Osso de pênis de cachorro de 2 mil anos intriga arqueólogos na Inglaterra

Osso de pênis de cachorro de 2 mil anos intriga arqueólogos na Inglaterra (1)

Descoberta arqueológica revela práticas rituais enigmáticas do período romano-britânico, com destaque para um objeto pintado com ocre vermelho.

Uma descoberta peculiar chamou a atenção de arqueólogos na cidade de Ewell, ao sul de Londres. Durante escavações em um poço datado do período romano-britânico, foi encontrado um osso do pênis de cachorro, conhecido como bácula, pintado com ocre vermelho. O achado, que remonta a cerca de 2 mil anos, levanta questões sobre os rituais e crenças da época.

O poço continha restos de mais de 280 animais domésticos, sendo a maioria cães pequenos, como terriers e corgis. O local, batizado como poço de Nescot, não apresentava sinais comuns de abate ou doenças nos ossos, sugerindo que os animais não foram usados para alimentação. Em vez disso, os pesquisadores acreditam que eles desempenhavam um papel ritualístico.

A análise conduzida pela bioarqueóloga Ellen Green revelou que o osso foi deliberadamente pintado antes de ser depositado no poço. Essa prática pode estar associada a rituais de fertilidade, comuns no ciclo agrícola da Roma Antiga.

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O significado do ocre vermelho e o papel dos amuletos

O uso do ocre vermelho no osso intrigou os especialistas. Segundo Green, não havia artefatos metálicos no sítio que justificassem a presença do óxido de ferro, indicando que a pintura foi intencional. Na cultura romana, o pênis era frequentemente associado a símbolos de boa sorte e proteção contra o mau-olhado, reforçando a hipótese de que o objeto poderia ter sido usado como amuleto ritualístico.

A escolha dos cães pequenos também é significativa. Esses animais eram valorizados em rituais por sua associação com proteção e lealdade. Além disso, a ausência de marcas nos ossos sugere que os corpos foram tratados com cuidado antes da deposição.

Embora o propósito exato do ritual permaneça um mistério, os pesquisadores acreditam que ele estava ligado à fertilidade e abundância agrícola. A presença predominante de ossos de animais jovens nascidos na primavera e verão reforça essa teoria.

Osso de pênis de cachorro de 2 mil anos intriga arqueólogos na Inglaterra (1)
O poço em Ewell revelou práticas ritualísticas únicas envolvendo cães e objetos simbólicos (Imagem: Reprodução/Divulgação).

Rituais romanos e suas implicações culturais

A descoberta se soma a outros exemplos de práticas ritualísticas romanas encontradas no Reino Unido. No entanto, este caso é único devido à combinação do uso do ocre vermelho e da escolha específica da bácula canina como objeto central do ritual.

A análise detalhada sugere que o osso foi descarnado antes da aplicação do pigmento. Essa prática destaca a complexidade dos rituais romanos-britânicos, que frequentemente combinavam elementos locais com influências romanas.

Além disso, o contexto arqueológico do poço indica um uso prolongado ao longo das décadas, sugerindo que ele era um local importante para a comunidade local em termos religiosos e culturais.

Mistérios ainda sem solução

Apesar das evidências coletadas, muitas perguntas permanecem sem resposta. Qual era exatamente o significado simbólico do osso pintado? Por que os cães pequenos foram escolhidos em vez de animais maiores? Essas questões continuam a desafiar os arqueólogos.

Ellen Green destaca que este é um dos achados mais enigmáticos relacionados ao período romano na Grã-Bretanha. “É um artefato muito único de um sítio muito único”, afirmou ela em entrevista recente.

A descoberta também abre novas perspectivas para entender as interações entre as culturas locais britânicas e as tradições romanas durante a ocupação do Império Romano na região.

Fonte: Aventuras na História.