Curiosão

Famosos que a Igreja Católica expulsou para sempre

Imagine ser tão controverso que a maior autoridade religiosa do mundo decide te banir oficialmente.

Ao longo dos séculos, diversas figuras públicas não apenas discordaram da Igreja Católica, mas foram muito além. Suas ações, fossem por ambição política, desafios à doutrina ou escândalos pessoais, provocaram a ira do Vaticano. A consequência foi a pena máxima que a Igreja pode aplicar em vida, a excomunhão.

Essa medida extrema não era apenas um título, mas uma decisão com impactos profundos na vida pública e privada dessas pessoas. De monarcas poderosos e revolucionários a verdadeiros ícones da cultura pop, a lista de “pecadores” famosos é surpreendente. Cada história revela um embate único entre poder, fé e rebeldia.

E não pense que isso é apenas uma relíquia do passado, pois a Igreja ainda utiliza esse recurso em casos específicos. Essas histórias mostram como a linha entre a devoção e o desafio pode ser incrivelmente tênue. Vamos conhecer quem são essas personalidades que entraram para a história por motivos nada sagrados.

Fidel Castro: O líder comunista que desafiou o Papa

Fidel Castro discursando, com uma expressão séria e concentrada.
A ascensão de Castro ao poder em Cuba marcou o início de um longo conflito com a Igreja Católica. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A chegada de Fidel Castro ao poder em Cuba representou uma virada drástica nas relações com a Igreja Católica. O novo governo comunista via a instituição religiosa como uma opositora direta de sua ideologia. Por isso, medidas duras foram tomadas para minar a influência do clero na ilha.

Uma das primeiras ações de Castro foi nacionalizar todas as escolas católicas, retirando da Igreja seu papel fundamental na educação. Além disso, mais de 130 padres foram sumariamente expulsos e enviados para a Espanha, um golpe direto na estrutura eclesiástica. A circulação de publicações religiosas também foi severamente restringida, silenciando a voz da fé.

A consequência mais drástica veio em 1962, quando o Papa João XXIII supostamente o excomungou. O motivo teria sido um decreto de 1949 que proibia qualquer católico de se filiar a partidos comunistas. Essa decisão do Vaticano colocou Fidel Castro oficialmente na lista de inimigos da Igreja.

A polêmica sobre sua excomunhão

Fidel Castro em um momento de reflexão, olhando para o lado.
Até hoje, existem debates sobre o momento exato e o motivo da excomunhão do líder cubano. (Fonte da Imagem: Reuters)

A história da excomunhão de Fidel, no entanto, é cheia de nuances e debates entre os estudiosos. Alguns argumentam que a punição não foi por causa do decreto de 1949. Eles acreditam que o estopim foi a expulsão do bispo Eduardo Boza Masvidal de Cuba.

Esse ato de expulsar uma alta autoridade da Igreja seria uma violação direta da lei canônica. De acordo com as regras do Vaticano, uma ação como essa resultaria em uma excomunhão automática. Portanto, a punição teria sido uma consequência inevitável de suas próprias decisões.

Por outro lado, outros especialistas levantam dúvidas se essa excomunhão foi, de fato, oficialmente aplicada pelo Vaticano. A falta de um documento formal ou de uma declaração clara gera controvérsias. O status de Fidel perante a Igreja permanece, para alguns, uma questão em aberto.

Trinta anos sem Natal em Cuba

Fidel Castro encontrando-se com o Papa Francisco em um momento histórico.
Apesar dos conflitos, Castro teve encontros com dois Papas, mostrando a complexidade da relação. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A repressão de Fidel Castro à Igreja Católica em Cuba foi longa e implacável, deixando marcas profundas na cultura do país. Um dos atos mais notáveis e simbólicos de seu governo foi a proibição do Natal. A celebração ficou suspensa por impressionantes 30 anos, entre 1969 e 1998.

Essa relação hostil, contudo, teve momentos de reaproximação diplomática que surpreenderam o mundo. Em 1998, um ano em que o Natal voltou a ser feriado, Castro se encontrou com o Papa João Paulo II em uma visita histórica a Cuba. Esse encontro sinalizou uma pequena trégua entre os dois lados.

Anos depois, em 2015, a história se repetiu quando Fidel se reuniu com o Papa Francisco. Apesar de uma vida inteira de antagonismo e de uma excomunhão, esses encontros mostraram a complexa dinâmica política e religiosa. A relação entre o líder cubano e o Vaticano foi, sem dúvida, uma das mais turbulentas do século XX.

Sinéad O’Connor: A voz rebelde que pediu para ser expulsa

A cantora Sinéad O'Connor olhando intensamente para a câmera.
A trajetória da cantora irlandesa foi marcada por um profundo e doloroso confronto com a Igreja Católica. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A falecida cantora e compositora irlandesa Sinéad O’Connor teve uma relação extremamente conturbada com a Igreja Católica. Sua história pessoal com a instituição começou de forma traumática, quando, ainda criança, foi enviada para uma Lavanderia Madalena. Esses locais, administrados pela Igreja, eram notórios por submeter “mulheres caídas” a condições desumanas e abusivas.

Essa experiência deixou cicatrizes profundas que moldaram seu ativismo e sua arte para sempre. O mundo testemunhou sua revolta em 1992, em um dos momentos mais chocantes da história da televisão. Durante sua apresentação no programa ‘Saturday Night Live’, ela rasgou uma foto do Papa João Paulo II em protesto.

Aquele ato audacioso não foi apenas um gesto de rebeldia, mas uma declaração de guerra contra o que ela via como a hipocrisia e os abusos da Igreja. Sua coragem a transformou em um símbolo de protesto, mas também lhe custou caro. A partir daquele momento, ela se tornou uma das artistas mais polêmicas de sua geração.

O caminho para a ordenação e o pedido formal

Sinéad O'Connor com um visual diferente, de cabelos mais longos.
Ela não se contentou em protestar e buscou um papel ativo dentro de uma vertente dissidente da fé. (Fonte da Imagem: NL Beeld)

O desafio de Sinéad O’Connor à Igreja Católica não parou no famoso incidente na TV. Em 1999, ela deu um passo ainda mais audacioso ao ser ordenada como sacerdote por uma igreja separatista na França. Essa decisão foi um confronto direto com um dos pilares mais rígidos do catolicismo.

A Igreja Católica não permite a ordenação de mulheres, então, naturalmente, recusou-se a reconhecer a cerimônia. Para o Vaticano, o ato de Sinéad era inválido e herético. A cantora, no entanto, via aquilo como um passo legítimo em sua jornada espiritual e de protesto.

Anos depois, em agosto de 2018, ela decidiu formalizar sua ruptura de uma vez por todas. Em uma carta aberta endereçada ao Papa Francisco, Sinéad O’Connor solicitou oficialmente sua excomunhão. Ela queria que o Vaticano a expulsasse de forma definitiva e documentada.

Da excomunhão à conversão ao Islamismo

Sinéad O'Connor vestida com trajes de sacerdote, após sua polêmica ordenação.
Sua jornada espiritual a levou por caminhos inesperados, culminando em uma nova fé. (Fonte da Imagem: NL Beeld)

Na sua carta ao Papa, Sinéad alegou que já havia sido excomungada de forma automática pelos Papas Bento XVI e João Paulo II. O motivo teria sido justamente sua ordenação como sacerdote, um ato considerado cismático. Ela então pediu um certificado do Vaticano para provar sua expulsão, afirmando que o exibiria “com orgulho” para seus netos.

Essa busca por um reconhecimento oficial de sua ruptura mostra o quão profunda era sua desilusão com a instituição. A cantora não queria apenas se afastar, mas ter um documento que selasse seu rompimento para sempre. Era um ato final de desafio e libertação pessoal.

Sua jornada espiritual, no entanto, tomou um rumo surpreendente pouco tempo depois. Em outubro de 2018, ela anunciou em sua conta no Twitter, hoje desativada, que se converteria ao Islamismo. Adotando o nome Shuhada Sadaqat, ela encontrou um novo caminho de fé, longe do catolicismo que tanto combateu.

Henrique VIII: O rei que rompeu com a Igreja por amor

Retrato do Rei Henrique VIII, com suas vestes reais e expressão imponente.
O desejo de um herdeiro e a paixão por outra mulher levaram o rei inglês a um confronto histórico com o Papa. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O famoso monarca inglês do século XVI, Henrique VIII, nem sempre foi um inimigo da Igreja Católica. No início de seu reinado, ele era, na verdade, um aliado fiel de Roma. A situação mudou drasticamente quando ele decidiu que precisava anular seu casamento com Catarina de Aragão.

O motivo era duplo: Catarina não lhe dava um herdeiro homem e ele estava apaixonado por sua dama de companhia, Ana Bolena. Determinado a se casar novamente, Henrique apelou diretamente ao Papa Clemente VII pela anulação. O pedido, no entanto, foi negado categoricamente pelo pontífice.

O Papa não só recusou, como também alertou o rei de forma severa. Se ele ousasse se casar com outra mulher enquanto Catarina vivesse, seria excomungado. Esse foi o início de um dos maiores cismas da história do cristianismo.

O desafio ao Papa por um novo casamento

Retrato de Ana Bolena, a mulher que motivou a ruptura de Henrique VIII com a Igreja.
Ana Bolena se tornou o pivô de uma crise que mudaria a Inglaterra para sempre. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Sem se deixar intimidar pela ameaça do Vaticano, Henrique VIII decidiu tomar o destino em suas próprias mãos. Ele seguiu em frente e se casou com Ana Bolena, desafiando abertamente a autoridade papal. Sua esperança era garantir um herdeiro masculino legítimo para o trono e consolidar sua dinastia.

Com o novo casamento, a antiga rainha, Catarina de Aragão, foi banida da corte e viveu o resto de seus dias em desgraça. Esse ato de repúdio à sua primeira esposa foi apenas o começo. Henrique, então, lançou um ataque ousado e sistemático contra o poder da Igreja Católica na Inglaterra.

Ele não estava apenas buscando uma solução pessoal para seu problema de sucessão. O rei viu ali uma oportunidade de transferir o poder e a riqueza da Igreja para a Coroa. Sua rebeldia tinha tanto motivações pessoais quanto políticas e econômicas.

A criação da Igreja Anglicana e a fúria do Vaticano

Pintura mostrando a coroação de Henrique VIII como chefe da Igreja da Inglaterra.
A ruptura final deu origem a uma nova igreja nacional, com o próprio rei como seu líder supremo. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A ruptura definitiva com Roma aconteceu quando Henrique VIII dissolveu os monastérios católicos por toda a Inglaterra. Ele confiscou suas terras, saqueou suas relíquias e riquezas, transferindo tudo para o tesouro real. Esse ato solidificou seu novo papel como Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra, a Igreja Anglicana.

Essa manobra ousada enfureceu os líderes católicos em toda a Europa, especialmente no Vaticano. O Papa, que já o havia ameaçado, não teve outra escolha a não ser cumprir sua promessa. A resposta de Roma foi dura e definitiva, selando o destino do rei inglês.

Em 1538, o Papa Paulo III excomungou oficialmente Henrique VIII, declarando-o um herege e um inimigo da fé. O rei, no entanto, já havia criado sua própria igreja e consolidado seu poder. A excomunhão, embora simbólica, marcou o fim de séculos de lealdade inglesa ao papado.

Samantha Hudson: A artista excomungada por um trabalho escolar

A artista espanhola Samantha Hudson posando com um visual extravagante e colorido.
Aos 15 anos, um projeto escolar controverso levou à sua expulsão da Igreja Católica. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A história da excomunhão da artista transformista espanhola Samantha Hudson é, no mínimo, inusitada. Tudo começou em 2015, quando ela tinha apenas 15 anos, por causa de um clipe polêmico criado para um trabalho escolar. O que era para ser uma tarefa de artes audiovisuais acabou se tornando um escândalo nacional.

O vídeo, intitulado “Maricón”, apresentava uma coreografia ousada e letras explícitas que não agradaram a todos. Nele, a jovem artista explorava a opressão histórica da comunidade LGBTQ+ pela Igreja Católica. Era uma crítica ácida e provocadora vinda de uma adolescente.

A proposta era usar a arte para expor o que ela sentia como uma profunda hipocrisia religiosa. Mal sabia ela que seu projeto escolar teria consequências tão drásticas. A repercussão do vídeo ultrapassou os muros da escola e chegou aos ouvidos das autoridades eclesiásticas.

Um manifesto LGBTQ+ que gerou fúria

Samantha Hudson em um evento, com maquiagem marcante e expressão confiante.
O clipe foi descrito pela própria artista como um manifesto de sua “sede sagrada pela homossexualidade cristã”. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Samantha Hudson, cujo nome de batismo é Iván González Ranedo, descreveu o vídeo como um manifesto pessoal. Ela o chamou de uma expressão de sua “sede sagrada pela homossexualidade cristã”. A intenção era chocar e provocar uma discussão sobre fé e identidade sexual.

Inicialmente, o trabalho foi supostamente bem recebido por alguns de seus professores, que viram o mérito artístico e crítico. No entanto, o projeto rapidamente viralizou e gerou uma onda de indignação. A comunidade cristã local ficou horrorizada com o que consideraram um ato de blasfêmia.

A controvérsia cresceu a tal ponto que se tornou um assunto público. O que começou como uma expressão artística dentro de uma sala de aula se transformou em uma batalha cultural. A ousadia da jovem artista colocou-a em rota de colisão direta com a Igreja.

Do clipe polêmico ao estrelato na Espanha

Samantha Hudson com um look ousado, característico de seu estilo performático.
Apesar da excomunhão, Hudson transformou a polêmica em uma carreira de sucesso e ativismo. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A polêmica atingiu seu auge quando uma petição cidadã foi iniciada pelo professor de religião da própria escola. A petição classificava o vídeo como blasfemo e exigia uma atitude das autoridades. A pressão foi tão grande que o bispo de Maiorca tomou uma decisão drástica e excomungou a adolescente.

Apesar desse início de carreira turbulento, a excomunhão acabou impulsionando a fama de Samantha Hudson. Ela se tornou uma figura proeminente na Espanha, conhecida por seu ativismo pelos direitos LGBTQ+. A controvérsia deu a ela uma plataforma para ampliar sua mensagem.

Hoje, ela é uma artista multifacetada, com um podcast de sucesso e aparições em programas de grande audiência como ‘MasterChef Celebrity’. Ela também atuou no filme ‘Rainbow’, da Netflix, lançado em 2022. A excomunhão, em vez de silenciá-la, tornou-se o trampolim para o estrelato.

Martinho Lutero: O teólogo que deu início à Reforma Protestante

Retrato de Martinho Lutero, o teólogo alemão que desafiou a Igreja Católica.
Suas críticas às práticas da Igreja deram origem a um dos maiores movimentos religiosos da história. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Martinho Lutero, um padre e teólogo alemão, tornou-se uma das figuras mais influentes da história cristã. Ele se opôs veementemente a várias doutrinas e práticas da Igreja Católica de sua época. Sua principal crítica era direcionada à venda de indulgências, que prometiam a redução das penas do purgatório em troca de dinheiro.

Em 1517, ele decidiu tornar seu descontentamento público de uma forma que mudaria o mundo para sempre. Lutero pregou suas famosas ‘Noventa e Cinco Teses’ na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Seu objetivo inicial não era romper com a Igreja, mas iniciar um debate teológico para reformá-la por dentro.

No entanto, a reação do Vaticano foi implacável. O Papa Leão X exigiu que Lutero se retratasse de suas opiniões, mas o teólogo se recusou a voltar atrás. Esse ato de desafio foi o estopim para o que conhecemos hoje como a Reforma Protestante.

As 95 teses que abalaram a Igreja

Ilustração mostrando Martinho Lutero pregando suas 95 Teses na porta da igreja.
Aquele ato simbólico em Wittenberg foi o início de uma revolução espiritual na Europa. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A resposta do Papa Leão X aos desafios de Lutero não demorou a chegar. Em 1520, ele emitiu uma bula papal, um decreto formal, em resposta direta às críticas do teólogo. O documento era uma condenação clara e direta das ideias que estavam se espalhando pela Europa.

A bula condenava quarenta e uma das proposições de Lutero, classificando-as como heréticas. Além disso, o Papa lançou um ultimato: Lutero teria sessenta dias para se retratar publicamente. Caso contrário, a pena seria a excomunhão, a mais severa punição da Igreja.

O prazo foi estabelecido a partir da publicação do decreto na Saxônia e em regiões próximas, colocando uma enorme pressão sobre o reformador. O mundo cristão prendeu a respiração, esperando para ver qual seria o próximo passo de Lutero. A Europa estava à beira de uma ruptura religiosa sem precedentes.

A queima da bula papal e a excomunhão definitiva

Pintura dramática de Martinho Lutero queimando a bula papal em um ato de desafio.
Sua recusa em se retratar e a queima do decreto papal selaram seu destino. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Longe de se intimidar, Martinho Lutero manteve-se firme em suas convicções e dobrou a aposta. Ele respondeu à ameaça do Papa escrevendo tratados ainda mais críticos contra o papado. Em um ato de desafio supremo, ele queimou publicamente uma cópia da bula papal em dezembro de 1520.

Com esse gesto, não havia mais volta, e a Igreja respondeu à altura, excomungando-o oficialmente em 1521. Mais tarde, no mesmo ano, o Sacro Imperador Romano Carlos V o declarou um fora da lei na Dieta de Worms. Essa assembleia imperial, realizada na cidade de Worms, tornou Lutero um fugitivo político e religioso.

Apesar de tudo, Lutero sobreviveu graças à proteção de nobres alemães que simpatizavam com sua causa. Ele permaneceu excomungado pela Igreja Católica até sua morte, em 1546. Seu legado, no entanto, já havia transformado o mapa religioso e político da Europa para sempre.

Joana d’Arc: A santa que foi queimada como herege

Retrato de Joana d'Arc, a jovem camponesa francesa que se tornou uma heroína militar.
Profundamente religiosa, ela alegava ouvir vozes divinas que a guiavam em sua missão. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Criada na zona rural da França, Joana d’Arc era uma jovem camponesa profundamente religiosa. Desde cedo, ela afirmava ter visões do arcanjo Miguel e de outras figuras sagradas. Segundo ela, essas vozes divinas lhe deram uma missão clara e extraordinária.

Sua tarefa era nada menos que expulsar os ingleses da França durante a brutal Guerra dos Cem Anos. Além disso, ela deveria garantir que o Delfim, o herdeiro Carlos VII, fosse coroado rei. Era uma missão que parecia impossível para uma garota pobre e sem treinamento militar.

Sua fé inabalável, no entanto, era contagiante. Ela conseguiu convencer líderes militares e o próprio Delfim de sua vocação divina. Assim, a jovem camponesa se viu no centro de um dos conflitos mais importantes da história europeia.

A jovem camponesa que liderou um exército

Pintura de Joana d'Arc em armadura, liderando as tropas francesas em batalha.
Com pouca influência, ela inspirou um exército e conquistou vitórias improváveis contra os ingleses. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Como uma jovem camponesa no século XV, Joana d’Arc não tinha praticamente nenhum poder ou influência social. No entanto, sua convicção e carisma eram tão fortes que ela conseguiu o impensável. Ela assumiu a liderança do exército francês e o conduziu a uma série de vitórias surpreendentes.

Sua presença no campo de batalha era um poderoso fator de motivação para os soldados franceses. Sob seu comando, eles conseguiram reverter o curso da guerra contra os ingleses. A vitória mais notável foi o levantamento do cerco de Orleães, um ponto de virada crucial no conflito.

Joana se tornou um símbolo de esperança e da resistência francesa. Sua história parecia um verdadeiro milagre, uma prova de que a fé poderia mover montanhas. Mas sua ascensão meteórica também atraiu a inveja e a desconfiança de seus inimigos.

A reviravolta: De herege a santa canonizada

Ilustração mostrando Joana d'Arc sendo queimada na fogueira, acusada de heresia.
Capturada por seus inimigos, ela foi condenada por um tribunal eclesiástico e executada de forma brutal. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O destino de Joana d’Arc mudou drasticamente quando ela foi capturada e entregue aos ingleses. Ela foi submetida a um julgamento eclesiástico conduzido por um bispo pró-Inglaterra. O processo foi uma farsa política, destinada a desacreditar a heroína francesa e seu rei.

Acusada de heresia, bruxaria e de se vestir com roupas masculinas, ela foi excomungada e condenada à morte. Em 1431, com apenas 19 anos, Joana d’Arc foi queimada na fogueira. Sua morte foi um golpe duro para a França, mas sua história estava longe de terminar.

Anos depois, em 1456, o Papa Calisto III ordenou um novo julgamento que reexaminou seu caso. Joana foi inocentada de todas as acusações e declarada uma mártir. Séculos mais tarde, em 1920, ela foi canonizada pela Igreja Católica, tornando-se Santa Joana d’Arc, a padroeira da França.

Roberto, o Bruce: O rei escocês excomungado por assassinato

Estátua de Roberto, o Bruce, montado em seu cavalo de guerra, simbolizando a luta pela independência da Escócia.
Este rei escocês foi um herói nacional, mas um ato de violência em um local sagrado quase lhe custou tudo. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Roberto I, mais conhecido como Roberto, o Bruce, é uma das figuras mais lendárias da história da Escócia. Ele foi o rei que liderou os escoceses na luta pela independência contra a Inglaterra. Seu apoio à rebelião de William Wallace o colocou no centro da resistência nacional.

A jornada para garantir a liberdade de seu país foi longa e cheia de batalhas sangrentas. Ele se tornou um herói para o povo escocês, um símbolo de coragem e determinação. Sua liderança foi fundamental para que a Escócia finalmente se estabelecesse como um reino independente.

No entanto, seu caminho para o trono foi manchado por um ato de violência chocante. Esse evento não apenas marcou sua vida, mas também o colocou em conflito direto com a Igreja. A consequência foi uma excomunhão que ameaçou sua legitimidade como rei.

Um crime em local sagrado e a fúria do Papa

Representação artística de Roberto, o Bruce, com sua armadura e espada de batalha.
O assassinato de seu rival político dentro de uma igreja foi um ato que o Vaticano não pôde ignorar. (Fonte da Imagem: Shutterstock)

Antes de se tornar rei da Escócia, Roberto dividia o papel de guardião do reino com seu principal rival, John Comyn. A rivalidade entre os dois era intensa e acabou culminando em tragédia. Bruce assassinou Comyn de forma brutal dentro da Igreja de Greyfriars, em Dumfries.

Cometer um assassinato já era um crime grave, mas fazê-lo dentro de um lugar sagrado era uma afronta imperdoável. O ato sacrílego chocou a Escócia e a Europa, atraindo a condenação de todos os lados. O Papa Clemente V agiu rapidamente e excomungou Bruce por seu crime.

Além da punição da Igreja, ele também foi condenado pelo Rei Eduardo I da Inglaterra, seu inimigo mortal. A excomunhão colocou em risco suas ambições ao trono e sua luta pela independência. Ele era agora um homem marcado, tanto pela lei dos homens quanto pela lei de Deus.

A redenção e o reconhecimento como rei legítimo

Ilustração da coroação de Roberto, o Bruce, como Rei dos Escoceses.
Com o apoio de seu povo, ele conseguiu reverter a excomunhão e garantir seu lugar na história. (Fonte da Imagem: Shutterstock)

Apesar da excomunhão e da condenação, Roberto, o Bruce, foi coroado Rei dos Escoceses em 1306 e governou até 1329. O povo escocês permaneceu leal a ele, vendo-o como a única esperança de liberdade. Com esse apoio popular, a maré começou a virar a seu favor.

Os bispos escoceses apelaram ao Papa João XXII, defendendo a causa de seu rei. Argumentando que suas ações foram necessárias para a sobrevivência da nação, eles pediram o perdão papal. Finalmente, o Papa suspendeu a excomunhão e o reconheceu como o rei legítimo da Escócia.

Com o apoio do papado restaurado, a posição de Bruce ficou muito mais forte. Ele conseguiu negociar um tratado de paz com a Inglaterra em 1328. Este acordo finalmente assegurou a tão sonhada independência da Escócia, consolidando seu legado como herói nacional.

Rainha Elizabeth I: A herdeira que consolidou o Anglicanismo

Retrato da Rainha Elizabeth I em toda a sua glória, com vestes e joias elaboradas.
Filha de Henrique VIII e Ana Bolena, Elizabeth I seguiu os passos do pai no confronto com Roma. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Após a turbulenta Reforma Protestante iniciada por seu pai, a Rainha Elizabeth I subiu ao trono da Inglaterra. Filha de Henrique VIII e Ana Bolena, ela tinha a missão de estabilizar um reino dividido pela religião. Sua decisão foi consolidar a Igreja Anglicana como a religião oficial do país.

Ao fazer isso, ela rompeu definitivamente os laços restantes com a autoridade do Papa em Roma. Essa medida continuou o legado de seu pai de desafiar o poder da Igreja Católica. A chamada “Era Elisabetana” seria marcada por essa independência religiosa e política.

Sua posição, no entanto, não foi aceita pacificamente por todos. A decisão de solidificar o protestantismo na Inglaterra gerou descontentamento entre a população católica. Isso preparou o terreno para conspirações e rebeliões que testariam a força da nova rainha.

A rebelião católica e a dura resposta da rainha

Pintura de Maria, Rainha dos Escoceses, a rival católica de Elizabeth I.
A chegada de sua prima católica, Maria, à Inglaterra, desencadeou uma revolta perigosa. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A situação se tornou ainda mais tensa em 1568 com a chegada de Maria, Rainha dos Escoceses, à Inglaterra. Sendo católica e descendente da Casa de Tudor, muitos a viam como a legítima herdeira do trono inglês. Sua presença inspirou uma revolta entre os condes católicos do norte.

Esses nobres rebeldes sonhavam com um monarca católico no poder e se levantaram contra o governo protestante de Elizabeth. Eles chegaram a realizar uma missa católica, um ato considerado ilegal e desafiador. A rainha, no entanto, não demonstrou nenhuma hesitação em sua resposta.

Elizabeth I reprimiu a rebelião com mão de ferro, ordenando a execução de mais de 800 insurgentes. Os condes que lideraram a revolta foram caçados implacavelmente. A rainha deixou claro que qualquer desafio à sua autoridade seria esmagado sem piedade.

A excomunhão papal que não abalou seu poder

A Rainha Elizabeth I em seu trono, projetando uma imagem de poder e autoridade inabaláveis.
Declarada herege pelo Papa, Elizabeth viu seu poder se fortalecer ainda mais na Inglaterra. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A notícia da rebelião e da dura repressão chegou a Roma, provocando a fúria do Papa Pio V. Em 1570, ele emitiu uma bula papal excomungando a Rainha Elizabeth I. O documento a declarava uma herege e, crucialmente, absolvia todos os seus súditos católicos de qualquer lealdade a ela.

A intenção do Papa era desestabilizar o reinado de Elizabeth, incentivando novas revoltas. No entanto, o poder da rainha na Inglaterra já estava firmemente estabelecido e a medida teve o efeito contrário. A excomunhão uniu ainda mais os protestantes ingleses em torno de sua monarca.

Em 1571, o Parlamento inglês solidificou ainda mais a autoridade da rainha. Foi aprovada uma lei que tornava um ato de traição questionar sua legitimidade ou seu título de chefe da Igreja. A excomunhão papal, em vez de enfraquecê-la, acabou por fortalecer seu controle sobre o reino.

Napoleão Bonaparte: O imperador que aprisionou um Papa

Famoso retrato de Napoleão Bonaparte cruzando os Alpes, um símbolo de sua ambição.
O imperador francês via a Igreja Católica como um obstáculo político para suas ambições de poder. (Fonte da Imagem: Public Domain)

O imperador francês Napoleão Bonaparte foi um adversário de longa data da Igreja Católica. Sua oposição não era necessariamente teológica, mas sim política. Ele via a crescente influência do clero na França como uma ameaça direta ao seu poder absoluto.

Para Napoleão, a lealdade do povo francês deveria ser primeiramente ao Estado e ao seu imperador, não ao Papa. Por isso, ele buscou controlar e limitar o poder da Igreja em seus domínios. Essa postura o colocou em um curso de colisão inevitável com o Vaticano.

O conflito entre Napoleão e a Igreja seria um dos mais dramáticos de sua época. Ele não hesitaria em usar a força para subjugar o poder papal. Sua ambição o levaria a cometer atos que chocaram a Europa católica.

O embate político com o poder do clero

Napoleão Bonaparte durante sua coroação, em uma cena de grande pompa e poder.
Ele chegou a um acordo com a Igreja, mas sempre com o objetivo de manter o controle político. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O confronto direto começou em 1796, quando as tropas de Napoleão invadiram a Itália. Elas capturaram o Papa Pio VI, que foi levado como prisioneiro para a França. O Papa acabou morrendo em cativeiro francês, um evento que abalou o mundo católico.

Após anos de negociações complicadas com o novo Papa, Pio VII, Napoleão chegou a um acordo em 1801. A Concordata reconhecia o catolicismo como a religião da maioria na França. No entanto, o acordo também limitava severamente a influência política do Papa e dava ao Estado o controle sobre a Igreja francesa.

Napoleão buscava usar a religião como uma ferramenta para unificar e controlar a população. Ele não queria um parceiro no poder, mas sim um subordinado. Essa paz frágil estava destinada a não durar muito tempo.

A excomunhão e a vingança contra o Vaticano

Pintura mostrando o Papa Pio VII, que teve a coragem de excomungar o poderoso Napoleão.
A resposta de Napoleão à sua excomunhão foi implacável: ele aprisionou o Papa. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A trégua entre Napoleão e o Vaticano foi quebrada em 1809. O imperador, em sua busca por expandir seu domínio, anexou Roma e os Estados Papais. Em resposta a essa agressão, o Papa Pio VII tomou a corajosa decisão de excomungar Napoleão.

A vingança do imperador foi imediata e brutal. Ele ordenou a prisão do Papa, que foi mantido em cativeiro por cinco longos anos. Napoleão mostrou ao mundo que não toleraria nenhum desafio à sua autoridade, nem mesmo do líder da Igreja Católica.

No entanto, a sorte de Napoleão acabou mudando, e ele foi derrotado e exilado. Com a queda do imperador, o Papa Pio VII pôde finalmente retornar triunfantemente a Roma. No final, o poder espiritual da Igreja sobreviveu ao poder militar do imperador.

Juan Perón: O presidente argentino que desafiou a Igreja

O presidente argentino Juan Perón acenando para a multidão, ao lado de sua esposa Eva Perón.
Após a morte de Evita, o apoio popular a Perón diminuiu, e ele entrou em conflito com a Igreja. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Juan Perón presidiu a Argentina durante um período de intensa agitação política e social. Seu governo foi profundamente marcado pela figura de sua esposa, Eva Perón, a “Evita”. Ela era imensamente amada pelo povo argentino, especialmente pelos mais pobres.

Após a morte prematura de Evita em 1952, o cenário político mudou drasticamente. O apoio público a Juan Perón começou a diminuir sem a presença carismática de sua esposa. Sentindo seu poder enfraquecer, Perón tomou uma série de medidas controversas.

Em uma tentativa de modernizar e secularizar o país, ele iniciou uma campanha para separar a Igreja do Estado. Essa decisão o colocou em rota de colisão direta com uma das instituições mais poderosas da Argentina. O conflito que se seguiu abalaria as estruturas do país.

A separação entre Igreja e Estado e a polêmica do divórcio

Juan Perón discursando de uma sacada, um gesto característico de sua liderança populista.
Suas reformas, como a legalização do divórcio, atraíram fortes críticas dos grupos religiosos. (Fonte da Imagem: Getty Images)

As reformas de Perón foram abrangentes e visavam reduzir a influência da Igreja na vida cotidiana dos argentinos. Ele propôs a eliminação das orações obrigatórias nas escolas públicas, um pilar da educação religiosa. Além disso, ele avançou com a legalização do divórcio, um tema extremamente sensível para a Igreja Católica.

Essas medidas progressistas, vistas por muitos como necessárias para modernizar a Argentina, foram recebidas com fúria pelos grupos religiosos. A Igreja Católica, em particular, viu as reformas como um ataque direto aos seus valores e à sua autoridade. A tensão entre o governo e o clero cresceu rapidamente.

Perón também acabou com o ensino religioso nas escolas e aboliu feriados católicos. Cada passo em direção a um estado laico era visto como uma provocação. O presidente parecia determinado a enfraquecer a instituição que ele via como uma rival política.

A expulsão de bispos e a reconciliação posterior

Juan Perón em um momento mais formal, como presidente da Argentina.
O conflito culminou na excomunhão de Perón, mas a relação foi restaurada anos depois. (Fonte da Imagem: Getty Images)

O conflito atingiu seu ponto de ebulição em 1955, quando Perón ordenou a expulsão de dois bispos argentinos do país. A justificativa oficial era de que eles estavam espalhando rumores sobre sua vida pessoal. Essa ação drástica foi a gota d’água para o Vaticano.

A Igreja Católica respondeu de forma contundente, excomungando Juan Perón. A punição o isolou ainda mais e contribuiu para sua queda do poder no final daquele ano. No entanto, a história entre Perón e a Igreja não terminou aí.

Anos mais tarde, durante seu exílio, eles se reconciliaram. A excomunhão foi suspensa em 1963, abrindo caminho para seu retorno à Argentina. Perón voltou a ser presidente em 1973, mostrando que até as rupturas mais profundas podem ser reparadas.

Madonna: A rainha do pop excomungada três vezes

Madonna no clipe de 'Like a Prayer', uma das obras que causaram sua primeira excomunhão.
Nenhuma outra celebridade moderna desafiou a Igreja Católica de forma tão consistente e provocadora quanto Madonna. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A relação entre Madonna e a Igreja Católica é, sem dúvida, uma das mais complicadas e tempestuosas da cultura pop. A Rainha do Pop não foi excomungada uma, nem duas, mas três vezes. Sua primeira expulsão aconteceu em 1989, com o lançamento do icônico videoclipe de ‘Like a Prayer’.

O vídeo causou um escândalo mundial ao misturar imagens religiosas com temas de sexualidade e racismo. A cena em que ela beija uma representação de um santo negro que ganha vida, diante de cruzes em chamas, foi considerada blasfema. O Vaticano condenou o clipe imediatamente, marcando o início de uma longa batalha.

Para Madonna, a arte sempre foi uma forma de questionar a autoridade e explorar tabus. Para a Igreja, suas ações eram provocações inaceitáveis. Esse primeiro confronto estabeleceu o tom para décadas de conflito entre a artista e a instituição.

Blond Ambition: O “Circo do Diabo” que irritou o Papa

Madonna no palco durante a turnê Blond Ambition, com figurinos ousados e coreografias provocantes.
Sua performance no palco, que simulava masturbação, levou o Papa a pedir um boicote mundial. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Se ‘Like a Prayer’ foi o primeiro golpe, a turnê Blond Ambition de 1990 foi uma declaração de guerra. Durante os shows, Madonna apresentava uma performance altamente sexualizada da mesma música. Em uma cena que chocou o público e as autoridades, ela simulava masturbação no palco.

A reação do Vaticano foi ainda mais forte desta vez, rendendo-lhe a segunda excomunhão. O Papa João Paulo II condenou publicamente a turnê, classificando-a como um “Circo do Diabo”. Ele pediu aos fiéis de todo o mundo que boicotassem os shows da cantora na Itália.

A polêmica apenas aumentou a fama da turnê, que se tornou uma das mais icônicas da história da música. Madonna se recusou a ceder à pressão, defendendo sua liberdade de expressão artística. Ela provou que não tinha medo de usar a controvérsia para amplificar sua mensagem.

Confessions Tour: A crucificação que selou a terceira expulsão

Madonna performando em uma cruz espelhada e com uma coroa de espinhos durante a Confessions Tour.
A imagem da crucificação no palco foi considerada o ato mais blasfemo de sua carreira até então. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A terceira e (até agora) última excomunhão de Madonna veio em 2006, durante a Confessions Tour. Mais uma vez, a artista decidiu usar a iconografia cristã de uma forma que a Igreja considerou profundamente ofensiva. Desta vez, ela se superou na provocação.

Durante a performance da música “Live to Tell”, Madonna aparecia no palco presa a uma gigantesca cruz espelhada. Para completar a imagem, ela usava uma coroa de espinhos, em uma clara alusão à crucificação de Jesus Cristo. A imagem foi poderosa e extremamente controversa.

O então Papa Bento XVI condenou o ato como uma blasfêmia e um ato de hostilidade contra a fé cristã. A performance gerou protestos de grupos religiosos em todo o mundo. Para a Igreja, foi a gota d’água, resultando na terceira expulsão da Rainha do Pop.

O pedido de encontro e a provocação final

Madonna em uma performance mais recente, mostrando que nunca perdeu seu lado provocador.
Mesmo após décadas de conflito, a relação entre Madonna e o Vaticano continua tensa e cheia de reviravoltas. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Apesar de toda a hostilidade, Madonna tentou uma espécie de trégua em 2022. Ela usou as redes sociais para tentar entrar em contato com o Papa Francisco. Em seu post, ela pedia um encontro para discutir “assuntos importantes”, sugerindo que era uma “boa católica”.

O pedido, no entanto, foi completamente ignorado pelo Vaticano, que não emitiu nenhuma resposta oficial. Parecia que a bandeira branca da cantora não seria aceita. Aparentemente frustrada, a Rainha do Pop decidiu voltar ao seu estilo mais conhecido: a provocação.

Em 2024, ela publicou uma foto gerada por inteligência artificial em que o Papa Francisco aparece tentando beijá-la. A imagem viralizou e foi vista por muitos como uma nova afronta. Seria essa uma tentativa de conseguir uma inédita quarta excomunhão?

Tyler James Mitchell
  • Tyler James Mitchell é o jornalista e autor por trás do blog Curiosão, apaixonado por desvendar temas de história e ciência. Sua missão é transformar o conhecimento complexo em narrativas acessíveis e fascinantes para o público.