investigações posteriores sugeriram que ele poderia ter sido assassinado devido ao seu desconforto com os experimentos secretos nos quais estava envolvido.

O programa MKUltra, conduzido pela CIA entre 1953 e 1964, utilizava métodos não consensuais para manipular o comportamento humano. A revelação desses experimentos chocou o público quando documentos foram desclassificados anos depois, expondo práticas antiéticas realizadas sob o pretexto de segurança nacional.

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Os eventos que antecederam a tragédia

Em novembro de 1953, Olson participou de um retiro organizado pela CIA no Lago Deep Creek, Maryland. Durante uma reunião informal, ele e outros participantes ingeriram LSD sem consentimento, misturado em suas bebidas. Após o evento, Olson apresentou mudanças comportamentais drásticas, incluindo ansiedade extrema e desconfiança de seus colegas.

Testemunhos indicam que Olson começou a se isolar e demonstrar comportamento errático. Ele teria descartado seus documentos pessoais e dinheiro, temendo ser observado ou manipulado. Seu superior imediato, Vincent Ruwet, relatou que Olson parecia precisar de atenção psiquiátrica urgente.

A decisão foi tomada para levá-lo a uma clínica especializada em Nova York. No entanto, antes que pudesse receber tratamento adequado, Olson morreu ao cair da janela do Hotel Statler. A versão oficial apontava suicídio, mas evidências posteriores contradiziam essa narrativa.

Os últimos dias do cientista envolvido no programa secreto da CIA
A misteriosa morte de Frank Olson ocorreu em meio ao controverso projeto MKUltra da CIA (Imagem: Reprodução/Divulgação).

Reinvestigações e novas descobertas

Anos após o incidente, a família de Olson começou a questionar a versão oficial dos fatos. Em 1994, seu corpo foi exumado para uma nova análise forense. O patologista responsável concluiu que as lesões na cabeça eram consistentes com um homicídio antes da queda.

A investigação revelou ainda mais detalhes perturbadores sobre o MKUltra. O projeto envolvia experimentos com drogas alucinógenas e técnicas psicológicas extremas para manipular indivíduos. Esses métodos eram aplicados sem o consentimento das vítimas, violando princípios éticos fundamentais.

A família acredita que Olson foi considerado um “risco à segurança” por estar desconfortável com os experimentos secretos e as implicações morais do trabalho realizado pela CIA. Essa teoria é corroborada por documentos desclassificados que indicam sua insatisfação crescente antes da morte.

O legado sombrio do MKUltra

O programa MKUltra deixou um legado controverso na história da inteligência americana. Documentos desclassificados revelaram a extensão dos abusos cometidos sob o pretexto de pesquisa científica. Além de Olson, inúmeras outras vítimas sofreram danos físicos e psicológicos permanentes devido aos experimentos não consensuais.

A CIA admitiu publicamente a existência do MKUltra apenas na década de 1970, após investigações conduzidas pelo Congresso dos Estados Unidos. Apesar disso, muitos detalhes permanecem obscuros devido à destruição deliberada de registros relacionados ao programa.

A história de Frank Olson continua sendo um lembrete perturbador dos limites éticos ultrapassados em nome da segurança nacional. Sua morte simboliza os perigos das operações secretas descontroladas e a necessidade de maior transparência nas ações governamentais.

Fonte: Aventuras na História.