Curiosão

Mentes brilhantes atingidas pela sombra da demência

Por trás dos holofotes, uma luta silenciosa que afeta ídolos de gerações inteiras.

Quando pensamos em demência, a primeira imagem que vem à mente é a perda de memória, não é verdade? No entanto, a condição é muito mais ampla, sendo um termo geral para a dificuldade de pensar, lembrar ou tomar decisões no dia a dia. É um desafio que vai muito além do esquecimento e afeta profundamente a vida de quem o enfrenta.

Muitas pessoas associam a demência e o Alzheimer como consequências inevitáveis do envelhecimento, mas a ciência nos mostra uma outra realidade. Surpreendentemente, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) afirma que até 40% dos casos poderiam ser evitados ou adiados. Isso muda completamente nossa perspectiva sobre a prevenção e o cuidado com a saúde cerebral ao longo da vida.

Assim como acontece com a população em geral, inúmeras celebridades foram diagnosticadas com algum tipo de demência, algumas na terceira idade e outras de forma precoce. Suas histórias, repletas de talento e fama, ganham um novo capítulo de vulnerabilidade e coragem. Vamos conhecer as jornadas de estrelas que convivem ou conviveram com essa condição tão complexa.

O político Paulo Maluf em um evento oficial, com expressão séria.
O diagnóstico de Alzheimer tornou-se um ponto central na disputa judicial do ex-governador. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A trajetória do ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, ganhou contornos dramáticos em maio de 2022. Naquele período, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu negar a concessão de um indulto ao político. O centro do debate era a sua condição de saúde, que se tornara um fator crucial no processo.

A defesa de Maluf argumentou fortemente que um laudo médico crucial não havia sido devidamente considerado na análise do pedido. Assinado por três médicos, o documento diagnosticava o político com a doença de Alzheimer, uma condição degenerativa e séria. Essa alegação trouxe uma nova dimensão ao caso, misturando questões de saúde e justiça.

Vale lembrar que Maluf foi condenado em 2017 por lavagem de dinheiro, com uma pena de mais de sete anos em regime fechado. No entanto, ele já cumpria a pena em liberdade condicional desde fevereiro de 2022 por uma decisão do ministro Edson Fachin. A luta nos tribunais continuava, agora com o peso de um diagnóstico irreversível.

Malcolm Young: O silêncio do guerreiro do rock

Malcolm Young, guitarrista do AC/DC, tocando sua guitarra com intensidade no palco.
O som de sua guitarra marcou uma era, mas a demência o forçou a se afastar dos palcos. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Malcolm Young, o lendário guitarrista e fundador do AC/DC, era a espinha dorsal rítmica da banda que conquistou o mundo. Sua decisão de se aposentar em 2014 pegou os fãs de surpresa e deixou um vazio no coração do rock. A razão, no entanto, era uma batalha silenciosa e devastadora que ele travava longe dos holofotes.

Seu irmão e companheiro de banda, Angus Young, revelou a dolorosa verdade por trás do afastamento. Malcolm havia sido diagnosticado com demência e estava recebendo cuidados integrais em uma casa de repouso. A notícia abalou a comunidade musical, que via em Malcolm um verdadeiro ícone de força e perseverança.

A doença progrediu e, em 2017, o mundo da música se despediu de um de seus maiores talentos. Malcolm Young faleceu aos 64 anos, deixando um legado imortal de riffs e uma história de luta contra uma condição implacável. Sua música, no entanto, continua a ecoar com a mesma potência de sempre.

Charles Bronson: O adeus do durão de Hollywood

O ator Charles Bronson com seu característico bigode e olhar intenso.
Conhecido por seus papéis de homem forte, Bronson enfrentou uma luta frágil em seus últimos anos. (Fonte da Imagem: NL Beeld)

Charles Bronson foi o rosto dos filmes de ação por décadas, um verdadeiro sinônimo de herói durão nas telas do cinema. Seja em faroestes ou filmes de guerra, sua presença magnética o transformou em um nome conhecido em todo o mundo. No entanto, a idade trouxe desafios que nem mesmo o mais forte dos homens poderia vencer sozinho.

Ele decidiu se aposentar da atuação quando sua saúde começou a declinar, já na casa dos 70 anos. Em 2001, sua família confirmou o que muitos suspeitavam: o ator havia sido diagnosticado com a doença de Alzheimer. O homem que enfrentava vilões nas telas agora enfrentava um inimigo invisível e implacável.

Sua morte em 2005, aos 81 anos, foi resultado de uma triste combinação de fatores, incluindo câncer de pulmão, pneumonia e insuficiência cardíaca. O Alzheimer foi um fator contribuinte que marcou o fim da jornada de um dos maiores ícones do cinema de ação. Sua força, no entanto, permanece eternizada em seus filmes.

Robin Williams: A dor por trás do sorriso mais famoso

Robin Williams sorrindo calorosamente, um de seus traços mais marcantes.
O comediante que trouxe alegria a milhões lutava contra uma doença neurológica devastadora. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A notícia da morte de Robin Williams em 2014, aos 63 anos, chocou o mundo e deixou um sentimento de perda imensa. O ator, que por anos sofreu com depressão, paranoia, insônia e perda de memória, tirou a própria vida. O que muitos não sabiam era a complexa batalha neurológica que ele estava enfrentando em segredo.

A autópsia trouxe uma revelação dolorosa, mas esclarecedora, para sua família e para o público. Williams tinha demência por corpos de Lewy (DCL) em um estado muito avançado, uma condição que não havia sido diagnosticada em vida. Essa doença afeta o cérebro de forma agressiva, causando sintomas que se sobrepõem aos de Parkinson e Alzheimer.

Sua esposa, Susan Schneider Williams, afirmou que o diagnóstico póstumo finalmente deu sentido aos anos de declínio mental do ator. Ela se tornou uma grande defensora da conscientização sobre a DCL, transformando sua dor em uma missão para ajudar outras pessoas. A história de Robin Williams nos lembra da importância de olhar para além do sorriso e entender as lutas invisíveis.

Vanusa: A voz que se calou cedo demais

A cantora Vanusa no palco, durante uma de suas performances cheias de energia.
Uma das divas da MPB, Vanusa enfrentou uma longa batalha contra uma doença neurológica misteriosa. (Fonte da Imagem: AgNews/Francisco Silva)

O Brasil perdeu uma de suas vozes mais marcantes em 2020, quando a cantora Vanusa faleceu aos 73 anos devido a uma insuficiência respiratória. Sua partida deixou uma lacuna na música popular brasileira, mas também trouxe à tona uma longa e dolorosa jornada. Por trás do brilho nos palcos, havia uma luta de quase 15 anos contra uma doença neurológica.

Rafael, um de seus filhos, revelou que a mãe sofria de uma condição que levava à demência, com sintomas semelhantes ao Alzheimer, mas que nunca foi totalmente diagnosticada. A descoberta dessa doença ocorreu enquanto a artista tratava uma depressão, que era agravada pela dependência de medicamentos. Era uma teia complexa de desafios físicos e emocionais.

Consagrada por sucessos como ‘Manhãs de Setembro’ e ‘Paralelas’, Vanusa foi uma artista versátil que transitou pela Jovem Guarda, rock e psicodelia. Sua trajetória artística foi tão rica e complexa quanto sua batalha pessoal nos anos finais. Sua música, no entanto, permanece como um testemunho eterno de seu imenso talento.

Gene Hackman: O surpreendente desfecho de uma lenda

O ator Gene Hackman em uma foto de estúdio, com um olhar pensativo.
Uma carreira brilhante que teve um final inesperado, de acordo com as primeiras notícias. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Uma notícia chocante abalou o mundo do cinema em 26 de fevereiro, envolvendo o premiado ator Gene Hackman. Ele e sua esposa, Betsy Arakawa, teriam sido encontrados sem vida em sua residência no Novo México, nos Estados Unidos. As autoridades, a princípio, não relataram qualquer sinal de crime no local.

A causa da morte de Hackman foi atribuída a uma doença cardíaca, mas com um detalhe que chamou a atenção. O Alzheimer foi listado como um fator que contribuiu para o trágico desfecho. Essa informação adicionou uma camada de tristeza à perda de um dos maiores atores de sua geração.

A notícia da morte de uma figura tão icônica gerou uma onda de homenagens e lembranças de sua vasta contribuição ao cinema. Sua partida, ligada a uma condição tão debilitante, serviu como um lembrete da vulnerabilidade humana. O legado de Hackman, no entanto, já estava gravado na história da sétima arte.

Um Legado Cinematográfico Inesquecível

Gene Hackman em uma cena de filme, exibindo a intensidade que o tornou famoso.
De ‘Operação França’ a ‘Os Imperdoáveis’, sua versatilidade marcou o cinema para sempre. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A carreira de Gene Hackman é um verdadeiro tesouro cinematográfico, estendendo-se por mais de seis décadas de pura dedicação à arte. Ao longo desse tempo, ele acumulou os prêmios mais cobiçados da indústria. Foram dois Oscars, quatro Globos de Ouro e muitos outros reconhecimentos que atestam seu imenso talento.

Sua filmografia é um desfile de clássicos que definiram épocas e gerações de cinéfilos. Ele estrelou filmes icônicos como ‘Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas’ e ‘Operação França’. Sua capacidade de transitar entre papéis complexos, como em ‘Mississippi em Chamas’ e ‘Os Imperdoáveis’, era simplesmente genial.

O último trabalho de Hackman no cinema foi a comédia ‘Uma Eleição Muito Atrapalhada’, em 2004, antes de se retirar dos holofotes. Sua decisão de se aposentar marcou o fim de uma era, mas seus filmes continuam a ser estudados e admirados. Ele deixou uma marca indelével que poucos atores conseguem alcançar.

Sean Connery: O eterno 007 e sua última missão

Sean Connery com seu sorriso charmoso, personificando o icônico James Bond.
O ator que deu vida a James Bond enfrentou a demência em seus anos finais, longe das câmeras. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Sean Connery, o ator escocês que se tornou o rosto definitivo de James Bond para muitos, nos deixou em 2020. Ele faleceu aos 90 anos, encerrando uma vida de sucesso e aclamação mundial. Sua partida foi sentida por milhões de fãs que cresceram admirando seu charme e talento.

Em seus últimos anos, o lendário ator conviveu com a demência, uma batalha pessoal que ele enfrentou com discrição. A informação foi compartilhada por sua família, que esteve ao seu lado durante todo o processo. O astro que viveu aventuras incríveis na tela agora enfrentava um desafio muito real e interno.

A causa oficial de sua morte foi registrada como pneumonia e insuficiência cardíaca, condições muitas vezes complicadas pela fragilidade causada pela demência. Embora o mundo tenha perdido um grande ator, o legado de Sean Connery como o primeiro e icônico 007 é eterno. Ele sempre será lembrado como uma verdadeira lenda do cinema.

Gena Rowlands: Quando a arte imita uma dura realidade

Gena Rowlands (à direita) em uma cena do filme 'Diário de Uma Paixão'.
A atriz que interpretou uma personagem com Alzheimer acabou enfrentando a mesma doença na vida real. (Fonte da Imagem: NL Beeld)

A atriz Gena Rowlands, que faleceu em 14 de agosto de 2024, aos 94 anos, deixou um legado de atuações inesquecíveis. Ela era reverenciada por seu trabalho, especialmente nos filmes de seu marido, o diretor John Cassavetes. A vida, no entanto, reservou para ela um capítulo final que espelhava uma de suas performances mais famosas.

Antes de falecer, Gena vivia com a doença de Alzheimer, uma ironia dolorosa que seu filho, o diretor Nick Cassavetes, compartilhou. Foi ele quem a dirigiu em ‘Diário de Uma Paixão’, filme no qual ela interpretou Allie, uma mulher que sofria da mesma condição. A conexão entre a ficção e a realidade tornou-se incrivelmente forte e comovente.

Nick refletiu sobre essa estranha coincidência, lembrando como eles se esforçaram para retratar a doença com autenticidade no filme, sem saber que ela se tornaria a realidade de sua mãe anos depois. Com uma carreira que lhe rendeu Emmys, Globos de Ouro e um Oscar honorário, a história de Gena Rowlands é um poderoso lembrete de como a vida pode ser imprevisível.

Edyr de Castro: O brilho frenético que se apagou

Edyr de Castro (na ponta direita) com o grupo As Frenéticas, ícones dos anos 70.
A energia contagiante do grupo As Frenéticas contrastava com a luta silenciosa de uma de suas estrelas. (Fonte da Imagem: TV Globo / Alex Carvalho)

Uma das vozes do icônico grupo As Frenéticas, a atriz e cantora Edyr de Castro nos deixou em 2019, aos 72 anos. Sua morte, causada por falência múltipla dos órgãos, marcou o fim de uma era para a música brasileira. Ela estava internada tratando uma pneumonia, mas sua saúde já estava debilitada por uma condição de longo prazo.

A artista sofria do mal de Alzheimer, uma doença que a acompanhava e trazia grandes desafios. Sua trajetória, que incluiu sucessos contagiantes como ‘Dancin’ Days’ e ‘Perigosa’, foi marcada por uma energia vibrante. Nos bastidores, no entanto, ela enfrentava uma batalha que gradualmente roubava suas memórias.

Além de sua carreira musical, Edyr também deixou sua marca na teledramaturgia brasileira. Com participações em novelas como ‘Roque Santeiro’ e ‘Cabocla’, ela mostrou sua versatilidade como artista. Sua história é um lembrete do talento multifacetado que o Brasil perdeu.

Rita Hayworth: A Deusa do Amor e sua luta pela memória

A atriz Rita Hayworth, um dos maiores símbolos da Era de Ouro de Hollywood.
O diagnóstico da estrela de ‘Gilda’ ajudou a trazer o Alzheimer para o debate público. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Rita Hayworth foi uma das maiores e mais deslumbrantes estrelas da Era de Ouro de Hollywood, com uma beleza que parava o mundo. Apelidada de “A Deusa do Amor”, ela estrelou mais de 60 filmes e se tornou um ícone cultural. Contudo, por trás do glamour, uma doença desconhecida começava a se manifestar.

A atriz foi diagnosticada com a doença de Alzheimer aos 62 anos, uma idade relativamente jovem para a época. Esse diagnóstico, infelizmente, contribuiu para sua morte precoce aos 68 anos. Na década de 1980, o Alzheimer ainda era uma condição pouco compreendida pelo público e até pela comunidade médica.

O caso de Rita Hayworth teve um impacto profundo na conscientização sobre a doença. Ao associar um nome tão famoso a uma condição tão devastadora, sua história ajudou a trazer o Alzheimer para o centro das atenções. Sua luta pessoal acabou se tornando um marco na história da medicina e da saúde pública.

Tony Bennett: A música que resistiu ao esquecimento

O cantor Tony Bennett sorrindo no palco, ao lado de Lady Gaga.
Mesmo com o avanço do Alzheimer, a música permanecia viva na mente do lendário cantor. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O lendário cantor Tony Bennett recebeu o diagnóstico da Doença de Alzheimer em 2016, um fato que ele e sua família mantiveram em privado. A informação só foi divulgada ao público em 2021, quando o artista já tinha 94 anos. A revelação mostrou a coragem com que ele enfrentou a condição nos bastidores.

Apesar do declínio de sua memória, algo extraordinário acontecia quando ele subia ao palco. Sua grande amiga e parceira musical, Lady Gaga, afirmava que ele sabia exatamente o que estava fazendo assim que a música começava a tocar. Era como se a arte fosse um refúgio seguro para sua mente.

Infelizmente, o mundo da música se despediu dessa lenda em 21 de julho de 2023, aos 96 anos. A jornada de Tony Bennett com o Alzheimer foi um poderoso testemunho da resiliência do espírito humano. Ele provou que, mesmo quando as memórias se apagam, a essência da arte pode permanecer intacta.

James Stewart: O adeus discreto de um gigante do cinema

O ator James Stewart, conhecido por seus papéis em clássicos de Hollywood.
Um dos atores mais amados da história do cinema, sua luta contra o Alzheimer foi mantida em privado. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A carreira de James Stewart é um pilar da história do cinema, atravessando cinco décadas de filmes inesquecíveis. Ele era o rosto do homem comum americano, com um talento que o tornou um dos atores mais queridos de todos os tempos. Sua vida profissional foi intensa e longa, mas o ritmo diminuiu em seus anos finais.

O ator só começou a desacelerar de verdade após receber um diagnóstico que mudaria tudo. Por volta dos 80 anos, James Stewart foi diagnosticado com a doença de Alzheimer, uma condição que ele enfrentou de forma discreta. Longe dos holofotes, ele travava sua última e mais difícil batalha.

O astro faleceu em 1997, aos 89 anos, vítima de um ataque cardíaco. Sua luta contra o Alzheimer, embora privada, marcou o capítulo final de uma vida extraordinária. O legado de seus filmes, como “A Felicidade Não se Compra”, continua a inspirar e emocionar plateias no mundo todo.

Margaret Thatcher: A Dama de Ferro e sua luta final

Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra britânica, em um discurso oficial.
A poderosa líder política enfrentou a demência em seus últimos anos, longe do poder. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Conhecida como a “Dama de Ferro”, Margaret Thatcher foi a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra da Grã-Bretanha. Sua liderança forte e, por vezes, controversa, deixou uma marca indelével na política mundial. Ela era vista como uma figura inabalável, mas seus últimos anos revelaram sua vulnerabilidade.

No final de sua vida, a ex-líder política conviveu com a demência, uma condição que a afastou da vida pública. A mulher que comandou uma nação com punho firme agora enfrentava um desafio interno e silencioso. Essa fase de sua vida mostrou um lado diferente da figura pública que todos conheciam.

Margaret Thatcher faleceu em 2013, aos 87 anos, em decorrência de um derrame. Sua batalha contra a demência foi um capítulo final agridoce em uma vida de poder e influência. A história da Dama de Ferro nos lembra que, por trás de qualquer figura pública, existe um ser humano suscetível às fragilidades da vida.

Marco Maciel: O vice-presidente e sua batalha discreta

Marco Maciel ao lado de José Serra, ambos figuras importantes da política brasileira.
O ex-vice-presidente do Brasil conviveu com o Alzheimer por vários anos antes de seu falecimento. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Marco Maciel foi uma figura central na política brasileira, atuando como vice-presidente do Brasil durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Sua carreira foi marcada pela discrição e pela habilidade de articulação nos bastidores do poder. Ele faleceu em junho de 2021, aos 80 anos, deixando um legado de serviço público.

O ex-senador conviveu com a doença de Alzheimer desde 2014, uma luta que ele travou longe dos holofotes da mídia. A condição foi se agravando ao longo dos anos, exigindo cuidados constantes de sua família. Sua jornada com a doença mostra como ela pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua posição social.

Segundo a equipe médica que o acompanhava, a causa de sua morte foi um quadro infeccioso respiratório. Essa complicação é comum em pacientes com Alzheimer em estágio avançado, devido à fragilidade do sistema imunológico. A partida de Marco Maciel foi um momento de luto para a política nacional.

Estelle Getty: A saudade da Sophia de ‘Supergatas’

A atriz Estelle Getty, eternizada como a personagem Sophia Petrillo da série 'Supergatas'.
Sua personagem era conhecida pela língua afiada, mas na vida real a atriz lutou contra a demência. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Quem não se lembra da hilária e sarcástica Sophia Petrillo, da inesquecível série ‘Supergatas’? A atriz Estelle Getty deu vida a essa personagem icônica e conquistou o coração de milhões de fãs. Sua performance como a matriarca siciliana é lembrada com carinho até hoje.

A vida, no entanto, reservou um final agridoce para a talentosa atriz, que faleceu em 2008. Estelle Getty morreu poucos dias antes de completar 84 anos, vítima de demência por corpos de Lewy. Essa é a mesma condição que afetou o ator Robin Williams, conhecida por seus sintomas complexos e debilitantes.

A partida de Estelle Getty deixou uma grande saudade no mundo da comédia e da televisão. Sua habilidade de fazer rir e sua presença cativante a tornaram uma estrela amada por diferentes gerações. A memória de Sophia continua viva, trazendo sorrisos e lembranças de uma era de ouro da TV.

Bruce Willis: A dura realidade por trás do herói de ação

O ator Bruce Willis em um evento, com seu sorriso característico.
O astro de ‘Duro de Matar’ se aposentou após um diagnóstico que mudou sua vida para sempre. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A notícia da aposentadoria de Bruce Willis em 2022 pegou todos de surpresa e entristeceu seus fãs. A família do ator anunciou que ele estava se afastando da atuação após ser diagnosticado com afasia, um distúrbio de linguagem. Esse foi apenas o primeiro passo de uma jornada médica muito mais complexa.

No início de 2023, sua família compartilhou uma nova e triste atualização sobre seu estado de saúde. Bruce Willis havia recebido um diagnóstico mais específico: demência frontotemporal (DFT). Essa forma rara de demência afeta principalmente a personalidade, o comportamento e a linguagem, em vez da memória.

A coragem de sua família em compartilhar a notícia ajudou a trazer visibilidade para a DFT. Aos 67 anos, o eterno herói de ação agora enfrentava seu maior desafio, longe das câmeras. Sua história se tornou um importante alerta sobre as formas menos conhecidas de demência.

Entendendo a Demência Frontotemporal

Bruce Willis com um olhar sério, refletindo a gravidade de sua condição.
A DFT afeta a personalidade e o comportamento, sendo um desafio imenso para o paciente e a família. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A demência frontotemporal, condição diagnosticada em Bruce Willis, apresenta sintomas muito angustiantes. As mudanças de comportamento são um dos sinais mais comuns e difíceis de lidar. A pessoa pode se tornar impulsiva, apática ou socialmente inadequada, o que é muito doloroso para os entes queridos.

A perda de empatia e a dificuldade em regular as emoções também são características marcantes dessa doença. O paciente pode parecer insensível ou indiferente aos sentimentos dos outros, não por maldade, mas como um sintoma da degeneração cerebral. É uma condição que transforma a própria essência de quem a pessoa é.

A jornada com a DFT é um desafio imenso tanto para quem sofre da doença quanto para a família e os cuidadores. O diagnóstico de Bruce Willis, compartilhado publicamente, trouxe uma luz importante sobre essa condição. A conscientização é o primeiro passo para oferecer mais apoio e buscar avanços na pesquisa.

Ronald Reagan: Do poder em Washington à luta pela memória

Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos, acenando para o público.
O ex-presidente dos EUA foi diagnosticado com Alzheimer anos após deixar a Casa Branca. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Ronald Reagan teve uma trajetória impressionante, indo dos estúdios de Hollywood para a cadeira mais poderosa do mundo. Como presidente dos Estados Unidos, ele foi uma figura central na política global durante os anos 80. Sua vida após a presidência, no entanto, foi marcada por uma batalha pessoal e silenciosa.

Ele faleceu em 2004, aos 93 anos, vítima de pneumonia, mas sua esposa, Nancy Reagan, revelou algo que o público não sabia. O ex-presidente conviveu com a doença de Alzheimer nos últimos 10 anos de sua vida. O diagnóstico foi mantido em privado, mas a doença causou complicações que contribuíram para sua morte.

A revelação de Nancy Reagan sobre a condição do marido teve um grande impacto na sociedade americana. A história de um homem tão poderoso enfrentando uma doença tão debilitante ajudou a humanizá-lo e a aumentar a conscientização. Sua luta final se tornou parte importante de seu complexo legado.

Etta James: A voz do blues e o silêncio do Alzheimer

A cantora Etta James se apresentando com toda a paixão que a caracterizava.
Uma das maiores vozes do século XX, Etta James lutou contra o Alzheimer em seus últimos anos. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Etta James possuía uma das vozes mais poderosas e emocionantes do século XX, uma verdadeira força da natureza no blues e no soul. Sua interpretação de clássicos como “At Last” é atemporal e continua a tocar corações em todo o mundo. Sua carreira foi longa e cheia de sucessos, mas o final de sua vida foi marcado por um grande desafio.

A cantora foi diagnosticada com a doença de Alzheimer em 2008, quando já tinha 70 anos. A notícia foi um golpe para seus fãs e para o mundo da música, que viam nela um símbolo de força. A doença progrediu rapidamente, e ela faleceu pouco tempo depois, em 2012.

A jornada de Etta James com o Alzheimer encerrou a carreira de uma das maiores divas da música. Sua voz inconfundível se calou, mas seu legado musical é imortal. Ela será para sempre lembrada como uma artista que cantava com a alma e que deixou uma marca indelével na história.

Maguila: O último round do gigante brasileiro

O ex-lutador de boxe Maguila, um ícone do esporte no Brasil.
O campeão dos ringues enfrentou uma forma de demência ligada diretamente à sua carreira no boxe. (Fonte da Imagem: Getty Images / Tv Globo)

O Brasil se despediu de um de seus maiores ícones do esporte em 24 de outubro de 2024. José Adilson Rodrigues dos Santos, o nosso eterno Maguila, faleceu aos 66 anos, encerrando uma vida de lutas e glórias. O ex-lutador de boxe foi vítima de demência pugilística, uma condição trágica e diretamente ligada à sua profissão.

Ele sofria de Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), uma doença cerebral incurável causada por repetidos golpes na cabeça. Essa condição tem sintomas muito parecidos com o mal de Alzheimer e afeta muitos atletas de esportes de contato. A carreira que lhe deu fama também lhe deixou uma herança cruel e irreversível.

Maguila passou seus últimos anos em uma clínica em Itu, no interior de São Paulo, recebendo cuidados paliativos. O objetivo era garantir mais qualidade de vida e longevidade para o campeão. Sua história é um alerta sobre os perigos a longo prazo do boxe e de outros esportes de impacto.

Vincente Minnelli: O mestre por trás das câmeras

O diretor de cinema Vincente Minnelli, que foi casado com Judy Garland.
Pai de Liza Minnelli, o aclamado diretor também sofreu com a doença de Alzheimer. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Vincente Minnelli foi um dos grandes diretores da Era de Ouro de Hollywood, conhecido por seu estilo visual deslumbrante. Ele foi casado com a lendária Judy Garland e era pai da igualmente talentosa Liza Minnelli. Sua vida foi dedicada ao cinema, criando musicais e dramas que se tornaram clássicos.

Em seus últimos anos, o famoso diretor começou a apresentar sinais de declínio cognitivo e sofreu com a doença de Alzheimer. A condição o afetou profundamente, tirando parte do brilho de uma mente tão criativa. A doença marcou um final melancólico para uma carreira tão vibrante.

Ele faleceu em 1986, aos 83 anos, devido a complicações de enfisema e pneumonia. O Alzheimer foi um fator que contribuiu para a fragilidade de sua saúde no final da vida. Seu legado, no entanto, vive através de seus filmes, que continuam a encantar o público com sua magia e arte.

Omar Sharif: O galã de ‘Doutor Jivago’ e sua perda de memória

O ator egípcio Omar Sharif, estrela de clássicos como 'Lawrence da Arábia'.
Sua memória para os roteiros começou a falhar, um dos primeiros sinais da doença. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O ator egípcio Omar Sharif era sinônimo de elegância e talento, estrelando alguns dos maiores épicos do cinema. De ‘Lawrence da Arábia’ a ‘Doutor Jivago’, sua presença nas telas era magnética e inesquecível. No entanto, seus últimos anos foram marcados por uma luta contra o esquecimento.

Em 2015, seu filho anunciou que a lenda do cinema havia sido diagnosticada com a doença de Alzheimer. A família percebeu que algo estava errado quando ele começou a ficar confuso e a esquecer os nomes de seus filmes mais famosos. Era um sinal doloroso de que a doença estava avançando.

Omar Sharif morreu de um ataque cardíaco no mesmo ano em que seu diagnóstico foi revelado, aos 83 anos. Sua partida deixou um vazio no cinema mundial, mas sua obra permanece como um testemunho de seu imenso talento. Ele será para sempre lembrado como um dos grandes galãs da história do cinema.

Evelyn Keyes: A estrela de ‘E o Vento Levou’

A atriz Evelyn Keyes, que participou do clássico 'E o Vento Levou'.
Uma carreira que começou na Era de Ouro de Hollywood e terminou com uma longa batalha contra o Alzheimer. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Evelyn Keyes foi uma das estrelas que brilharam na Era de Ouro de Hollywood, participando de filmes que se tornaram imortais. Ela é lembrada por seu papel em ‘E o Vento Levou’, além de outros clássicos como ‘O Pecado Mora ao Lado’. Sua carreira foi longa e repleta de momentos marcantes na história do cinema.

Na década de 1990, a atriz foi diagnosticada com a doença de Alzheimer, uma condição que a acompanhou por muitos anos. Ela enfrentou a doença com a mesma força que demonstrou em suas personagens. Sua luta foi um capítulo final e desafiador em uma vida cheia de glamour e sucesso.

Evelyn Keyes faleceu em 2008, aos 91 anos, vítima de um câncer, com o Alzheimer sendo um fator complicador. Sua partida encerrou a trajetória de mais uma das grandes damas de Hollywood. Seu trabalho, no entanto, continua a ser apreciado por cinéfilos de todo o mundo.

Charlton Heston: O ativismo e a luta final de um ícone

O ator Charlton Heston, famoso por papéis épicos como Ben-Hur.
De ‘Ben-Hur’ ao ativismo, Heston teve uma vida intensa antes do diagnóstico de Alzheimer. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Charlton Heston não foi apenas um ator premiado, mas também uma figura pública de grande influência. Ele é lembrado tanto por seus papéis épicos no cinema quanto por seu engajamento como ativista. Sua vida foi um misto de arte e política, defendendo desde os direitos civis até causas mais conservadoras.

Em 2002, Heston tomou a difícil decisão de se aposentar da atuação, um anúncio que entristeceu seus admiradores. A razão por trás dessa escolha foi um diagnóstico de doença de Alzheimer. O homem que interpretou Moisés e Ben-Hur agora enfrentava uma jornada de grande vulnerabilidade.

Ele faleceu em 2008, aos 84 anos, encerrando uma vida de realizações e controvérsias. Sua luta contra o Alzheimer nos últimos anos foi um lembrete da fragilidade humana, mesmo para os maiores ícones. Seu legado no cinema e no debate público, no entanto, permanece vivo e relevante.

Maurício Kubrusly: O repórter do Brasil e sua nova jornada

O jornalista Maurício Kubrusly, famoso pelo quadro 'Me Leva Brasil' no Fantástico.
O jornalista que viajou o Brasil mostrando suas histórias hoje vive uma rotina tranquila na Bahia. (Fonte da Imagem: TV Globo / Zé Paulo Cardeal)

Maurício Kubrusly se tornou um rosto familiar para milhões de brasileiros com seu quadro ‘Me Leva Brasil’, no Fantástico. Sua sensibilidade para encontrar e contar histórias únicas pelo país o transformou em um ícone do jornalismo. Em agosto de 2023, ele recebeu uma emocionante homenagem no especial de 50 anos do programa.

Durante o tributo, foi revelado que o icônico repórter havia sido diagnosticado com Demência Fronto Temporal (DFT). A notícia trouxe à tona o estado de saúde do jornalista, que hoje vive uma vida mais reclusa. A revelação foi um momento de grande comoção para seus colegas e para o público.

Atualmente, Maurício Kubrusly vive no sul da Bahia com sua esposa, Beatriz, e seu cachorro, Shiva. Ele trocou a agitação de São Paulo pela tranquilidade da natureza após o diagnóstico. Como a homenagem no Fantástico bem disse, a memória pode ter se perdido, mas sua paixão pela vida e pelo povo brasileiro permanece.

Sugar Ray Robinson: A demência de um dos maiores boxeadores

O lendário boxeador Sugar Ray Robinson em posição de luta.
Considerado por muitos o maior de todos os tempos, ele também enfrentou o Alzheimer. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O nome Sugar Ray Robinson é sinônimo de excelência no boxe, sendo lembrado como um dos maiores lutadores de todos os tempos. Sua agilidade, força e técnica o tornaram uma lenda nos ringues. Sua vida, no entanto, teve um capítulo final marcado por uma doença degenerativa.

O ex-lutador faleceu em 1989, aos 87 anos, encerrando uma vida de glórias e desafios. Em seus últimos anos, ele conviveu com a doença de Alzheimer, uma condição que gradualmente minou sua saúde. O campeão que parecia invencível no auge de sua carreira enfrentou um adversário implacável.

A história de Sugar Ray Robinson, assim como a de outros boxeadores, levanta questões sobre os efeitos a longo prazo do esporte. Sua luta contra o Alzheimer é um lembrete dos riscos associados aos traumas cranianos repetitivos. Seu legado no esporte, contudo, permanece intacto como um dos pilares da história do boxe.

Glenn Campbell: O cowboy do strass e sua despedida musical

O astro da música country Glenn Campbell com seu violão.
Sua música ‘Rhinestone Cowboy’ marcou uma geração, mas sua luta final foi documentada de perto. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Glenn Campbell, o astro da música country, ficou eternizado por seu hit de 1975, ‘Rhinestone Cowboy’. Com mais de 70 álbuns lançados, sua carreira foi um exemplo de longevidade e sucesso. No entanto, em 2011, ele compartilhou uma notícia que mudaria o rumo de sua vida.

O cantor anunciou publicamente que havia sido diagnosticado com a doença de Alzheimer, uma decisão corajosa que o levou a se aposentar dos palcos. Em vez de se esconder, ele decidiu transformar sua jornada em uma ferramenta de conscientização. Ele não queria que sua história fosse de silêncio, mas de luta e visibilidade.

Sua atitude inspiradora abriu caminho para um dos projetos mais emocionantes de sua carreira. Ele decidiu documentar sua condição, mostrando ao mundo a realidade de viver com Alzheimer. Essa decisão deu origem a um documentário aclamado e uma última canção inesquecível.

Um Adeus Premiado e Inspirador

Glenn Campbell no palco, em uma de suas últimas turnês de despedida.
O documentário ‘I’ll Be Me’ e a canção final renderam prêmios e muita emoção. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O documentário sobre sua condição, intitulado ‘Glen Campbell: I’ll Be Me’, foi lançado em 2014 e aclamado pela crítica. O filme mostrava de forma honesta e comovente os desafios da doença em seu dia a dia. Foi uma despedida pública que tocou o coração de milhões de pessoas em todo o mundo.

Dentro do documentário, estava a última música gravada pelo artista, ‘I’m Not Gonna Miss You’. A canção, uma carta de despedida comovente, ganhou um Grammy e foi indicada ao Oscar de Melhor Canção Original. Foi a prova de que seu talento musical resistia bravamente ao avanço da doença.

Glenn Campbell faleceu em 2017, aos 81 anos, deixando um legado que vai além da música. Ele usou sua plataforma para educar o público sobre o Alzheimer, transformando sua dor em esperança. Sua coragem em compartilhar sua história continua a inspirar muitas famílias que enfrentam o mesmo desafio.

Rosa Parks: A luta silenciosa da icônica ativista

A ativista dos direitos civis Rosa Parks, um símbolo da luta contra a segregação racial.
Sua recusa em ceder o assento no ônibus mudou a história, mas seus últimos anos foram de reclusão. (Fonte da Imagem: Public Domain)

Rosa Parks é um nome que ecoa na história como um símbolo de coragem e resistência. A ativista dos direitos civis ficou mundialmente famosa por se recusar a ceder seu lugar em um ônibus para um passageiro branco. Esse ato de desobediência civil se tornou um estopim para o movimento dos direitos civis nos Estados Unidos.

Após esse evento histórico, ela continuou a ser uma figura icônica, mas optou por viver uma vida relativamente tranquila. Em 1992, ela publicou sua autobiografia, ‘My Story’, compartilhando suas experiências e perspectivas. Sua vida foi um testemunho de dignidade e luta por igualdade.

Em seus últimos anos, Rosa Parks foi diagnosticada com demência, uma batalha que ela travou de forma privada. A mulher que enfrentou o sistema de segregação agora enfrentava um desafio interno e silencioso. Ela faleceu em 2005, aos 92 anos, deixando um legado imortal de coragem e justiça.

Norman Rockwell: Quando a arte perde a memória

O pintor americano Norman Rockwell em seu estúdio, trabalhando em uma de suas obras.
A demência o impediu de continuar a pintar, calando o pincel de um dos maiores artistas dos EUA. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Norman Rockwell é um dos pintores americanos mais celebrados do século XX, conhecido por suas cenas do cotidiano que capturavam a alma da América. Suas ilustrações para a capa da revista “The Saturday Evening Post” se tornaram icônicas. Sua arte era uma janela para um mundo de nostalgia e otimismo.

No entanto, a criatividade do artista foi silenciada por uma doença implacável em seus últimos anos. Rockwell foi diagnosticado com demência, uma condição que o tornou incapaz de continuar com sua arte. Para um pintor, perder a conexão com a mente e as mãos é uma tragédia indescritível.

O artista plástico morreu em 1978, aos 84 anos, de enfisema, com a demência sendo um fator de grande impacto em seu bem-estar final. Suas pinturas, no entanto, continuam a ser amadas e exibidas em todo o mundo. Elas são um testemunho duradouro de um talento que, por um tempo, conseguiu parar o tempo em suas telas.

Willem de Kooning: O expressionismo abstrato e a perda da memória

O pintor expressionista abstrato Willem de Kooning.
Mesmo com o diagnóstico de Alzheimer, o artista continuou a produzir obras controversas. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Outro grande nome da arte do século XX, Willem de Kooning, foi um pioneiro do expressionismo abstrato. Suas obras, cheias de energia e cor, desafiaram as convenções e o estabeleceram como uma figura central no mundo da arte. Sua mente criativa, no entanto, começou a enfrentar um declínio inevitável.

Na casa dos 70 anos, o artista começou a sofrer com uma perda de memória progressiva. Na década de 1980, ele foi oficialmente diagnosticado com a doença de Alzheimer. A notícia gerou um grande debate sobre a autoria e o valor das obras que ele produziu enquanto já estava doente.

Willem de Kooning morreu da doença em 1997, aos 92 anos, deixando para trás um legado complexo e fascinante. Sua história levanta questões profundas sobre a relação entre a arte, a mente e a identidade. Ele nos força a questionar onde termina a genialidade e onde começa a doença.

Peter Falk: O detetive Columbo e sua última investigação

O ator Peter Falk caracterizado como o inesquecível detetive Columbo.
O ator que deu vida ao perspicaz detetive foi diagnosticado com Alzheimer em seus últimos anos. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Peter Falk será eternamente lembrado como o detetive Columbo, com seu jeito desajeitado, seu casaco amassado e sua mente brilhante. O ator e comediante deu vida a um dos personagens mais queridos da história da televisão. “Só mais uma coisinha” se tornou um bordão conhecido em todo o mundo.

A vida real, no entanto, apresentou a Falk um mistério que ele não pôde resolver. Em 2008, o ator foi diagnosticado com a doença de Alzheimer, uma condição que gradualmente apagou suas memórias. O homem que desvendava os crimes mais complexos na ficção agora lutava para manter suas próprias lembranças.

Ele faleceu em 2011, aos 83 anos, de pneumonia com complicações causadas pelo Alzheimer. A partida de Peter Falk deixou uma legião de fãs saudosos do detetive que sempre conseguia a verdade. Seu legado na TV é um testemunho de seu talento único para a comédia e o drama.

Casey Kasem: A voz do Salsicha e sua batalha final

Casey Kasem, famoso locutor de rádio e a voz original do personagem Salsicha.
Por trás da voz icônica de ‘Scooby-Doo’, havia uma luta dolorosa contra a demência. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Casey Kasem foi uma das vozes mais reconhecidas do rádio americano por décadas, comandando o famoso programa “American Top 40”. Além disso, ele emprestou sua voz inconfundível para um personagem que marcou gerações: o Salsicha, da franquia ‘Scooby-Doo’. Sua voz era sinônimo de entretenimento e diversão.

Ele se aposentou em 2009, e alguns anos depois, sua filha revelou uma notícia devastadora. Kasem havia sido diagnosticado com demência por corpos de Lewy, uma doença neurológica agressiva. Sua condição se tornou tão grave que, antes de sua morte, ele já não conseguia mais falar ou cuidar de si mesmo.

O famoso locutor faleceu em 2014, aos 82 anos, após uma batalha judicial conturbada entre seus familiares por sua tutela. Sua história triste e complexa trouxe à tona os desafios legais e emocionais que cercam o cuidado de pacientes com demência. A voz que alegrou tantos se calou em meio a uma grande dor.

Barbara Windsor: O ícone britânico e sua campanha de conscientização

A atriz britânica Barbara Windsor, um ícone do cinema e da TV no Reino Unido.
Após seu diagnóstico, a atriz e seu marido se tornaram grandes defensores da causa do Alzheimer. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A atriz Barbara Windsor era um verdadeiro tesouro nacional no Reino Unido, amada por suas aparições nos filmes ‘Carry On’ e na novela ‘EastEnders’. Sua personalidade vibrante e seu sorriso contagiante a tornaram uma das figuras mais queridas do entretenimento britânico. Ela era um ícone que atravessou gerações.

Em 2018, seu marido revelou que a atriz havia sido diagnosticada com a doença de Alzheimer em 2014. Em vez de se esconderem, eles decidiram usar sua plataforma para fazer a diferença. Juntos, eles se tornaram importantes porta-vozes na luta pela conscientização da doença.

Windsor e seu marido fizeram campanha incansavelmente para arrecadar fundos e melhorar os cuidados para pacientes com demência. Ela lutou até o fim, falecendo em 2019, aos 83 anos. Sua coragem em compartilhar sua jornada transformou seu capítulo final em um poderoso legado de ativismo e esperança.

Terry Pratchett: A fantasia que enfrentou a realidade

O autor britânico Terry Pratchett, criador da aclamada série de livros 'Discworld'.
O mestre da fantasia usou sua própria experiência com o Alzheimer para educar e inspirar. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Terry Pratchett era um verdadeiro mágico das palavras, um autor britânico famoso por seus livros de fantasia cômica, especialmente a série ‘Discworld’. Seu trabalho, que inspirou séries de TV como ‘Belas Maldições’, era uma mistura única de humor, sátira e profunda humanidade. Ele criou mundos que encantaram milhões de leitores.

Infelizmente, em 2007, a vida do autor tomou um rumo inesperado e trágico. Ele foi diagnosticado com uma forma rara de Alzheimer de início precoce, uma notícia que ele compartilhou com o mundo com sua característica franqueza e humor. A fantasia de sua escrita agora encontrava a dura realidade da doença.

Antes de sua morte em 2015, aos 66 anos, Pratchett se tornou um fervoroso defensor da conscientização e pesquisa sobre o Alzheimer. Ele fez contribuições financeiras substanciais e até narrou uma série de TV da BBC sobre sua experiência. Ele enfrentou sua “contrariedade”, como chamava a doença, com a mesma inteligência e coragem de seus personagens.

Perry Como: A voz suave e o adeus silencioso

O cantor e ator Perry Como, conhecido como 'Mr. C'.
Com uma carreira de 50 anos, seus últimos dias foram afetados pelos sintomas do Alzheimer. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Apelidado carinhosamente de “Mr. C”, Perry Como foi um cantor e ator cuja carreira se estendeu por incríveis 50 anos. Sua voz suave e seu jeito descontraído o tornaram uma presença constante e reconfortante nos lares de milhões de pessoas. Ele era a personificação do entretenimento familiar de qualidade.

Sua longa e ilustre carreira chegou a um fim natural, mas seus últimos anos foram marcados por um desafio de saúde. O artista começou a sofrer com sintomas relacionados à doença de Alzheimer, uma condição que gradualmente o afastou da vida pública. A voz que embalou tantos sonhos agora enfrentava o silêncio da doença.

Perry Como faleceu tranquilamente enquanto dormia em 2001, aos 89 anos. Sua partida encerrou um capítulo importante na história da música popular americana. Seu legado de canções atemporais e seu estilo inconfundível continuam a ser apreciados por novas gerações.

Eddie Albert: O adeus de um ator de clássicos

O ator Eddie Albert, que estrelou filmes como 'A Princesa e o Plebeu'.
Após ser diagnosticado com Alzheimer, o ator viveu por mais uma década, falecendo aos 99 anos. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Eddie Albert foi um rosto familiar no cinema clássico, conhecido por suas atuações em filmes como ‘A Princesa e o Plebeu’ e ‘O Rapaz Que Partia Corações’. Sua versatilidade como ator lhe rendeu duas indicações ao Oscar e um lugar especial no coração dos cinéfilos. Ele teve uma carreira notável que se estendeu por várias décadas.

Em 1995, o ator recebeu o diagnóstico da doença de Alzheimer, uma notícia que marcou o início de uma longa batalha. Apesar da condição, ele continuou a viver por mais uma década, cuidado por sua família. Sua jornada com a doença foi um testemunho de resiliência.

Eddie Albert faleceu em 2005, aos 99 anos, vítima de pneumonia. Sua longevidade, mesmo após o diagnóstico, foi notável. Ele deixou para trás uma filmografia rica e a memória de um ator talentoso e dedicado à sua arte.

Tyler James Mitchell
  • Tyler James Mitchell é o jornalista e autor por trás do blog Curiosão, apaixonado por desvendar temas de história e ciência. Sua missão é transformar o conhecimento complexo em narrativas acessíveis e fascinantes para o público.