Descoberta de tesouro romano de 1.700 anos revela moedas raras e imperador ilegítimo
Arqueólogos encontram 141 moedas de ouro romanas em Luxemburgo, incluindo representações de Eugênio, um imperador controverso e pouco conhecido.
Uma descoberta arqueológica em Luxemburgo trouxe à tona um tesouro romano de 1.700 anos, composto por 141 moedas de ouro. Entre as figuras representadas nas moedas está Eugênio, um imperador ilegítimo do Império Romano Ocidental, que governou por apenas dois anos, entre 392 e 394 d.C. As moedas, datadas entre 364 e 408 d.C., foram encontradas próximas às fundações de uma pequena fortificação romana em Holzthum, no norte do país.
Eugênio foi proclamado imperador pelo general franco Arbogast após a morte misteriosa do imperador Valentiniano II. Apesar de ser cristão, Eugênio tentou conciliar com a elite pagã romana, o que gerou conflitos com Teodósio I, imperador cristão do Oriente. Seu curto reinado terminou tragicamente na Batalha do Frígido, onde foi derrotado e morto.
Os pesquisadores destacam que a descoberta oferece uma rara oportunidade de estudar um depósito monetário romano completo em seu contexto arqueológico. As moedas também lançam luz sobre o período turbulento do final do Império Romano, marcado por conflitos religiosos e políticos.
Leia também: Filme sul-coreano retrata golpe militar de 1979 com precisão histórica
A importância histórica das moedas de Eugênio
As moedas encontradas são especialmente valiosas por retratarem Eugênio, cuja história é frequentemente negligenciada. Ele foi o último imperador a tentar restaurar elementos da antiga religião romana, em oposição às crescentes políticas cristãs de Teodósio I. Sua figura é vista como símbolo das tensões entre o paganismo e o cristianismo no final do século IV.
As moedas também revelam detalhes sobre as práticas econômicas e políticas da época. A cunhagem sob Eugênio reflete não apenas sua tentativa de legitimar seu governo, mas também a complexidade das alianças políticas e religiosas no Ocidente Romano. O estudo dessas moedas pode fornecer novos insights sobre como os imperadores usavam a iconografia para consolidar poder e influência.
A análise inicial sugere que o tesouro foi enterrado durante um período de instabilidade política ou como forma de proteção contra invasões bárbaras. A localização próxima a uma fortificação reforça essa hipótese.
Contexto arqueológico e legado cultural
A descoberta foi realizada por uma equipe do Instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica (INRA) de Luxemburgo. Segundo os especialistas, o local onde as moedas foram encontradas pode ter sido parte de uma estrutura defensiva menor construída para proteger rotas comerciais ou comunidades locais durante os últimos dias do domínio romano na região.
Além das moedas, fragmentos arquitetônicos indicam que a fortificação tinha características típicas das construções romanas tardias. Isso sugere que a área desempenhou um papel estratégico na defesa contra invasores germânicos ou outras ameaças externas.
O achado também destaca a relevância cultural das moedas romanas como símbolos de poder e legitimidade. Durante períodos de crise, como o enfrentado por Eugênio, a cunhagem era uma ferramenta essencial para afirmar autoridade e manter a economia funcional em regiões isoladas ou sob ameaça.
A relevância da descoberta para estudos futuros
Este tesouro romano é comparável a outros achados significativos na Europa, como o famoso “Hoxne Hoard” na Grã-Bretanha. No entanto, o contexto único das moedas luxemburguesas oferece novas perspectivas sobre as dinâmicas regionais do Império Romano Ocidental durante sua fase final.
Os arqueólogos esperam que estudos adicionais sobre as moedas e o local possam revelar mais sobre as interações entre comunidades locais e autoridades romanas. A inclusão de Eugênio nas moedas também pode estimular debates acadêmicos sobre sua posição histórica e os desafios enfrentados pelos últimos imperadores ocidentais.
Com base nos dados já coletados, esta descoberta promete enriquecer nosso entendimento sobre um dos períodos mais complexos da história romana, marcado pela transição entre antigas tradições culturais e novas forças políticas e religiosas.
Fonte: Live Science.