Estudo revela uso de estimulantes por bárbaros em batalhas romanas

Estudo revela uso de estimulantes por bárbaros em batalhas romanas

Pesquisadores descobrem utensílios usados por guerreiros germânicos para consumir drogas durante combates, mudando a visão sobre práticas antigas.

Uma descoberta arqueológica está revolucionando o entendimento sobre as práticas de guerra dos bárbaros germânicos na era romana. Pesquisadores identificaram mais de 240 objetos em formato de colher, usados para administrar estimulantes antes das batalhas. Esses artefatos foram encontrados em sítios arqueológicos na Escandinávia, Alemanha e Polônia, em contextos militares, ao lado de armas e outros equipamentos de guerra.

A pesquisa indica que essas “colheres” eram utilizadas para medir doses precisas de substâncias psicoativas, evitando overdoses e maximizando os efeitos desejados. Entre as possíveis substâncias consumidas estão extratos de papoula, beladona, cânhamo e até fungos alucinógenos. Essa prática teria ajudado os guerreiros a combater o medo e o estresse, além de aumentar a resistência física durante os conflitos.

Publicada na revista científica *Praehistorische Zeitschrift*, a análise dos artefatos sugere que o uso de drogas pelos germânicos era mais organizado e difundido do que se pensava. A descoberta desafia a ideia de que o álcool era a principal substância utilizada por esses povos fora do Império Romano.

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O papel das colheres nas batalhas

Os objetos encontrados possuem entre 40 e 70 milímetros de comprimento, com uma parte côncava ou disco plano de 10 a 20 milímetros de diâmetro. Eles eram frequentemente anexados aos cintos dos guerreiros, indicando sua importância prática nas batalhas. Segundo os arqueólogos, essas colheres permitiam que os soldados consumissem estimulantes rapidamente, garantindo uma dose precisa para alcançar o efeito desejado.

A localização dos artefatos reforça sua ligação com o contexto militar. Eles foram encontrados em locais associados a sacrifícios ou junto a armas e armaduras. Isso sugere que o consumo dessas substâncias fazia parte da estratégia bélica dos germânicos, ajudando-os a enfrentar os desafios físicos e psicológicos do combate.

Além disso, os pesquisadores destacam que o uso dessas substâncias não se limitava às batalhas. Elas também poderiam ser utilizadas em rituais religiosos ou para fins medicinais, refletindo um conhecimento avançado sobre as propriedades das plantas disponíveis na região.

Estudos revela uso de estimulantes por bárbaros em batalhas romanas
Objetos em formato de colher indicam o uso de estimulantes por guerreiros germânicos durante a era romana. (Imagem: Reprodução/Divulgação)

Substâncias utilizadas pelos bárbaros

A análise dos artefatos revelou que os bárbaros germânicos provavelmente utilizavam uma variedade de plantas com propriedades psicoativas. Entre elas estão a papoula-do-ópio, conhecida por seus efeitos analgésicos; a beladona e o meimendro, que possuem propriedades alucinógenas; e o cânhamo, utilizado como relaxante muscular. Algumas dessas plantas eram consumidas localmente, enquanto outras poderiam ser transportadas em forma seca ou em pó.

Os pesquisadores acreditam que essas substâncias eram dissolvidas em líquidos ou consumidas diretamente em pequenas quantidades. Esse uso estratégico permitia aos guerreiros manterem sua eficácia no campo de batalha sem comprometer sua saúde. A organização necessária para distribuir essas doses indica um nível significativo de conhecimento sobre as propriedades medicinais e estimulantes das plantas.

A descoberta também destaca a importância da farmacologia natural na vida cotidiana desses povos antigos. Além do uso militar, essas substâncias poderiam ser empregadas para tratar doenças ou realizar rituais religiosos, demonstrando uma relação complexa entre cultura e natureza.

Impacto histórico da descoberta

A identificação do uso de estimulantes pelos bárbaros desafia narrativas tradicionais sobre as práticas culturais fora do Império Romano. Até então, acreditava-se que o álcool era a principal substância consumida por esses povos durante períodos de guerra. No entanto, essa nova evidência mostra que eles possuíam um conhecimento sofisticado sobre drogas naturais.

Essa descoberta também lança luz sobre como os guerreiros germânicos enfrentavam as pressões psicológicas da guerra. O consumo controlado de estimulantes permitia que eles superassem o medo e aumentassem sua resistência física, oferecendo uma vantagem estratégica contra seus adversários romanos.

Dessa forma, o estudo não apenas amplia nossa compreensão sobre as práticas bélicas da época romana, mas também destaca a importância da arqueologia na reinterpretação da história antiga. Os artefatos encontrados são testemunhos valiosos da engenhosidade e resiliência dos povos germânicos diante das adversidades.

Fonte: Mega Curioso.