Curiosão

A história dos líderes que tomaram o poder sem pedir licença

Muitos nomes que conhecemos dos livros de história não chegaram ao topo por aclamação popular, mas sim pela força.

Na história da humanidade, a transferência de poder nem sempre seguiu os caminhos tradicionais que conhecemos hoje. Enquanto alguns esperam por heranças de tronos ou pelo resultado das urnas, outros decidiram criar seus próprios atalhos. Esses indivíduos, movidos por ambição ou ideologia, simplesmente tomaram para si o lugar de comando.

Essa tática audaciosa é conhecida como golpe de estado, uma manobra que ignora completamente as regras estabelecidas. Ao longo dos séculos, inúmeras tentativas de rebelião fracassaram de forma espetacular. No entanto, muitas outras foram bem-sucedidas e acabaram reescrevendo o destino de nações inteiras.

De figuras icônicas como Napoleão Bonaparte a líderes contemporâneos, a lista de governantes que chegaram ao poder pela força é vasta e surpreendente. A jornada que veremos a seguir revela como a história pode ser moldada por um único ato de insubordinação. E sim, até mesmo um presidente brasileiro faz parte dessa narrativa complexa.

Abdel Fattah el-Sisi: Do exército à presidência do Egito

Abdel Fattah el-Sisi, presidente do Egito, em um evento oficial.
A transição do comando militar para o palácio presidencial marcou uma nova era no Egito. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Abdel Fattah el-Sisi é uma figura central na política egípcia moderna, ocupando a presidência desde 2014. Sua ascensão ao poder, no entanto, não aconteceu através de um processo eleitoral convencional. Ele foi um protagonista-chave em um dos momentos mais turbulentos da história recente do país.

Tudo começou em meio aos massivos protestos de junho de 2013, que expressavam a insatisfação popular com o então presidente Mohamed Morsi. Foi nesse cenário de caos e incerteza que el-Sisi, como chefe do exército, liderou um golpe militar que removeu Morsi do cargo. Essa ação foi apresentada como uma resposta direta ao clamor das ruas.

Após a deposição de Morsi, el-Sisi consolidou sua influência e, no ano seguinte, foi eleito o sexto presidente do Egito. Ele permanece no poder desde então, governando uma nação que ainda lida com as consequências daquela drástica mudança. Sua trajetória é um exemplo claro de como a força militar pode se transformar em poder político.

Jorge Rafael Videla: O rosto da ditadura argentina

O militar e ditador argentino Jorge Rafael Videla.
Videla personificou um dos períodos mais sombrios da história da Argentina. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A Argentina viveu um período sombrio sob o comando de Jorge Rafael Videla, um militar que se tornou ditador. Ele presidiu o país de 1976 a 1981, um tempo marcado por extrema repressão e violações dos direitos humanos. Sua chegada ao poder foi o resultado de uma ruptura violenta com a ordem democrática.

Videla ascendeu ao topo da nação através de um golpe de estado que derrubou a presidente Isabelita Perón. O país já vivia uma crise política e econômica, e os militares usaram essa instabilidade como justificativa para a intervenção. Assim, um governo eleito foi substituído por uma junta militar liderada por ele.

O regime de Videla ficou conhecido como “Processo de Reorganização Nacional”, mas na prática foi uma ditadura brutal. Milhares de opositores políticos foram perseguidos, torturados e desapareceram durante seu governo. Ele se tornou o símbolo de uma era de medo e autoritarismo que deixou cicatrizes profundas na sociedade argentina.

Napoleão Bonaparte: O general que se tornou imperador

Retrato de Napoleão Bonaparte como Imperador da França.
De general revolucionário a imperador, a ambição de Napoleão não conhecia limites. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Napoleão Bonaparte é talvez uma das figuras mais emblemáticas quando se fala em ascender ao poder pela própria astúcia e força militar. Ele emergiu como um líder brilhante durante a caótica Revolução Francesa, comandando campanhas vitoriosas nas Guerras Revolucionárias. Seu talento no campo de batalha rapidamente se transformou em capital político.

Sentindo a fraqueza do governo revolucionário, Napoleão planejou e executou um golpe de estado em 1799, que ficou conhecido como o Golpe de 18 de Brumário. Com essa manobra, ele se tornou o Primeiro Cônsul da República, efetivamente concentrando o poder em suas mãos. A França, exausta pela revolução, viu nele uma promessa de ordem e glória.

Sua ambição, contudo, não parou por aí, e em 1804 ele se coroou Imperador da França. Napoleão governou com mão de ferro e expandiu seu império por toda a Europa até sua derrota final em 1815. Sua história mostra como um gênio militar pode usar um golpe para redesenhar o mapa político de um continente inteiro.

Francisco Franco: O generalíssimo da Espanha

O general espanhol Francisco Franco em uniforme militar.
Franco governou a Espanha como ditador por quase quatro décadas, moldando o país à sua imagem. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Francisco Franco foi o general espanhol que mergulhou seu país em uma sangrenta Guerra Civil. Ele liderou as forças nacionalistas em uma rebelião contra a Segunda República Espanhola. Este conflito devastador foi o palco para sua tomada de poder.

A guerra foi longa e brutal, mas ao final, as forças de Franco saíram vitoriosas, derrubando o governo democraticamente eleito. Com a vitória militar assegurada, ele não restaurou a monarquia nem uma república, mas estabeleceu um novo regime. A Espanha se transformou sob seu comando.

Após a guerra, Franco governou o país como ditador de 1939 até sua morte em 1975. Seu regime, conhecido como Franquismo, foi autoritário, nacionalista e repressivo, isolando a Espanha do resto da Europa por décadas. Ele é um exemplo de como uma guerra civil pode ser usada como um trampolim para uma ditadura duradoura.

Eduardo III da Inglaterra: Um golpe no próprio lar

Ilustração do rei Eduardo III da Inglaterra.
Ainda adolescente, Eduardo III tomou as rédeas do poder em um audacioso golpe palaciano. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A história de Eduardo III parece tirada de uma série de intrigas palacianas, mas é totalmente real. Ele foi coroado rei da Inglaterra com apenas 14 anos, uma idade em que a maioria dos jovens está longe de pensar em governar. Sua coroação, no entanto, não foi um evento feliz, mas sim o resultado de uma traição familiar.

O jovem Eduardo ascendeu ao trono depois que seu próprio pai, o rei Eduardo II, foi deposto por sua mãe, a rainha Isabel da França, e o amante dela, Roger Mortimer. Por alguns anos, o verdadeiro poder não estava com o jovem rei, mas sim com Mortimer, que governava como regente de facto. O jovem rei era pouco mais que um fantoche.

Cansado de ser manipulado, aos 17 anos, Eduardo III liderou um golpe ousado e bem-sucedido contra Mortimer, mandando executá-lo. A partir daquele momento, ele iniciou seu reinado pessoal, que durou de 1327 a 1377, tornando-se um dos monarcas mais importantes da história inglesa. Ele provou que, às vezes, o primeiro passo para governar é tomar o poder que já é seu por direito.

Vladimir Lenin: O arquiteto da Revolução Russa

Vladimir Lenin discursando para uma multidão.
Lenin não apenas liderou um golpe, mas inaugurou um sistema político que mudaria o mundo. (Fonte da Imagem: Getty Images)

No coração da Revolução Russa, encontramos a figura implacável de Vladimir Lenin, o líder do Partido Bolchevique. A Rússia estava em convulsão, e o Governo Provisório que assumiu após a queda do Czar se mostrava fraco e ineficaz. Esse vácuo de poder foi a oportunidade que os revolucionários de esquerda esperavam.

Liderados por Lenin, os bolcheviques lançaram um golpe preciso e fulminante em outubro de 1917. Eles tomaram pontos estratégicos da capital e derrubaram o governo provisório, um evento que ficou conhecido como a Revolução de Outubro. Foi um movimento audacioso que mudou para sempre o curso da história russa e mundial.

Após o golpe, Lenin se tornou o primeiro chefe de governo da Rússia Soviética, de 1917 a 1924, e posteriormente da União Soviética. Seu governo estabeleceu o primeiro estado comunista do mundo, um legado que definiria a geopolítica do século XX. Ele não apenas tomou o poder, mas criou uma superpotência a partir do caos.

Augusto Pinochet: O general que traiu seu presidente

Augusto Pinochet, ditador do Chile, em traje militar.
Apoiado externamente, Pinochet liderou um dos golpes mais violentos da América do Sul. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Augusto Pinochet era um oficial militar de carreira que parecia leal ao sistema. Ele foi nomeado chefe do exército chileno pelo próprio presidente Salvador Allende, um voto de confiança que se provaria fatal. Nos bastidores, porém, uma conspiração já estava em andamento.

Na mesma época em que recebia sua promoção, Pinochet se juntou a um plano de golpe apoiado pela CIA, a agência de inteligência americana. O objetivo era derrubar o governo socialista de Allende, o mesmo homem que o havia promovido. A traição culminou no violento golpe de 11 de setembro de 1973, que resultou na morte de Allende e no bombardeio do palácio presidencial.

Após o sucesso do golpe, Pinochet assumiu o controle total do Chile, governando com mão de ferro de 1973 a 1990. Sua ditadura foi marcada por milhares de mortes, desaparecimentos e uma brutal repressão política. A história de Pinochet é um lembrete sombrio de como a lealdade pode ser rapidamente trocada pela ambição ao poder.

Yoweri Museveni: O rebelde que se tornou presidente

Yoweri Museveni, atual presidente de Uganda.
Após anos de luta e rebelião, Museveni finalmente alcançou o poder máximo em Uganda. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Yoweri Museveni, o nono e atual presidente de Uganda, tem uma longa história de envolvimento com a política pela via da força. Sua jornada até o poder não foi um caminho tranquilo, mas sim uma série de conflitos e rebeliões. Ele não chegou ao poder derrubando apenas um governo, mas dois.

Antes de se tornar presidente, Museveni foi uma figura central nas rebeliões que derrubaram dois dos líderes mais notórios de Uganda. Primeiro, ele participou da luta que removeu o brutal ditador Idi Amin do poder. Depois, ele esteve envolvido na derrubada de Milton Obote, mostrando sua persistência na arena política e militar.

Finalmente, após anos liderando movimentos de guerrilha, ele mesmo chegou ao poder em 1986. Desde então, governa Uganda, uma trajetória que o levou de rebelde a chefe de estado. Sua história demonstra como a participação em golpes contra outros pode, eventualmente, pavimentar o caminho para o próprio poder.

Fulgencio Batista: O sargento que virou ditador

Fulgencio Batista, ex-presidente e ditador de Cuba.
Batista tomou o poder duas vezes, mas sua segunda vez como ditador terminaria com uma revolução. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A história de Fulgencio Batista em Cuba é uma de duas faces, mostrando como o poder pode ser obtido de maneiras diferentes. Ele foi presidente eleito de Cuba de 1940 a 1944, cumprindo um mandato democrático. No entanto, sua segunda vez no poder seria bem diferente.

Sua primeira chegada ao poder ocorreu como parte da “Revolta dos Sargentos” de 1933, um golpe que derrubou o governo provisório da época. Anos depois, em 1952, ele liderou outro golpe, desta vez tornando-se um ditador militar com forte apoio dos Estados Unidos. Esse segundo governo foi marcado pela corrupção e pela repressão.

O regime autoritário de Batista acabou gerando a oposição que o derrubaria: a Revolução Cubana. Liderada por Fidel Castro, a revolução o forçou a fugir do país em 1959. A trajetória de Batista ilustra como um líder pode usar tanto as urnas quanto a força, e como o poder obtido por um golpe pode ser perdido por uma revolução.

Imperatriz Viúva Ci’an: O golpe dentro da Cidade Proibida

Ilustração da Imperatriz Viúva Ci'an da dinastia Qing.
Em um movimento audacioso, Ci’an garantiu que o poder permanecesse em suas mãos e nas de Cixi. (Fonte da Imagem: Getty Images)

No coração da China imperial, a Imperatriz Viúva Ci’an foi uma das governantes da poderosa dinastia Qing. Embora as mulheres raramente detivessem o poder formal, Ci’an encontrou uma maneira de contornar as regras. Ela usou a astúcia e a intriga para garantir sua influência sobre o império.

Após a morte do imperador, um conselho de oito regentes foi nomeado para governar em nome do jovem herdeiro. Ci’an e a outra Imperatriz Viúva, Cixi, viram seu poder ameaçado por esse arranjo. Elas então orquestraram um golpe palaciano, historicamente conhecido como o Golpe de Xinyou.

Com o apoio de príncipes e oficiais leais, elas prenderam e executaram os oito regentes, tomando o controle da regência para si. Essa manobra ousada permitiu que as duas imperatrizes governassem a China por trás do trono por décadas. A história de Ci’an é um exemplo fascinante de como um golpe pode acontecer não com exércitos, mas nos corredores silenciosos de um palácio.

Alberto Fujimori: O presidente que deu um golpe em si mesmo

Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru, durante um pronunciamento.
Figura controversa, Fujimori dissolveu o Congresso para concentrar o poder em suas mãos. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Alberto Fujimori é uma das figuras mais polêmicas da história recente da América Latina, tendo sido presidente do Peru de 1990 a 2000. Seu governo foi marcado por sucessos no combate à hiperinflação e ao terrorismo, mas também por um crescente autoritarismo. Ele é frequentemente descrito como um ditador que governou com uma fachada democrática.

Em 1992, enfrentando um impasse político com o Congresso que obstruía suas reformas, Fujimori tomou uma medida drástica. Com o apoio dos militares, ele realizou um “autogolpe”, dissolvendo o Congresso e suspendendo a constituição. Essencialmente, um presidente eleito deu um golpe de estado para se livrar dos outros poderes e governar sozinho.

Seu governo continuou por mais oito anos, mas terminou em desgraça em 2000, quando ele fugiu do país em meio a um enorme escândalo de corrupção e violações de direitos humanos. O autogolpe de Fujimori é um caso raro e notório de um líder que usa as ferramentas da democracia para, em seguida, destruí-la por dentro. Ele acabou sendo preso e condenado por seus crimes anos depois.

Teodoro Obiang Nguema Mbasogo: O sobrinho que derrubou o tio

Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, presidente da Guiné Equatorial.
O poder na Guiné Equatorial passou de tio para sobrinho através de um violento golpe militar. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Teodoro Obiang Nguema Mbasogo detém o título de chefe de estado há mais tempo no poder no mundo, governando a Guiné Equatorial desde 1979. Sua longa permanência no poder começou com um ato dramático de traição familiar. Antes de ser presidente, ele era uma figura de confiança no regime de seu próprio tio.

Seu tio, Francisco Macías Nguema, era um ditador brutal e paranoico. Obiang ocupou vários cargos importantes em seu governo, incluindo o de chefe da temida Guarda Nacional. Ele conhecia por dentro a máquina de repressão do regime.

Em 1979, sentindo que o regime de seu tio estava se tornando cada vez mais instável e perigoso, Obiang liderou um sangrento golpe militar para depô-lo. Após o golpe, ele mandou executar o tio e assumiu a presidência, onde permanece até hoje. A história de Obiang mostra como os laços de sangue podem ser facilmente rompidos pela sede de poder.

Muammar Gaddafi: O jovem oficial que se tornou o “irmão líder”

Muammar Gaddafi, líder líbio por 42 anos.
Gaddafi governou a Líbia com um estilo excêntrico e autoritário por mais de quatro décadas. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Nascido em uma família beduína pobre, Muammar Gaddafi desenvolveu desde cedo um profundo desprezo pela monarquia líbia e seus aliados ocidentais. Ele via o Rei Idris como uma figura fraca e submissa a interesses estrangeiros. Esse ressentimento alimentou sua ambição de transformar radicalmente o país.

Como um jovem oficial do exército, Gaddafi sentiu a crescente fraqueza do regime e viu uma oportunidade de ouro. Em 1969, enquanto o Rei Idris estava fora do país para tratamento médico, Gaddafi e um grupo de oficiais lançaram um golpe sem derramamento de sangue. Eles tomaram o controle do governo e declararam a República Árabe da Líbia.

Gaddafi se tornou o líder indiscutível da Líbia, governando o país por 42 anos até ser derrubado e morto durante a Primavera Árabe em 2011. Sua tomada de poder é um exemplo clássico de como um grupo pequeno e determinado de militares pode aproveitar a ausência de um líder para tomar o controle de uma nação inteira. Ele se tornou uma das figuras mais excêntricas e controversas do cenário mundial.

Catarina, a Grande: A imperatriz que destronou o marido

Retrato oficial de Catarina, a Grande, Imperatriz da Rússia.
Insatisfeita com o marido, Catarina conspirou para tomar o trono russo para si. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Catarina, a Grande, é celebrada como a última Imperatriz Reinante da Rússia e a líder feminina mais longeva do país. Seu reinado, de 1762 a 1796, é considerado uma era de ouro, mas sua chegada ao poder foi tudo menos pacífica. Ela não herdou o trono, mas o conquistou através de uma conspiração.

Originalmente uma princesa alemã, Catarina foi casada com o herdeiro do trono russo, Pedro III, um homem impopular e considerado instável. Quando Pedro se tornou imperador, suas políticas pró-Prússia e seu comportamento errático alienaram a nobreza e o exército russo. Catarina, inteligente e carismática, aproveitou essa insatisfação para tramar contra o próprio marido.

Apenas seis meses após ele assumir o trono, Catarina liderou um golpe com o apoio de seus amantes e de regimentos militares leais a ela. Pedro III foi forçado a abdicar e morreu misteriosamente pouco depois, abrindo caminho para que ela se tornasse a única soberana. Sua história é um exemplo poderoso de como a inteligência política e a aliança certa podem superar a linha de sucessão.

Idi Amin: O açougueiro de Uganda

O ditador de Uganda, Idi Amin, em uniforme militar.
O regime de Idi Amin é lembrado como um dos mais sanguinários da história moderna. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Idi Amin Dada foi um oficial militar que se tornou o terceiro presidente de Uganda, governando de 1971 a 1979. Seu nome entrou para a história não por suas realizações, mas pela extrema brutalidade de seu regime. Ele é considerado um dos ditadores mais cruéis e sanguinários do século XX.

Chefe do exército sob o presidente Milton Obote, Amin aproveitou a ausência do líder, que estava em uma cúpula no exterior, para lançar um golpe militar em 1971. Ele tomou o controle do país e foi inicialmente recebido com algum apoio popular e internacional. No entanto, a verdadeira natureza de seu governo logo se revelou.

Seu reinado de oito anos foi um pesadelo de repressão política, perseguição étnica e colapso econômico. Estima-se que centenas de milhares de ugandenses foram mortos durante seu governo. A história de Amin é um alerta sombrio sobre como um golpe militar pode levar ao poder um tirano imprevisível e violento.

Fidel Castro: O revolucionário que tomou o poder

Fidel Castro, líder da Revolução Cubana.
De guerrilheiro nas montanhas a líder de uma nação, Fidel Castro mudou a história de Cuba. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Fidel Castro, o icônico revolucionário cubano, não chegou ao poder através de um golpe de estado clássico, mas sim de uma revolução popular prolongada. Ele desempenhou um papel central na Revolução Cubana, um movimento que visava derrubar o governo autoritário existente. Sua luta começou como uma guerrilha nas montanhas.

Liderando o Movimento 26 de Julho, Castro travou uma longa e difícil guerra de guerrilha contra as forças do ditador Fulgencio Batista. Por anos, ele e seus companheiros, incluindo Che Guevara, lutaram a partir de bases remotas na Sierra Maestra. Aos poucos, eles ganharam o apoio do campesinato e da população urbana insatisfeita.

Após a fuga de Batista em 1º de janeiro de 1959, as forças revolucionárias de Castro marcharam vitoriosas para Havana. Ele rapidamente assumiu o poder militar e político, tornando-se o líder máximo de Cuba por décadas. A ascensão de Castro mostra como uma revolução pode funcionar como uma forma de tomada de poder pela força, redefinindo completamente a estrutura de um país.

Mobutu Sese Seko: O homem do chapéu de leopardo

Mobutu Sese Seko, presidente do Zaire, usando seu icônico chapéu de pele de leopardo.
Mobutu governou com extravagância e mão de ferro, personificando a cleptocracia. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Mobutu Sese Seko foi o presidente do Zaire, hoje conhecido como República Democrática do Congo. Sua imagem icônica, com um chapéu de pele de leopardo, tornou-se um símbolo de seu longo e controverso governo. Ele chegou ao poder em meio à instabilidade que se seguiu à independência do país.

Em 1965, aproveitando-se de uma luta de poder entre o presidente e o primeiro-ministro, Mobutu, como chefe do exército, deu um golpe de estado. Com o apoio de países ocidentais que temiam a influência soviética na região, ele se estabeleceu como o novo homem forte. Seu golpe encerrou um período de caos, mas inaugurou outro de autoritarismo.

Mobutu governou por 32 anos, um período marcado pela corrupção em larga escala, culto à personalidade e repressão. Ele enriqueceu a si mesmo e a seus aliados enquanto o país mergulhava na pobreza. Sua longa ditadura só terminou em 1997, quando ele mesmo foi deposto por uma rebelião, mostrando que quem toma o poder pela força, muitas vezes o perde da mesma maneira.

Getúlio Vargas e a controversa Revolução de 1930

Getúlio Vargas, figura central da política brasileira no século XX.
A ascensão de Vargas ao poder em 1930 não foi pelas urnas, mas por um movimento armado que mudou o Brasil. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Getúlio Vargas é uma das figuras mais complexas e importantes da história do Brasil, e sua primeira chegada à presidência foi tudo, menos convencional. Ele se candidatou nas eleições de 1930, que marcaram o fim da “política do café com leite”, um acordo entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. O clima político no país era extremamente tenso e polarizado.

O processo eleitoral foi repleto de acusações de fraude e violência de ambos os lados da disputa. Vargas, que concorria com João Pessoa como vice, perdeu a eleição para o candidato paulista Júlio Prestes. No entanto, o assassinato de João Pessoa, por motivos que iam além da política nacional, causou uma imensa comoção popular e serviu como estopim para uma revolta.

Aproveitando a indignação, uma aliança de forças políticas e militares lançou um golpe, conhecido como a Revolução de 1930. O presidente eleito foi impedido de tomar posse, e Getúlio Vargas foi levado ao poder no Rio de Janeiro como chefe do Governo Provisório. Apenas oito dias após sua posse, um decreto lhe deu controle total sobre os poderes Executivo e Legislativo, consolidando o golpe.

O Estado Novo: Poder e contradições

Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo, em pose de líder forte.
O Estado Novo foi um período de modernização e repressão, refletindo a natureza complexa de Vargas. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O que deveria ser um governo provisório acabou se estendendo por 15 anos ininterruptos. A Era Vargas foi um período de profundas transformações no Brasil, mas também de grande autoritarismo. Desses 15 anos, oito foram sob uma ditadura aberta e nacionalista, conhecida como Estado Novo.

Embora seu governo tenha trazido avanços significativos, como a criação da CLT que garantiu direitos trabalhistas e a fundação de grandes empresas estatais, o lado sombrio não pode ser ignorado. Vargas adotou posturas claramente fascistas, como a busca pelo controle total do poder, a extinção dos partidos políticos e a forte censura à imprensa. Ele construiu a imagem do “pai dos pobres” enquanto reprimia qualquer oposição.

Um dos episódios mais infames de seu governo foi a extradição da militante comunista de origem judaica, Olga Benário, para a Alemanha Nazista, onde ela foi morta. Essa dualidade entre o líder modernizador e o ditador implacável é o que torna Vargas uma figura tão debatida. Ele personificou as contradições de uma nação em busca de sua identidade.

O fim de uma era: Retorno e o trágico suicídio

Imagem de arquivo de Getúlio Vargas em seus últimos anos de vida.
Sua famosa frase “Saio da vida para entrar na História” marcou o fim dramático de sua trajetória. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota dos regimes fascistas na Europa, a ditadura de Vargas se tornou insustentável. Ele foi forçado a deixar o cargo sob a ameaça de sofrer um novo golpe militar. No entanto, seus direitos políticos foram mantidos, e ele continuou sendo uma força poderosa na política brasileira.

Mostrando sua incrível resiliência política, Getúlio Vargas se elegeu senador e, em 1951, retornou à presidência, desta vez democraticamente, eleito pelo voto popular. Seu segundo mandato, que deveria durar cinco anos, foi marcado por uma intensa crise política e uma forte campanha de oposição. A pressão de seus adversários se tornou esmagadora.

Encurralado por acusações e pela crise, o presidente tomou uma decisão drástica que chocou o Brasil. Em agosto de 1954, ele tirou a própria vida no Palácio do Catete, deixando uma carta-testamento que se tornou um documento histórico. Com a famosa frase “Saio da vida para entrar na História”, ele transformou sua morte em um ato político que calou seus opositores e cimentou seu lugar no imaginário popular.

Pol Pot: O arquiteto do genocídio cambojano

Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, em uma foto de arquivo.
Sob o comando de Pol Pot, o Camboja viveu um pesadelo de trabalho forçado e execuções em massa. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Em 1975, a história do Camboja mergulhou em um de seus capítulos mais sombrios e aterrorizantes. Os guerrilheiros do Khmer Vermelho, um movimento comunista radical, marcharam sobre a capital Phnom Penh. Eles derrubaram o governo militar do General Lon Nol, que por sua vez havia chegado ao poder através de um golpe anos antes.

Essa tomada de poder iniciou um reinado de terror que resultaria na morte de mais de um milhão de pessoas, cerca de um quarto da população do país. O golpe foi liderado por Saloth Sar, mais conhecido pelo nome de Pol Pot. Ele governou como primeiro-ministro de 1976 a 1979, implementando uma visão distorcida de uma utopia agrária.

Sob seu regime, as cidades foram esvaziadas, e a população foi forçada a trabalhar em campos de trabalho forçado, os infames “campos da morte”. Mesmo após ser deposto por uma invasão vietnamita, ele continuou a liderar o Khmer Vermelho como um movimento de guerrilha. Ele só foi expulso da liderança do próprio grupo em 1997, pouco antes de sua morte.

Lúcio Cornélio Sula: O primeiro homem a tomar Roma pela força

Busto de Lúcio Cornélio Sula, general e estadista romano.
Sula quebrou uma tradição sagrada ao marchar com seu exército sobre Roma, mudando as regras do poder. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Lúcio Cornélio Sula foi um general e estadista romano cuja ambição reescreveu as regras da República Romana. Ele foi o vencedor da primeira guerra civil em grande escala da história de Roma. Este conflito o colocou contra seu grande rival, Caio Mário.

A disputa entre eles pelo comando de uma lucrativa guerra no Oriente levou Sula a tomar uma atitude sem precedentes e chocante. Em 88 a.C., ele marchou com suas legiões sobre a própria cidade de Roma, algo que era um tabu absoluto. Com essa demonstração de força, ele se tornou o primeiro homem na história da República a tomar o poder pela violência.

Após vencer a guerra civil, ele se declarou ditador e instituiu uma série de reformas para restaurar o poder do Senado. Embora tenha renunciado voluntariamente à ditadura e se aposentado, seu exemplo foi perigoso. Ao provar que um general com um exército leal poderia tomar Roma, ele abriu o caminho para futuras guerras civis e para o fim da República, que culminaria com a ascensão de Júlio César e Augusto.

Pervez Musharraf: O general que assumiu o controle do Paquistão

Pervez Musharraf, ex-presidente do Paquistão, em uniforme militar.
Musharraf tomou o poder em um golpe sem derramamento de sangue, suspendendo a constituição do país. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Pervez Musharraf é um oficial militar paquistanês que dominou a política de seu país na virada do século. Sua ascensão ao poder foi um exemplo clássico de um golpe militar moderno. Ele tomou as rédeas do governo em 1999, em um momento de grande tensão entre o governo civil e as forças armadas.

O golpe ocorreu quando o primeiro-ministro Nawaz Sharif tentou demitir Musharraf do cargo de chefe do exército enquanto ele estava em um voo de volta ao país. Em resposta, generais leais a Musharraf tomaram o controle da estação de televisão estatal, cercaram a residência do primeiro-ministro e assumiram o controle do aeroporto. O avião de Musharraf pousou em segurança, e ele se tornou o novo líder do Paquistão.

Após o golpe, ele governou como Chefe do Executivo e, posteriormente, como presidente do Paquistão de 2001 a 2008. Seu governo foi marcado por uma aliança com os Estados Unidos na “Guerra ao Terror” e por um período de crescimento econômico. No entanto, ele foi forçado a renunciar sob a ameaça de impeachment, encerrando seu período no poder.

Selim I: A brutal tomada de poder no Império Otomano

Retrato de Selim I, sultão do Império Otomano.
Conhecido como “Selim, o Terrível”, ele não hesitou em eliminar a própria família para garantir o trono. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A sucessão no Império Otomano era frequentemente um assunto sangrento, e a história de Selim I é um exemplo extremo disso. Em 1512, uma guerra civil eclodiu entre os filhos do Sultão Bayezid II pela sucessão ao trono. Selim era um dos príncipes que disputavam o poder.

Determinado a se tornar sultão, Selim I não mediu esforços para alcançar seu objetivo. Ele derrotou seu irmão em batalha, consolidando seu poder militar. Em seguida, ele marchou para a capital e forçou seu próprio pai, o Sultão Bayezid II, a abdicar do trono em seu favor.

Para garantir que não haveria mais rivais, Selim tomou uma medida drástica e impiedosa. Ele mandou executar todos os seus irmãos e sobrinhos, eliminando todos os outros possíveis herdeiros do reino, com exceção de seu próprio filho, Solimão. Essa brutalidade garantiu sua posição, mas lhe rendeu o epíteto de “Selim, o Terrível”.

William Walker: O aventureiro americano que virou presidente

Ilustração de William Walker, o aventureiro americano do século XIX.
A ambição de Walker de criar repúblicas privadas na América Latina terminou com sua execução. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A história de William Walker parece um roteiro de filme de aventura, mas foi uma realidade bizarra do século XIX. Ele era um aventureiro, médico e advogado americano que tinha um objetivo audacioso: conquistar terras na América Central e do Sul para criar repúblicas privadas governadas por ele. Essas expedições eram conhecidas como “filibusterismo”.

Em uma de suas expedições mais notórias, Walker se envolveu em uma guerra civil na Nicarágua e, com um pequeno exército de mercenários, conseguiu tomar o poder. Incrivelmente, ele se tornou presidente da Nicarágua em julho de 1856. Seu governo, no entanto, foi instável e hostilizado pelas nações vizinhas.

Seu reinado durou menos de um ano, até maio de 1857, quando foi forçado a sair por uma coalizão de exércitos da América Central. Destemido, ele tentou retornar para restabelecer seu controle, mas foi capturado pelo governo de Honduras. William Walker foi executado em 1860, pondo um fim sangrento às suas ambições de conquista.

Muhammad Zia-ul-Haq: O general que instituiu a lei marcial

Muhammad Zia-ul-Haq, sexto presidente do Paquistão.
O governo de Zia-ul-Haq promoveu uma forte islamização da sociedade paquistanesa. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Muhammad Zia-ul-Haq foi um general de quatro estrelas que se tornou o sexto presidente do Paquistão. Sua ascensão ao poder ocorreu em um momento de grande agitação política no país. Ele foi nomeado chefe do exército pelo primeiro-ministro Zulfikar Ali Bhutto, que mais tarde se arrependeria amargamente dessa decisão.

Em 1977, em meio a protestos e acusações de fraude eleitoral contra o governo de Bhutto, Zia-ul-Haq liderou um golpe de estado. Ele declarou a lei marcial, suspendeu a constituição e prendeu Bhutto e outros líderes políticos. O golpe, chamado de “Operação Fair Play”, foi apresentado como uma medida temporária para restaurar a ordem.

No entanto, Zia-ul-Haq consolidou seu poder e serviu como chefe de estado de 1978 até sua morte misteriosa em um acidente de avião em 1988. Durante seu governo, ele promoveu um controverso programa de islamização e supervisionou o envolvimento do Paquistão na guerra soviético-afegã. Ele nunca restaurou totalmente a democracia como havia prometido.

Nguyễn Khánh: O general no turbilhão do Vietnã

Nguyễn Khánh, oficial militar e primeiro-ministro do Vietnã do Sul.
Em meio a uma série de golpes, Khánh governou brevemente o instável Vietnã do Sul. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Nguyễn Khánh foi um oficial militar sul-vietnamita e uma figura central na política turbulenta de seu país durante a Guerra do Vietnã. O Vietnã do Sul era um cenário de constante instabilidade, com uma sucessão de golpes e governos militares. Khánh foi um dos muitos generais que tentaram tomar as rédeas do poder.

Ele liderou um golpe em janeiro de 1964, apenas três meses depois que o presidente anterior, Ngô Đình Diệm, havia sido derrubado e assassinado em outro golpe. Khánh se tornou primeiro-ministro do Vietnã do Sul, governando à frente de uma junta militar. Sua liderança, no entanto, foi marcada por mais intrigas e lutas internas pelo poder.

Seu tempo no comando foi breve, durando apenas até 1965, quando ele mesmo foi deposto por outros generais em mais um golpe. Após ser afastado, ele foi enviado para o exílio nos Estados Unidos, onde viveu até sua morte em 2013. A história de Khánh ilustra o caos e a natureza efêmera do poder no Vietnã do Sul durante a guerra.

Klement Gottwald: O golpe comunista na Checoslováquia

Klement Gottwald, primeiro presidente comunista da Checoslováquia.
Com o apoio de Moscou, Gottwald transformou a Checoslováquia em um estado satélite soviético. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Klement Gottwald foi o líder do Partido Comunista da Checoslováquia e se tornou o primeiro presidente comunista do país. Sua ascensão ao poder não foi através de uma eleição livre, mas sim de um golpe de estado cuidadosamente orquestrado. O evento marcou a queda da democracia no país e sua entrada na esfera de influência soviética.

O golpe ocorreu em fevereiro de 1948, em um momento em que os comunistas já participavam de um governo de coalizão. Aproveitando uma crise governamental, Gottwald e seu partido, com o apoio tácito da União Soviética, mobilizaram milícias armadas e organizaram manifestações de massa. Eles pressionaram o presidente a aceitar um novo governo dominado exclusivamente por comunistas.

Quatro meses após o golpe bem-sucedido, Gottwald foi eleito presidente, consolidando o controle total do partido sobre o país. Ele ocupou o cargo até sua morte em 1953, implementando um regime stalinista linha-dura. O golpe de 1948 foi um momento crucial da Guerra Fria, puxando a “Cortina de Ferro” sobre mais uma nação do Leste Europeu.

Blaise Compaoré: O líder que governou por décadas

Blaise Compaoré, ex-presidente de Burquina Fasso.
Compaoré chegou ao poder em um golpe sangrento e só saiu após uma massiva revolta popular. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Blaise Compaoré é um líder militar e político que governou Burquina Fasso, um país da África Ocidental, por 27 anos. Sua longa permanência no poder começou de forma violenta e controversa. Ele chegou ao topo após um golpe de estado em 1987 que resultou na morte de seu amigo e então presidente, Thomas Sankara.

O golpe foi um evento trágico que chocou muitos, pois Sankara era um líder revolucionário carismático e popular. Compaoré, que era o segundo no comando, assumiu o poder imediatamente após a morte de Sankara. Ele reverteu muitas das políticas de seu antecessor e estabeleceu um regime autoritário.

Ele governou o país de 1987 até 2014, quando tentou alterar a constituição para estender ainda mais seu mandato. Essa tentativa provocou dias de protestos violentos e uma revolta popular que o forçou a renunciar e fugir do país. Sua história é um ciclo completo: chegou ao poder por um golpe e foi derrubado pela força do povo.

Omar al-Bashir: De golpista a réu em tribunal internacional

Omar al-Bashir, ex-presidente do Sudão.
O longo governo de al-Bashir terminou da mesma forma que começou: com um golpe militar. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Omar al-Bashir é um oficial militar sudanês cuja carreira foi definida por uma tomada de poder e um longo e controverso governo. Em 1989, ele liderou uma revolta de oficiais do exército que derrubou o governo democraticamente eleito do Sudão. O golpe foi realizado em aliança com a Frente Islâmica Nacional.

Após a tomada de poder, al-Bashir se tornou a figura central do novo regime. Ele foi oficialmente nomeado presidente do país em 1993 e governou com mão de ferro por quase 30 anos. Seu regime foi marcado por conflitos internos, incluindo a guerra em Darfur, que levou a acusações de genocídio e crimes de guerra.

Em 2019, após meses de protestos populares em massa contra sua liderança, a história se repetiu. Omar al-Bashir foi deposto em outro golpe militar, encerrando seu longo domínio. Ele se tornou o primeiro chefe de estado a ser indiciado pelo Tribunal Penal Internacional enquanto ainda estava no cargo.

Heráclio: O salvador do Império Bizantino

Ilustração do imperador bizantino Heráclio.
Heráclio não apenas tomou o poder, mas também salvou um império à beira do colapso. (Fonte da Imagem: Getty Images)

No início do século VII, o Império Romano do Oriente, mais conhecido como Império Bizantino, estava à beira do abismo. O império estava desmoronando sob o peso de guerras desastrosas contra a Pérsia, fome e má administração. O imperador da época, Focas, era um tirano impopular e ineficaz.

Foi nesse cenário de desespero que Heráclio, filho do governador da África, navegou com uma frota para Constantinopla em 610 d.C. Sua intenção era clara: derrubar Focas e salvar o império da ruína completa. Ele foi recebido como um libertador pela população e pela elite da capital.

O golpe foi bem-sucedido, e Focas foi capturado e executado. Heráclio foi coroado imperador, governando até 641 d.C. e se tornando uma das figuras mais importantes da história bizantina. Ele não apenas tomou o poder pela força, mas também reorganizou o exército, reformou a administração e liderou o império à vitória contra os persas, garantindo sua sobrevivência.

Relevo representando Nabonido, o último rei do Império Neo-Babilônico.
A ascensão de Nabonido ao trono foi fruto de uma conspiração que eliminou o rei anterior. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Nabonido foi o último rei do poderoso Império Neo-Babilônico, governando de 556 a.C. a 539 a.C. Ele não pertencia à linhagem real direta, sendo um membro relativamente menor da nobreza. Sua chegada ao trono foi o resultado de uma conspiração palaciana.

O rei anterior, Labashi-Marduk, era apenas um menino e governou por um tempo muito curto. Ele foi deposto e assassinado em um complô, provavelmente liderado pelo próprio filho de Nabonido, Belsazar. Após a remoção do jovem rei, a nobreza conspiradora proclamou o mais velho e experiente Nabonido como o novo rei.

Nabonido é uma figura fascinante, mais interessado em religião e arqueologia do que em governar, chegando a passar uma década no exílio voluntário na Arábia. Seu reinado terminou com a conquista da Babilônia por Ciro, o Grande, da Pérsia. A história de sua ascensão mostra que os golpes de estado e as intrigas de poder são tão antigos quanto as próprias civilizações.

Tyler James Mitchell
  • Tyler James Mitchell é o jornalista e autor por trás do blog Curiosão, apaixonado por desvendar temas de história e ciência. Sua missão é transformar o conhecimento complexo em narrativas acessíveis e fascinantes para o público.