Ainda Estou Aqui: Filme premiado no Globo de Ouro não usou Lei Rouanet
Descubra por que o longa de Walter Salles, estrelado por Fernanda Torres, não utilizou recursos da Lei Rouanet para sua produção.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, ganhou destaque internacional ao conquistar o Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática. A produção aborda a história de Eunice Paiva, uma mulher que lutou por justiça após a morte de seu marido, Rubens Paiva, durante a Ditadura Militar no Brasil. Apesar do sucesso, surgiram especulações sobre o uso de recursos da Lei Rouanet para financiar o longa.
Entretanto, é importante esclarecer que o filme não utilizou verbas provenientes dessa lei. Desde 2007, as regras da Lei Rouanet foram alteradas, restringindo o financiamento de longas-metragens ficcionais. Dessa forma, produções como Ainda Estou Aqui, com duração superior a duas horas e enredo fictício baseado em fatos reais, não são elegíveis para esse tipo de incentivo fiscal.
A ausência de financiamento público gerou debates nas redes sociais, especialmente após críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele sugeriu que o longa teria sido beneficiado pela lei, apesar das evidências contrárias. Essa polêmica reacendeu discussões sobre o papel da Lei Rouanet no fomento cultural no Brasil.
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O que é a Lei Rouanet e suas limitações
A Lei Federal de Incentivo à Cultura, popularmente conhecida como Lei Rouanet, foi criada em 1991 com o objetivo de fomentar a produção cultural no Brasil. Por meio dela, empresas e indivíduos podem deduzir parte do Imposto de Renda ao patrocinar projetos culturais. Essa legislação abrange áreas como artes cênicas, música, literatura e preservação do patrimônio cultural.
No entanto, desde 2007, longas-metragens ficcionais deixaram de ser contemplados pela lei. Apenas filmes documentais ou de curta e média-metragem podem receber esse tipo de incentivo. Essa mudança foi implementada para direcionar os recursos a produções menores e mais acessíveis ao público geral.
No caso específico de Ainda Estou Aqui, sua classificação como longa-metragem ficcional inviabilizou qualquer possibilidade de financiamento via Lei Rouanet. A produção precisou buscar outras fontes de investimento para sua realização.
Impacto cultural e reconhecimento internacional
A vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro representa um marco para o cinema brasileiro. É a primeira vez que um ator ou atriz do país recebe tal honraria na categoria Melhor Atriz Dramática. Esse reconhecimento destaca a qualidade artística da produção e reforça a relevância das histórias brasileiras no cenário global.
Apesar das críticas e polêmicas envolvendo o financiamento cultural no Brasil, Ainda Estou Aqui conquistou tanto o público quanto a crítica especializada. O filme foi elogiado por sua narrativa emocionante e pela atuação impecável de Fernanda Torres, que deu vida à complexa trajetória de Eunice Paiva.
Essa conquista também trouxe à tona discussões sobre os desafios enfrentados pelo cinema nacional em obter financiamento para produções ambiciosas. Sem acesso à Lei Rouanet, muitos projetos dependem exclusivamente do apoio privado ou de plataformas como Globoplay, que coproduziu este longa.
O futuro do cinema brasileiro sem a Lei Rouanet
A exclusão dos longas-metragens ficcionais da Lei Rouanet levanta questionamentos sobre o futuro do cinema brasileiro. Enquanto algumas produções conseguem destaque internacional por meio de parcerias privadas ou plataformas digitais, outras enfrentam dificuldades para sair do papel devido à falta de incentivos fiscais.
Ainda assim, iniciativas como Ainda Estou Aqui mostram que é possível alcançar sucesso mesmo sem apoio governamental direto. A criatividade e resiliência dos cineastas brasileiros continuam sendo fatores determinantes para superar as barreiras financeiras e levar histórias locais ao público global.
O debate sobre a abrangência da Lei Rouanet permanece relevante. Muitos defendem uma revisão das regras para incluir novamente os longas-metragens ficcionais, argumentando que essas obras têm grande potencial para promover a cultura brasileira internacionalmente e gerar impacto econômico positivo.
Fonte: Aventuras na História.