Pablo Neruda foi morto por envenenamento, revela estudo forense
Nova análise confirma que o poeta chileno não morreu de câncer, mas foi vítima de uma toxina introduzida em seu corpo em 1973.
Um estudo forense recente revelou que Pablo Neruda, um dos maiores poetas do século XX, foi envenenado, contrariando a versão oficial de que teria falecido devido a um câncer de próstata. A descoberta reacende debates sobre o papel da ditadura de Augusto Pinochet em sua morte, ocorrida apenas 12 dias após o golpe militar no Chile. A toxina encontrada em seus restos mortais aponta para uma intervenção deliberada.
O caso de Neruda sempre foi envolto em mistério. Embora o atestado de óbito apontasse complicações do câncer como causa da morte, suspeitas de envenenamento surgiram ainda na década de 1970. O antigo motorista do poeta, Manuel Araya, sustentava que ele recebeu uma injeção suspeita no abdômen enquanto estava internado em uma clínica em Santiago.
Agora, com novas evidências científicas, a narrativa oficial é contestada. A presença da bactéria Clostridium botulinum, responsável pelo botulismo, nos restos mortais do poeta reforça a hipótese de assassinato político. Especialistas afirmam que a substância não poderia ter contaminado o corpo naturalmente.
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A ditadura de Pinochet e as suspeitas sobre a morte
A morte de Pablo Neruda ocorreu em um momento crítico da história chilena. O golpe militar liderado por Augusto Pinochet derrubou o governo democrático de Salvador Allende e instaurou um regime marcado por repressão e violência. Como membro do Partido Comunista e aliado próximo de Allende, Neruda era visto como uma ameaça ao novo regime.
De acordo com familiares e historiadores, Neruda planejava se exilar no México para liderar uma oposição ao governo militar. Sua partida iminente teria motivado agentes do regime a silenciá-lo permanentemente. A injeção suspeita relatada por Manuel Araya seria o meio utilizado para impedir sua fuga.
A ditadura chilena foi responsável por mais de 3.000 mortes e desaparecimentos forçados, além de milhares de casos de tortura. Nesse contexto, a morte de Neruda se tornou um símbolo das atrocidades cometidas pelo regime e da luta pela verdade histórica.
As evidências científicas e o papel da toxina
Os avanços nas investigações foram possíveis graças à exumação dos restos mortais do poeta em 2013. Desde então, equipes internacionais têm analisado amostras para determinar as causas reais da morte. Em 2017, cientistas identificaram traços da bactéria Clostridium botulinum, mas apenas recentemente confirmaram que ela estava presente no corpo antes do óbito.
A bactéria é conhecida por produzir uma das toxinas mais letais existentes, usada em casos históricos de envenenamento deliberado. Segundo os especialistas, a substância encontrada nos ossos de Neruda não poderia ter se originado no ambiente ao redor do caixão, descartando contaminação pós-morte.
Ainda assim, questões permanecem sem resposta: quem introduziu a toxina no corpo do poeta? E sob quais circunstâncias isso ocorreu? Para os familiares e apoiadores da investigação, as evidências apontam diretamente para agentes ligados ao regime militar chileno.
O impacto histórico e cultural das revelações
A confirmação do envenenamento de Pablo Neruda não é apenas um marco na busca por justiça histórica; ela também reabre feridas profundas na sociedade chilena. O legado do poeta transcende sua obra literária: ele foi uma voz ativa contra as injustiças sociais e um símbolo da resistência política na América Latina.
Neruda recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1971 e deixou um vasto legado poético que continua a inspirar gerações. Obras como “Canto Geral” e “Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada” são celebradas mundialmente por sua profundidade emocional e engajamento político.
A revelação sobre sua morte reforça a necessidade de revisitar os crimes cometidos durante regimes autoritários na América Latina. Para muitos, ela simboliza a importância da memória histórica como ferramenta para evitar que atrocidades semelhantes se repitam no futuro.
Fonte: Aventuras na História.