Seis a onze porções de carboidratos por dia: Verdade ou mito

Seis a onze porções de carboidratos por dia Verdade ou mito

Descubra como uma recomendação dos anos 1990 influenciou dietas e gerou polêmicas sobre o consumo ideal de carboidratos.

A ideia de consumir entre seis a onze porções de carboidratos diariamente surgiu com a pirâmide alimentar popularizada nos Estados Unidos em 1992. Essa recomendação foi amplamente divulgada, mas sua origem está ligada a interesses políticos e econômicos, mais do que a evidências científicas sólidas. Para muitos especialistas, essa quantidade é excessiva para boa parte da população, especialmente os menos ativos.

A pirâmide alimentar original foi criada na Suécia em 1974, sem especificar quantidades. Nos EUA, entretanto, o Departamento de Agricultura (USDA) adaptou o modelo, adicionando números que favoreciam o consumo de grãos. Essa decisão foi influenciada por excedentes agrícolas e políticas públicas que priorizavam o escoamento desses produtos. Assim, a base da pirâmide alimentar passou a ser ocupada por alimentos ricos em carboidratos.

No entanto, o consumo elevado desse macronutriente pode trazer riscos à saúde. Estudos recentes mostram que dietas com excesso de carboidratos podem contribuir para problemas como resistência à insulina, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Isso levanta questionamentos sobre a validade dessa recomendação para todas as pessoas.

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A origem da recomendação e seus impactos

A recomendação de seis a onze porções diárias foi formulada em um contexto histórico específico. Nos anos 1950 e 1960, os Estados Unidos enfrentavam uma epidemia de doenças cardíacas. Na época, acreditava-se que a gordura saturada era a principal vilã, levando à redução do consumo de alimentos ricos nesse nutriente e ao aumento na ingestão de carboidratos.

Além disso, interesses econômicos desempenharam um papel crucial. O USDA precisava promover o consumo dos grãos excedentes produzidos no país. Assim, a pirâmide alimentar foi ajustada para incluir uma quantidade maior de carboidratos do que o recomendado originalmente por nutricionistas como Luise Light, que defendia apenas três a quatro porções diárias.

Essa mudança teve consequências significativas para a saúde pública. O aumento no consumo de carboidratos refinados contribuiu para o crescimento da obesidade e do diabetes nos EUA. Hoje, especialistas reconhecem que as diretrizes alimentares devem ser personalizadas, levando em conta fatores como nível de atividade física e condições metabólicas.

Seis a onze porções de carboidratos por dia Verdade ou mito
A pirâmide alimentar americana priorizou carboidratos na base, gerando debates sobre sua eficácia (Imagem: Reprodução/Divulgação).

Carboidratos: Essenciais ou perigosos?

Os carboidratos são uma fonte essencial de energia para o corpo humano. Eles estão presentes em alimentos como pães, massas, arroz e tubérculos, sendo classificados em simples ou complexos. Enquanto os complexos fornecem energia sustentada e nutrientes importantes, os simples podem causar picos de glicose no sangue quando consumidos em excesso.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que entre 40% e 70% das calorias diárias venham dos carboidratos. No entanto, essas diretrizes variam conforme fatores individuais como idade, peso e prática de exercícios físicos. Para pessoas sedentárias ou com resistência à insulina, uma ingestão menor pode ser mais apropriada.

Por outro lado, dietas extremamente restritivas em carboidratos também apresentam riscos. A falta desse macronutriente pode levar à fadiga, dificuldade de concentração e perda muscular. Por isso, é fundamental buscar um equilíbrio na dieta e priorizar fontes saudáveis como grãos integrais e vegetais ricos em fibras.

A importância da personalização na dieta

Diante das controvérsias sobre as seis a onze porções diárias recomendadas pela pirâmide alimentar americana, especialistas enfatizam a necessidade de personalizar as orientações nutricionais. Cada pessoa possui necessidades específicas baseadas em seu metabolismo, estilo de vida e objetivos de saúde.

No Brasil, a pirâmide alimentar atualizada sugere seis porções diárias de carboidratos para uma dieta equilibrada. No entanto, ela também destaca a importância da variedade e da moderação no consumo dos diferentes grupos alimentares. A prática regular de atividades físicas é outro fator essencial para manter um estilo de vida saudável.

Assim, ao invés de seguir recomendações genéricas como as seis a onze porções diárias propostas nos anos 1990, é mais eficaz adotar uma abordagem individualizada. Consultar um nutricionista pode ajudar a identificar as melhores estratégias para atender às necessidades específicas do organismo.

Fonte: Superinteressante.