Shakespeare: O dramaturgo que pode nunca ter existido
Teorias intrigantes questionam se William Shakespeare foi realmente o autor das obras atribuídas a ele, desafiando séculos de história literária.
William Shakespeare é amplamente reconhecido como um dos maiores dramaturgos e poetas da história. Obras como “Romeu e Julieta”, “Hamlet” e “Macbeth” são consideradas pilares da literatura ocidental. No entanto, há quem questione se o homem de Stratford-upon-Avon foi realmente o autor dessas peças. Essa polêmica, conhecida como a questão da autoria de Shakespeare, tem gerado debates acalorados há mais de dois séculos.
Os céticos, chamados de anti-Stratfordianos, argumentam que as origens humildes de Shakespeare, sua educação limitada e a ausência de manuscritos autênticos levantam dúvidas sobre sua capacidade de criar obras tão complexas. Eles sugerem que o nome “Shakespeare” pode ter sido um pseudônimo usado por autores mais instruídos ou até mesmo por um grupo colaborativo.
Entre os candidatos mais populares para a autoria das obras estão figuras como Francis Bacon, filósofo e político; Christopher Marlowe, dramaturgo contemporâneo; e Edward de Vere, 17º Conde de Oxford. Cada um deles possui características que, segundo os defensores dessas teorias, se alinham melhor com o conteúdo das peças atribuídas ao Bardo.
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A falta de registros históricos sobre Shakespeare
Um dos principais argumentos dos críticos é a escassez de documentos confiáveis sobre a vida pessoal e profissional de Shakespeare. Embora existam registros legais e referências contemporâneas ao nome “William Shakespeare”, não há evidências concretas que conectem diretamente o homem de Stratford às obras literárias. Por exemplo, seu testamento não menciona livros ou manuscritos, algo incomum para um escritor prolífico.
Além disso, nenhum manuscrito original das peças foi encontrado, o que impede a análise da caligrafia do autor. Essa lacuna documental alimenta especulações sobre a verdadeira identidade do criador dessas obras-primas. Para os anti-Stratfordianos, isso sugere que Shakespeare pode ter sido apenas uma fachada para proteger os verdadeiros autores.
Ainda mais intrigante é o período conhecido como os “anos perdidos” (1585-1592), durante o qual não há registros sobre as atividades de Shakespeare. Esse intervalo misterioso tem sido usado para sustentar teorias conspiratórias, incluindo a possibilidade de que ele tenha atuado apenas como intermediário para autores anônimos.
Candidatos alternativos à autoria das obras
Diversos nomes têm sido propostos como os verdadeiros autores das peças atribuídas a Shakespeare. Entre eles, destaca-se Edward de Vere, cujo título aristocrático e educação avançada parecem compatíveis com as referências culturais e políticas presentes nas obras. Defensores dessa teoria apontam semelhanças entre eventos da vida de De Vere e elementos das peças.
Christopher Marlowe, outro candidato popular, era conhecido por sua habilidade literária e por seu envolvimento com temas controversos. Alguns teóricos acreditam que Marlowe fingiu sua morte em 1593 para continuar escrevendo sob o nome de Shakespeare. Já Francis Bacon, famoso por suas contribuições à filosofia e ciência, é considerado uma opção plausível devido ao estilo sofisticado e ao conhecimento enciclopédico demonstrados nas peças.
No entanto, críticos dessas teorias argumentam que elas carecem de evidências sólidas. A maioria dos estudiosos acredita que as referências contemporâneas ao nome Shakespeare como autor são suficientes para validar sua autoria. Além disso, muitos apontam que outros dramaturgos da época também vieram de origens humildes e alcançaram grande sucesso literário.
A persistência do debate na modernidade
A questão da autoria de Shakespeare permanece viva graças à combinação de mistério histórico e fascínio público. Personalidades como Sigmund Freud e Mark Twain já expressaram ceticismo sobre a autoria tradicional, enquanto acadêmicos continuam defendendo a autenticidade do legado do Bardo com base em evidências documentais.
A controvérsia também reflete preconceitos sociais e intelectuais: muitos críticos duvidam que um homem sem educação formal avançada pudesse criar obras tão complexas. No entanto, defensores da autoria tradicional argumentam que Shakespeare poderia ter adquirido conhecimento por meio da observação e pesquisa autodidata.
Independentemente da verdadeira identidade do autor, as obras atribuídas a William Shakespeare continuam sendo celebradas por sua profundidade psicológica, riqueza linguística e impacto cultural duradouro. O debate sobre sua autoria apenas reforça o poder dessas peças em capturar a imaginação humana.
Fonte: Mega Curioso.