Receita Federal amplia fiscalização do Pix sem criar novos tributos
Novas regras para o uso do Pix focam em monitoramento de transações acima de R$ 5 mil, sem impacto direto para os usuários.
A Receita Federal anunciou mudanças significativas no monitoramento de transações financeiras realizadas via Pix, estabelecendo novos limites para a fiscalização. A partir deste ano, transferências superiores a R$ 5 mil por mês para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas deverão ser reportadas automaticamente ao Fisco. Essa medida visa reforçar o combate à evasão fiscal e aumentar a transparência nas operações financeiras, mas não implica na criação de novos tributos.
O sistema utilizado para essa fiscalização será o e-Financeira, que consolida informações financeiras de diversas instituições. Esse mecanismo já era usado para monitorar cartões de crédito e agora foi ampliado para incluir transferências realizadas pelo Pix. Apesar das mudanças, a Receita Federal garante que os dados coletados respeitam o sigilo bancário e fiscal, sendo utilizados principalmente para evitar inconsistências na declaração do imposto de renda.
A adoção dessas novas regras reflete a crescente popularidade do Pix no Brasil, que se tornou o meio de pagamento mais utilizado pela população. Segundo dados recentes, cerca de 76,4% dos brasileiros utilizam o Pix regularmente, superando até mesmo o uso de dinheiro em espécie.
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Impactos das novas regras para pessoas físicas e jurídicas
Para os cidadãos comuns, as mudanças não devem alterar significativamente a rotina. Apenas transações que ultrapassem o limite mensal de R$ 5 mil serão monitoradas, incluindo transferências entre contas próprias ou para terceiros. O objetivo é identificar possíveis discrepâncias entre movimentações financeiras e rendimentos declarados ao Fisco.
No caso das empresas, as exigências são mais rigorosas. Transações que somem valores acima de R$ 15 mil mensais precisarão ser reportadas pelas instituições financeiras por meio do sistema eletrônico e-Financeira. Essa medida também se aplica a movimentações relacionadas à abertura e fechamento de contas, além de operações com previdência privada.
A Receita Federal esclarece que essas mudanças estão alinhadas aos compromissos internacionais do Brasil no âmbito do Padrão de Declaração Comum (CRS), reforçando a transparência global nas operações financeiras. Isso contribui para uma fiscalização mais eficiente sem invadir a privacidade dos contribuintes.
Por que as mudanças são necessárias?
A atualização das regras reflete a evolução tecnológica e o aumento das transações digitais no Brasil. Desde seu lançamento em 2020, o Pix revolucionou os pagamentos no país, incluindo milhões de brasileiros no sistema financeiro formal. Em setembro de 2024, o Pix registrou um recorde histórico com mais de 227 milhões de transações realizadas em um único dia.
A Receita Federal argumenta que o monitoramento mais amplo é essencial para combater fraudes e garantir o cumprimento das leis tributárias. Antes dessa mudança, apenas bancos tradicionais eram obrigados a reportar movimentações financeiras ao Fisco. Agora, bancos digitais e outras instituições também terão que seguir as mesmas diretrizes.
A nova abordagem também busca evitar problemas futuros na declaração do imposto de renda. Com os dados consolidados pelo sistema e-Financeira, será possível oferecer declarações pré-preenchidas mais precisas aos contribuintes, reduzindo erros e divergências.
O futuro do Pix: Novas funcionalidades em 2025
Além das mudanças nas regras fiscais, o Banco Central anunciou novidades para o Pix que prometem facilitar ainda mais a vida dos usuários. Uma dessas inovações é o Pix Automático, previsto para junho deste ano. Essa funcionalidade permitirá automatizar pagamentos recorrentes, como contas mensais, sem burocracia ou custos adicionais.
Outra funcionalidade aguardada é o Pix por aproximação, que estará disponível a partir de fevereiro. Semelhante à tecnologia usada em cartões contactless, essa opção permitirá realizar pagamentos apenas aproximando dispositivos compatíveis, como smartphones ou smartwatches.
Tais avanços reforçam o papel do Pix como uma ferramenta indispensável no dia a dia dos brasileiros. Combinando praticidade e segurança, ele continua a transformar as transações financeiras no país.
Fonte: O Globo.