Nova teoria sugere que Stonehenge foi construído para unificar a Grã-Bretanha Neolítica, mas acabou fracassando em seu objetivo político e cultural.

Um grupo de pesquisadores acredita ter solucionado o mistério por trás do famoso monumento de Stonehenge, localizado no sul da Inglaterra. Segundo a nova teoria, o local teria sido erguido como parte de um esforço para proteger a identidade cultural da Grã-Bretanha Neolítica durante um período de intensa imigração vinda da Europa continental. A construção, composta por pedras gigantescas transportadas de regiões distantes, simbolizaria uma tentativa de unificação nacional, embora tenha falhado em alcançar esse objetivo.

Uma das descobertas mais recentes aponta que a Altar Stone, uma pedra horizontal de seis toneladas presente no monumento, foi originalmente extraída do norte da Escócia, a cerca de 700 quilômetros de distância. Essa informação complementa o que já se sabia sobre as outras pedras do monumento: as “bluestones” vieram das colinas Preseli, no País de Gales, enquanto as maiores pedras, chamadas sarsens, foram extraídas a apenas 24 quilômetros do local.

O uso de materiais provenientes de locais tão distantes torna Stonehenge único entre os mais de 900 círculos de pedras da Grã-Bretanha. Isso sugere que sua construção pode ter tido um propósito político além do religioso, celebrando os laços ancestrais e cósmicos dos povos britânicos.

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A Altar Stone e sua ligação com o norte da Escócia

A pesquisa revela que a Altar Stone, possivelmente trazida como uma contribuição ou presente pelos povos neolíticos do norte da Escócia, reflete uma colaboração extraordinária entre comunidades distantes. Essa pedra horizontal apresenta semelhanças com os círculos de pedras recumbentes encontrados exclusivamente no norte escocês, tanto em tamanho quanto em orientação.

Além disso, as habitações encontradas na vila neolítica próxima a Stonehenge, onde viveram os trabalhadores que ergueram o monumento, possuem layouts similares às moradias antigas das ilhas Orkney, no norte da Escócia. Essas similaridades reforçam a ideia de uma conexão cultural entre o sul da Inglaterra e o norte escocês durante esse período.

Os pesquisadores acreditam que a incorporação dessa pedra ao monumento ocorreu na segunda fase de sua construção, coincidindo com um momento histórico marcado por mudanças populacionais significativas. Imigrantes com ascendência das estepes chegaram à Grã-Bretanha vindos da Europa continental, alterando profundamente a herança genética e cultural da sociedade neolítica insular.

Tentativa de unificação política e seu fracasso

A análise dos pesquisadores indica que a construção de Stonehenge foi uma resposta a uma crise de legitimidade causada pelo influxo desses novos povos. Acredita-se que os construtores tentaram estabelecer uma identidade compartilhada entre as comunidades britânicas ao reunir pedras extraordinárias e simbólicas vindas de regiões distantes.

No entanto, essa tentativa ambiciosa não obteve êxito. Apesar dos esforços para consolidar politicamente as comunidades locais e preservar sua identidade cultural, os povos indígenas britânicos acabaram sendo substituídos pela cultura derivada das estepes antes mesmo da conclusão do monumento.

Como resultado, os pesquisadores descrevem Stonehenge como um projeto monumental que falhou em seu propósito original. Ainda assim, ele permanece como um testemunho impressionante das habilidades organizacionais e culturais dos povos neolíticos da época.

Um legado histórico e cultural único

Diferentemente de outros monumentos pré-históricos na Grã-Bretanha e na Europa, cujas pedras geralmente eram transportadas por distâncias médias de apenas sete quilômetros, Stonehenge se destaca pela complexidade logística envolvida em sua construção. Essa característica reforça sua importância como símbolo cultural e político na história britânica.

A disposição das pedras maiores do monumento também reflete influências arquitetônicas vindas do norte escocês. Por exemplo, os círculos recumbentes dessa região apresentam alturas graduais semelhantes às observadas nos sarsens de Stonehenge.

Ainda que seu propósito inicial tenha sido frustrado pelas mudanças sociais e culturais subsequentes, Stonehenge continua sendo um marco icônico que desperta fascínio e curiosidade sobre as civilizações antigas e suas conexões com o passado remoto.

Fonte: IFLScience.