Mergulhadores encontram chaminés com líquido brilhante no Mar Morto
Estruturas salinas no fundo do Mar Morto podem prever riscos geológicos e intrigam cientistas com sua formação única.
Recentemente, uma equipe de mergulhadores descobriu impressionantes chaminés submersas no fundo do Mar Morto, que expelem um líquido cintilante. Essas estruturas, formadas por sal e apelidadas de “fumarolas brancas”, chegam a medir até sete metros de altura e possuem diâmetros de até três metros. A descoberta chamou atenção por sua possível utilidade na previsão de fenômenos geológicos perigosos, como dolinas, que são buracos submarinos potencialmente fatais.
O Mar Morto, conhecido por sua alta salinidade, está localizado entre a Jordânia, Israel e a Cisjordânia. Nos últimos 50 anos, o lago tem sofrido com a redução de seu nível devido à evaporação causada pelo calor e pela seca na região. Foi durante investigações sobre os recursos hídricos locais que essas estruturas foram encontradas, revelando um sistema único de interação entre água doce subterrânea e o ambiente salino do lago.
Os cientistas explicaram que as chaminés se formam quando águas subterrâneas, menos salgadas que o Mar Morto, penetram nas camadas de rocha salina do leito marinho. Esse processo dissolve parte do sal e cria uma salmoura concentrada que, por ser menos densa que a água do lago, sobe em forma de jato, gerando as colunas cristalinas.
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Formação das chaminés e suas características únicas
As chaminés descobertas no fundo do Mar Morto apresentam uma formação geológica fascinante. Elas crescem vários centímetros por dia devido à interação química entre a salmoura e a água do lago. Esse crescimento rápido é resultado da cristalização do sal no momento em que os líquidos se misturam, formando as colunas sólidas que emergem dos sedimentos.
Essas estruturas possuem uma composição mineralógica peculiar, sendo constituídas principalmente por halita, um tipo de rocha formada por cloreto de sódio. Além disso, as fumarolas contêm traços de radioisótopos e microrganismos provenientes dos aquíferos subterrâneos. Essa descoberta reforça a importância dessas formações para o estudo da dinâmica geológica e biológica da região.
A equipe responsável pela pesquisa também destacou as semelhanças dessas chaminés com fumarolas negras encontradas em dorsais oceânicas. No entanto, enquanto as fumarolas oceânicas emitem água quente rica em sulfetos, as chaminés do Mar Morto liberam uma salmoura fria e altamente concentrada em sais minerais.
Previsão de dolinas: Um avanço científico promissor
Uma das descobertas mais significativas relacionadas às chaminés é seu potencial para prever o surgimento de dolinas no Mar Morto. Essas crateras gigantescas, formadas pela dissolução de camadas subterrâneas de sal, representam um grande risco para a infraestrutura local e para a agricultura. Até agora, não existia um método confiável para identificar áreas propensas ao colapso geológico.
Os cientistas acreditam que a presença das chaminés pode ser usada como um indicador precoce dessas áreas de risco. Isso ocorre porque as colunas tendem a surgir em locais onde há maior probabilidade de formação de dolinas. Equipamentos como ecobatímetros multifeixe e sonares podem ser utilizados para mapear essas estruturas com precisão.
A implementação dessa tecnologia representaria um avanço significativo na mitigação dos impactos causados pelas dolinas. Além disso, o estudo das chaminés pode fornecer informações valiosas sobre os processos hidrológicos e geológicos que ocorrem no Mar Morto.
Impactos ambientais e perspectivas futuras
A descoberta das chaminés também levanta questões importantes sobre os impactos ambientais na região do Mar Morto. A redução contínua do nível do lago tem alterado significativamente os ecossistemas locais e intensificado problemas relacionados à disponibilidade de água potável nos países vizinhos.
A pesquisa sobre essas formações pode ajudar a compreender melhor as mudanças climáticas e seus efeitos na hidrologia regional. Além disso, o monitoramento das chaminés pode servir como base para estratégias de conservação ambiental e gestão sustentável dos recursos hídricos.
No futuro, os cientistas planejam expandir o mapeamento das chaminés em todo o fundo do Mar Morto. Essa iniciativa não apenas contribuirá para a segurança geológica da região, mas também abrirá novas possibilidades para o estudo da interação entre sistemas aquáticos subterrâneos e ambientes extremos.
Fonte: Revista Galileu.