Oceano atinge temperaturas recordes em 2024, alertando para crise climática
O aquecimento recorde dos oceanos em 2024 destaca os impactos devastadores das mudanças climáticas, afetando ecossistemas marinhos e intensificando eventos climáticos extremos.
Em 2024, os oceanos atingiram as temperaturas mais altas já registradas, tanto na superfície quanto nas camadas superiores de até 2.000 metros de profundidade. Este aumento alarmante reflete a absorção de 90% do calor excedente gerado pelo aquecimento global, consolidando o papel dos oceanos como reguladores climáticos cruciais. No entanto, essa capacidade está sendo sobrecarregada, resultando em impactos severos no clima global e nos ecossistemas marinhos.
A elevação da temperatura dos oceanos não ocorre de forma uniforme. Regiões como o Atlântico Tropical, o Mediterrâneo e partes do Oceano Antártico registraram aumentos significativos, enquanto variações cíclicas como El Niño contribuíram para um aquecimento adicional em algumas áreas. Esses padrões têm consequências diretas para a vida marinha, incluindo eventos de branqueamento de corais sem precedentes e a redução de habitats críticos devido à desoxigenação.
Além disso, o aumento da temperatura da superfície do mar intensifica a transferência de calor e umidade para a atmosfera, alimentando eventos climáticos extremos como furacões mais fortes, secas prolongadas e inundações devastadoras. Em 2024, mais de 100 países enfrentaram temperaturas recordes, destacando a urgência de ações globais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
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Impactos no nível do mar e nos ecossistemas marinhos
O aquecimento dos oceanos é responsável por cerca de 40% do aumento global do nível do mar devido à expansão térmica da água. Desde os anos 1950, o nível médio global do mar subiu aproximadamente 9 cm, com taxas de elevação dobrando nas últimas três décadas. Isso ameaça diretamente comunidades costeiras e ilhas baixas, aumentando o risco de inundações e erosão costeira.
Os ecossistemas marinhos também estão sob pressão crescente. A perda de oxigênio nos oceanos resultou na criação de mais de 500 “zonas mortas”, onde quase nenhuma vida marinha consegue sobreviver. Além disso, a acidificação dos oceanos – causada pela absorção de cerca de 30% das emissões antropogênicas de CO2 – está dissolvendo estruturas calcárias essenciais para organismos como corais e moluscos.
A redistribuição de espécies marinhas é outro impacto significativo. Peixes migratórios estão se movendo para águas mais frias em busca de condições adequadas, afetando pescarias globais e comunidades que dependem delas para subsistência. Esses deslocamentos podem levar a desequilíbrios ecológicos com consequências imprevisíveis para a biodiversidade marinha.
Eventos climáticos extremos impulsionados por oceanos mais quentes
O calor armazenado nos oceanos desempenha um papel central na intensificação dos eventos climáticos extremos. Tempestades tropicais estão se tornando mais frequentes e intensas devido à maior evaporação e ao aumento da umidade atmosférica. Em 2024, ciclones tropicais causaram destruição significativa em várias regiões costeiras ao redor do mundo.
Além disso, o calor oceânico exacerba ondas de calor terrestres e secas ao alterar padrões climáticos globais. Regiões áridas experimentam períodos prolongados sem chuva, enquanto áreas úmidas enfrentam chuvas torrenciais que levam a inundações catastróficas. Esses fenômenos destacam como o aquecimento dos oceanos não afeta apenas os ecossistemas marinhos, mas também as populações humanas diretamente.
A frequência crescente de ondas de calor marítimas é outro fator preocupante. Essas ondas podem durar semanas ou meses e têm impactos devastadores na saúde dos oceanos. Em 2024, grandes áreas do Atlântico Norte e do Mediterrâneo experimentaram ondas de calor marítimas severas que contribuíram para o branqueamento generalizado dos corais.
Ação urgente necessária para mitigar o aquecimento oceânico
Especialistas alertam que as tendências atuais são insustentáveis sem uma ação imediata para reduzir as emissões globais de carbono. Mesmo que todas as emissões cessassem hoje, os efeitos já acumulados garantiriam décadas adicionais de aquecimento devido à inércia térmica dos oceanos.
Iniciativas como a restauração de florestas marinhas e a ampliação das áreas protegidas são passos importantes para mitigar os impactos do aquecimento oceânico. No entanto, essas ações devem ser acompanhadas por esforços globais coordenados para limitar o aumento da temperatura média global abaixo dos limites estabelecidos pelo Acordo de Paris.
O estudo publicado recentemente destaca que os oceanos são um indicador-chave das mudanças climáticas globais. Proteger esses ecossistemas vitais é essencial não apenas para preservar a biodiversidade marinha, mas também para garantir a estabilidade climática necessária para sustentar a vida humana no planeta.
Fonte: Earth.com.