
Estes pratos ‘italianos’ são um insulto na Itália
Prepare-se para descobrir que seu carbonara, sua pizza e até sua forma de cozinhar macarrão podem não ser nada do que você imaginava.
A gente adora pensar que conhece a culinária italiana de cabo a rabo, não é mesmo? Afinal, quem não ama uma boa massa ou uma pizza quentinha no fim de semana? Mas a verdade é que, para um italiano de verdade, muitos dos nossos pratos favoritos são uma verdadeira ofensa.
Muitos italianos sentem que suas receitas tradicionais são completamente descaracterizadas quando viajam para outros países. Ingredientes são trocados, modos de preparo são alterados e o resultado final passa longe do original. O que consideramos um clássico italiano pode, na verdade, nem existir por lá.
Essa jornada vai revelar os maiores “crimes” cometidos contra a gastronomia da Itália ao redor do mundo. Prepare-se para desvendar os segredos por trás dos pratos que você achava que conhecia. E, quem sabe, aprender a comer como um verdadeiro italiano.
Macarrão: O primeiro e maior pecado culinário

Na Itália, não existe nada mais fundamental e icônico do que uma tigela de macarrão bem-feita. A preparação é tão simples e direta que parece quase impossível cometer um erro grave. No entanto, é justamente nessa simplicidade que moram os maiores perigos culinários.
A familiaridade com o prato nos leva a acreditar que dominamos sua arte, mas a realidade é bem diferente. Os italianos levam cada etapa a sério, desde a escolha da massa até o ponto exato de cozimento. É um ritual que, quando desrespeitado, transforma um prato divino em uma decepção.
Vamos mergulhar nos erros mais comuns que transformam uma refeição potencialmente deliciosa em algo que faria qualquer nonna italiana chorar. Você pode se surpreender ao descobrir que talvez esteja fazendo tudo errado. A jornada para o macarrão perfeito começa agora.
O desastre do macarrão cozido demais

Mesmo que você coma macarrão toda semana, existe uma grande chance de estar cometendo um dos erros mais básicos e frustrantes. Um dos equívocos mais comuns fora da Itália é, sem dúvida, cozinhar a massa por tempo demais. O resultado é sempre o mesmo desastre de textura.
Quando o macarrão passa do ponto, ele perde completamente sua forma e adquire uma consistência empapada e mole. Essa textura encharcada é simplesmente inaceitável para os padrões italianos, que prezam pela firmeza. É um desrespeito à integridade do ingrediente principal.
Para um italiano, servir um macarrão mole é o equivalente a servir um vinho estragado. A sensação na boca é completamente errada e compromete toda a experiência do prato. O ponto “al dente” é a alma da massa, e ignorá-lo é o primeiro passo para um fracasso gastronômico.
O jeito certo de cozinhar a massa

Então, qual é o segredo para cozinhar macarrão como um verdadeiro italiano faria? O processo é simples: encha uma panela grande com bastante água, espere ferver vigorosamente e só então adicione sal e a massa. É crucial jamais quebrar o espaguete ao meio, pois ele deve ser longo para se enrolar no garfo.
Parece fácil, não é mesmo, mas o erro mais bizarro ainda acontece com frequência. Há quem coloque o macarrão na panela enquanto a água ainda está fria, o que resulta em um cozimento desigual e uma textura pegajosa. A água fervente é o que sela a parte externa da massa e garante o cozimento perfeito.
O tempo de cozimento indicado na embalagem é um guia, mas o teste final é provar um fio. Ele deve estar cozido, mas ainda oferecer uma leve resistência à mordida. Esse é o famoso ponto “al dente”, o único aceitável na terra da bota.
Carbonara: O creme de leite é o grande impostor

Apesar da textura incrivelmente cremosa do espaguete à carbonara, a receita autêntica não leva uma única gota de creme de leite. Essa cremosidade toda vem de uma emulsão mágica criada com gemas de ovos, a gordura do guanciale (bochecha de porco curada), queijo pecorino e pimenta do reino. O calor da massa recém-escorrida cozinha suavemente os ovos, criando um molho aveludado.
Se você está acostumado a comer carbonara com creme de leite, pedaços de presunto ou até mesmo bacon defumado, saiba que está provando uma invenção estrangeira. Essas variações podem até ser saborosas, mas estão muito distantes do prato tradicional que os italianos conhecem e amam. É uma receita completamente diferente que apenas empresta o nome.
Chamar uma versão com creme de “carbonara” é um dos maiores gatilhos para um italiano. Para eles, é a prova de que o mundo não entendeu a genialidade por trás da simplicidade da receita original. A verdadeira carbonara é um equilíbrio perfeito de poucos e bons ingredientes, e o creme de leite simplesmente não faz parte dessa equação.
Macarrão com pesto e salmão? Uma combinação proibida

A combinação de macarrão com molho pesto e pedaços de salmão pode até parecer uma opção sofisticada e saborosa em muitos restaurantes pelo mundo. A mistura de sabores realmente agrada a muitos paladares, criando um prato rico e diferente. No entanto, é melhor não contar a nenhum italiano que você considera essa iguaria como parte da culinária deles.
Na Itália, a tradição fala mais alto, e certas combinações são simplesmente impensáveis. O pesto, originário da região da Ligúria, tem um sabor delicado de manjericão, pinhões e azeite que seria completamente ofuscado pelo sabor forte do salmão. É uma mistura que quebra a harmonia e o equilíbrio que são tão valorizados na gastronomia local.
Essa é uma daquelas invenções que nasceram fora da Itália para adaptar sabores locais a uma base italiana. Embora seja uma criação criativa, ela não tem nenhuma raiz na tradição do país. Para um italiano, seria como colocar ketchup em um sushi: uma fusão que simplesmente não faz sentido.
Espaguete com almôndegas, o clássico que não existe

O espaguete com almôndegas é um dos pratos mais populares e amados do mundo, imortalizado em filmes e desenhos animados. Muitas pessoas jamais duvidariam de sua origem italiana, imaginando-o como um prato clássico das mesas de domingo. A verdade, no entanto, é que essa combinação é uma invenção puramente ítalo-americana.
Você pode procurar em todos os restaurantes da Itália, mas jamais encontrará espaguete com almôndegas no menu. Na culinária italiana, a massa é o primeiro prato (primo piatto) e a carne é o segundo (secondo piatto), servidos separadamente. As almôndegas, ou “polpette”, são menores e geralmente servidas sozinhas ou com um pouco de molho, mas nunca sobre a massa.
Este prato nasceu da necessidade dos imigrantes italianos nos Estados Unidos, que tinham mais acesso à carne e criaram refeições mais robustas. É um prato delicioso e com uma história rica, mas sua origem não está na Itália. É um símbolo da diáspora italiana, não da própria Itália.
O pesto verdadeiro só leva um tipo de castanha

Fora da Itália, o molho pesto se tornou um campo de experimentação sem limites. É comum encontrar receitas que utilizam nozes, amêndoas, castanha-de-caju ou qualquer outra oleaginosa disponível. Essas versões podem ser gostosas, mas elas se afastam completamente da receita original e autêntica.
Na Itália, o verdadeiro “Pesto alla Genovese” tem uma receita muito específica e protegida. O único ingrediente aceitável para dar a textura e o sabor característicos são os pinhões, também conhecidos como pinoli. Qualquer outra substituição muda drasticamente o perfil de sabor e a cremosidade do molho.
Essa regra não é apenas uma questão de preciosismo, mas de identidade regional e tradição. O sabor suave e amanteigado do pinhão é essencial para equilibrar o alho e o manjericão. Usar outra castanha pode ser uma adaptação válida, mas o resultado final não pode ser chamado de pesto genovês.
Frutos do mar e queijo: Uma combinação criminosa

Existe uma regra de ouro na gastronomia italiana que é quase uma lei inquebrável. Frutos do mar nunca, em hipótese alguma, devem ser combinados com queijo. O motivo é simples e lógico: o sabor forte e salgado do queijo envelhecido, como o parmesão, domina completamente o sabor delicado e marinho dos peixes e mariscos.
É uma questão de respeito aos ingredientes e de equilíbrio de sabores. A ideia é que o frescor do mar seja a estrela do prato, não mascarado por laticínios. Se você quer comer como um verdadeiro italiano, resista à tentação de polvilhar queijo parmesão sobre sua massa com vôngole ou camarão.
Ver alguém fazendo essa mistura é algo que pode causar calafrios em um chef italiano. É considerado um erro de principiante e uma falta de sensibilidade ao paladar. Portanto, da próxima vez, aprecie o sabor puro do mar, sem a interferência do queijo.
Massa como prato principal: Uma regra de ouro

Se você já foi a um restaurante e pediu um bife com uma porção de macarrão como acompanhamento, saiba que essa refeição não segue nenhuma lógica italiana. Na estrutura de uma refeição tradicional na Itália, cada prato tem seu lugar e sua função. A massa nunca é um mero coadjuvante ou um “extra” no prato principal.
A massa é sempre o “primo piatto”, ou seja, o primeiro prato substancioso após as entradas. Ela é a estrela daquele momento da refeição, servida sozinha para que seu sabor e textura possam ser plenamente apreciados. Somente depois dela é que vem o “secondo piatto”, que consiste em carne, peixe ou frango, geralmente acompanhado de vegetais.
Tratar o macarrão como um simples acompanhamento, como purê de batatas ou arroz, é um conceito totalmente estrangeiro. É uma quebra na estrutura e no ritmo da refeição italiana. Para eles, a massa merece seu próprio momento de glória e destaque à mesa.
Vitela à milanesa: A farsa do frango frito

A receita italiana para a “Cotoletta alla Milanese” é bastante específica e tradicional. Trata-se de uma costeleta de vitela com osso, que é empanada em ovo e farinha de rosca e, crucialmente, frita em manteiga clarificada. O resultado é uma carne suculenta por dentro com uma crosta dourada e saborosa por fora.
No entanto, em muitos lugares do mundo, essa receita é completamente distorcida. A vitela é frequentemente substituída por frango ou por outros cortes de carne bovina, e a manteiga é trocada por óleo vegetal. Essas alterações mudam completamente o sabor e a textura do prato original.
Para um italiano, especialmente um milanês, chamar um filé de frango frito em óleo de “milanesa” é uma verdadeira farsa. É um prato diferente que apenas se apropria de um nome famoso. A autenticidade está nos detalhes, e nesse caso, a carne e a gordura usadas para fritar são tudo.
Salada caprese: O crime do queijo processado

Não há nada mais decepcionante e frustrante para um italiano do que pedir uma salada caprese e receber um prato com queijo processado. A beleza desta salada está na sua simplicidade e na qualidade dos seus três ingredientes. A combinação de tomate maduro, manjericão fresco e, o mais importante, uma boa mussarela, é o que a torna especial.
A mussarela usada na caprese autêntica deve ser de búfala ou, no mínimo, a “fior di latte”, que é feita com leite de vaca fresco. Esses queijos são macios, suculentos e têm um sabor lácteo delicado que complementa perfeitamente a acidez do tomate. Usar uma mussarela industrializada, amarela e borrachuda, destrói completamente a essência do prato.
É uma salada que celebra as cores da bandeira italiana e o frescor dos ingredientes de verão. Substituir o queijo por uma versão de baixa qualidade é um desrespeito à sua origem e significado. É a prova de que, às vezes, menos é mais, desde que o “menos” seja da melhor qualidade possível.
Berinjela à parmegiana: Sem frango, por favor

A tradicional “Parmigiana di Melanzane” é uma obra-prima da culinária do sul da Itália. Ela é feita com camadas de berinjela frita, molho de tomate fresco, manjericão, queijo parmesão e mussarela. É um prato vegetariano, rico e reconfortante, que celebra a berinjela como ingrediente principal.
Fora da Itália, no entanto, a receita é frequentemente transformada em algo completamente diferente. Nos Estados Unidos, por exemplo, é comum que a berinjela seja substituída por costeletas de frango empanadas. Aqui no Brasil, o filé de frango ou bife à parmegiana se tornou um clássico, mas que nada tem a ver com a receita original de berinjela.
Embora o bife à parmegiana seja delicioso e muito amado, ele é uma criação local, não um prato italiano. Associá-lo à parmegiana de berinjela é um erro comum, mas que descaracteriza a essência de um dos pratos vegetarianos mais famosos da Itália. A verdadeira parmegiana é, e sempre será, com berinjela.
Tiramisù: A tragédia do chantilly

O Tiramisù é uma das sobremesas italianas mais conhecidas e amadas em todo o mundo. Seu nome significa “puxa-me para cima”, uma referência à energia do café e do cacau. O segredo de sua textura aveludada e sabor inconfundível está no uso de um ingrediente específico: o queijo mascarpone.
Fora da Itália, no entanto, é muito comum encontrar versões onde o mascarpone é substituído por chantilly ou outros cremes mais baratos. Essa troca pode parecer pequena, mas para os italianos, é uma verdadeira tragédia culinária. O chantilly não tem a mesma densidade, gordura e sabor levemente ácido do mascarpone, que é essencial para equilibrar o doce e o amargo da sobremesa.
Um Tiramisù sem mascarpone é como um bolo de chocolate sem chocolate. Ele perde sua alma, sua identidade e sua textura característica. É uma sobremesa que depende da qualidade dos seus poucos ingredientes, e abrir mão do mascarpone é abrir mão do verdadeiro Tiramisù.
Comida enlatada: A praticidade que ofende

Os molhos e pratos enlatados foram inventados para quem ama a ideia da comida italiana, mas não tem tempo ou habilidade para cozinhá-la. Eles prometem um sabor autêntico com o mínimo de esforço. No entanto, para um italiano de verdade, essa praticidade vem com um custo muito alto: a perda total da qualidade e do frescor.
A culinária italiana é baseada em ingredientes frescos e preparações feitas na hora. Um italiano jamais ousaria temperar seu macarrão com um molho que veio de um pote ou de uma lata. O “sugo” de tomate é um ritual, feito lentamente com tomates frescos, alho, cebola e manjericão, e cada família tem sua própria receita.
A comida enlatada representa o oposto de tudo o que a cultura alimentar italiana valoriza. É a industrialização de algo que deveria ser artesanal e cheio de amor. Embora seja uma solução rápida para uma refeição, está a anos-luz de distância de uma autêntica experiência italiana.
Pizza: A pureza da simplicidade italiana

A pizza italiana tradicional, em sua forma mais pura e reverenciada, é a pizza margherita. Ela não precisa de uma montanha de ingredientes para ser deliciosa. Pelo contrário, seu segredo está no equilíbrio perfeito de poucos e excelentes componentes.
A receita original leva apenas molho de tomate San Marzano, fatias de mussarela de búfala fresca, um fio de azeite de oliva extra virgem e algumas folhas de manjericão. É isso, nada mais. Cada ingrediente brilha por si só, criando uma harmonia de sabores que é simplesmente imbatível.
Essa simplicidade é a essência da culinária italiana. Ela prova que, com ingredientes de alta qualidade, não é preciso exagerar. A margherita não é apenas uma pizza, é um manifesto gastronômico e um símbolo da Itália.
O exagero de ingredientes: Quando mais é menos

Enquanto na Itália a simplicidade é a chave, no resto do mundo parece haver uma regra não escrita de que uma pizza só é boa se tiver muitos ingredientes. Parece que as pizzas precisam conter pelo menos dez sabores diferentes para serem consideradas comestíveis ou valerem o preço. Essa mentalidade do “quanto mais, melhor” é o completo oposto da filosofia italiana.
Para um pizzaiolo italiano, sobrecarregar uma pizza é um sinal de insegurança. É como se os ingredientes estivessem brigando entre si pela atenção, em vez de trabalharem juntos em harmonia. O resultado é uma confusão de sabores onde nada se destaca e a qualidade da massa e do molho se perde.
Uma boa pizza deve permitir que você sinta o sabor de cada um dos seus componentes. O excesso de coberturas apenas cria um peso desnecessário e uma experiência gustativa caótica. Na Itália, a elegância e o equilíbrio sempre vencem a extravagância.
Combinações bizarras: As pizzas que chocariam a Itália

A pizza é geralmente considerada pelos italianos como um dos pratos mais maltratados e desrespeitados fora de suas fronteiras. As versões estrangeiras frequentemente incluem combinações de sabores que um italiano nunca sonharia em colocar sobre uma massa. É um campo fértil para invenções que beiram o bizarro.
De frutas a carnes exóticas, parece que tudo é permitido no mundo da pizza internacional. Essas criações são um reflexo das culturas locais, mas acabam se distanciando completamente do conceito original. Para os guardiões da tradição, é uma visão de puro horror gastronômico.
Vamos dar uma olhada em algumas das variações mais infames que circulam pelo planeta. Prepare-se, pois algumas dessas combinações podem desafiar sua própria noção do que é uma pizza. A criatividade humana realmente não conhece limites.
Pizza grega: Uma fusão cultural que não deu certo

A ideia de combinar uma massa de pizza, uma salada grega completa e almôndegas em um único prato é um conceito intrigante. Essa fusão de duas grandes culinárias mediterrâneas pode parecer uma boa ideia no papel. No entanto, na prática, o resultado é algo que um italiano jamais aprovaria.
A mistura de ingredientes frios de salada, como pepino e tomate fresco, com a base quente da pizza cria um contraste de texturas e temperaturas confuso. Além disso, a presença de queijo feta, azeitonas e almôndegas resulta em uma sobrecarga de sabores fortes. É uma combinação que simplesmente não funciona para o paladar italiano.
Cada um desses elementos é delicioso por si só, mas juntos sobre uma pizza, eles perdem sua identidade. É um exemplo clássico de como a fusão de cozinhas pode dar muito errado. Para os italianos, é apenas uma bagunça em cima de uma massa.
Pizza sauerkraut: A versão alemã que ofende

E que tal esta versão inusitada que você pode encontrar na Alemanha? A pizza de sauerkraut, ou chucrute, é um exemplo perfeito de como um prato pode ser adaptado à cultura local. Os alemães adoram seu repolho fermentado e não veem problema em colocá-lo sobre uma base de pizza.
Enquanto os alemães estão orgulhosamente dando seu próprio toque a um clássico italiano, os italianos em todos os cantos do mundo se recusam veementemente a chamar isso de pizza. O sabor ácido e forte do chucrute simplesmente não combina com a base de tomate e queijo. É uma afronta direta aos princípios de equilíbrio da culinária italiana.
É uma daquelas criações que provam que nem toda fusão é uma boa ideia. A pizza de chucrute pode ter seu público na Alemanha, mas para um italiano, é apenas uma curiosidade bizarra. Jamais peça por uma dessas em uma pizzaria de Nápoles.
Pizza ao estilo de Chicago: Uma quiche disfarçada

Apesar de ser um prato muito amado e um ícone de sua cidade natal, a pizza ao estilo de Chicago é vista com desconfiança pelos italianos. Com sua massa grossa e alta, que forma uma espécie de bacia para uma quantidade monumental de queijo, molho e recheio, ela se assemelha mais a uma torta. É uma experiência completamente diferente da pizza de massa fina e crocante da Itália.
Para um italiano, a “deep-dish pizza” é considerada uma espécie de quiche ou torta salgada estranha. A proporção entre massa, molho e cobertura é totalmente invertida, com o molho de tomate vindo por cima do queijo. Essa estrutura quebra todas as regras e a lógica de uma pizza tradicional.
Embora seja uma refeição farta e indulgente, ela carece da leveza e do equilíbrio que definem a pizza italiana. É um prato com sua própria identidade, mas que não deveria compartilhar o mesmo nome. É uma invenção americana que seguiu um caminho completamente diferente.
Pizza de sushi: Quando a criatividade vai longe demais

A imaginação humana realmente não conhece fronteiras, especialmente quando se trata de comida. A pizza de sushi é a prova viva disso, uma fusão ousada entre duas das culinárias mais amadas do mundo. A base geralmente é feita de arroz de sushi frito, coberto com peixe cru, abacate, maionese picante e outros elementos típicos japoneses.
Para um italiano, no entanto, essa criatividade toda não é necessariamente uma coisa boa. A ideia de chamar essa criação de “pizza” é simplesmente absurda. Não há massa, não há molho de tomate, não há queijo derretido; não há nada que a conecte ao conceito original de pizza.
É uma invenção que leva o conceito de fusão ao extremo, criando um prato que pode ser interessante, mas que existe em uma categoria própria. É um exemplo perfeito de como o nome “pizza” é usado livremente para descrever quase qualquer coisa redonda com coberturas. E isso, para um italiano, é doloroso de se ver.
Pizza de kebab: A união que não deveria existir

Pizza e kebab são dois pratos deliciosos e extremamente populares por conta própria. Juntos, eles parecem formar uma das refeições de fast-food mais apreciadas fora da Itália, especialmente na Europa. A combinação da carne de kebab temperada, salada fresca e molho de iogurte sobre uma base de pizza atrai muitos fãs.
No entanto, na nação mediterrânea, essa união seria considerada uma heresia. Os italianos jamais aceitariam essa mistura em seu repertório culinário. É a junção de dois mundos que, para eles, deveriam permanecer completamente separados.
A lógica é simples: a pizza tem seu próprio universo de sabores, e o kebab tem o seu. Misturá-los cria um prato que não é nem uma coisa nem outra, comprometendo a integridade de ambos. É mais uma invenção estrangeira que os italianos preferem ignorar.
Pizza de curry de banana: A invenção sueca

Na Suécia, eles adoram tanto a pizza que decidiram inventar suas próprias variantes criativas. Uma das mais famosas e controversas é a pizza de curry de banana. A receita leva molho de tomate, queijo, presunto defumado, curry em pó e, para finalizar, bananas fatiadas.
Essa combinação de sabores doces, salgados e condimentados pode não agradar a todos os paladares. Para a maioria das pessoas fora da Suécia, a ideia de banana em uma pizza já é chocante. Para os italianos, então, é algo completamente surreal e inaceitável.
É um exemplo extremo de adaptação cultural que se distancia radicalmente do prato original. A pizza de curry de banana é um ícone da culinária sueca moderna, mas para a Itália, ela representa tudo o que há de errado com as versões estrangeiras de seu prato mais famoso. Definitivamente, não tente pedir isso em Roma.
Pizza havaiana: A polêmica do abacaxi

Chegamos a uma das pizzas mais polêmicas e divisivas do mundo: a havaiana. A combinação de molho de tomate, queijo, presunto e o controverso abacaxi gera debates acalorados em todo o planeta. Há quem ame o contraste do doce com o salgado, e há quem o considere uma abominação.
Na Itália, no entanto, não há debate algum, há apenas consenso. O abacaxi simplesmente não pertence a uma pizza, e ponto final. É um prato impossível de se encontrar em qualquer pizzaria autêntica do país.
A ideia de colocar uma fruta tropical e ácida sobre a sagrada massa é vista como um desrespeito à tradição. A pizza havaiana pode ser um sucesso de vendas em muitos países, mas na Itália, ela permanece como o principal exemplo de um “crime” contra sua culinária. É a linha que os italianos se recusam a cruzar.
Pizza carbonara: O crime gastronômico supremo

Se colocar abacaxi na pizza já é um crime, a pizza carbonara é considerada a sentença de morte gastronômica. A ideia de pegar os ingredientes de um prato de massa sagrado e colocá-los sobre outra base sagrada é vista como um verdadeiro sacrilégio. É a fusão que nunca deveria ter sido concebida.
Nunca, jamais, em nenhuma circunstância, diga a um italiano que você comeu uma pizza carbonara. A reação provavelmente não será amigável. É a combinação de dois erros fatais: descaracterizar a pizza e desrespeitar a carbonara ao mesmo tempo.
É um prato que quebra múltiplas regras da culinária italiana de uma só vez. A textura e o sabor de cada prato são completamente perdidos nessa mistura. É o tipo de invenção que faz qualquer italiano questionar o rumo da humanidade.
Cappuccino e pizza: Uma dupla impensável

Tanto a pizza quanto o cappuccino são invenções italianas gloriosas que conquistaram o mundo. Cada um tem seu momento e seu lugar perfeito no dia de um italiano. No entanto, você nunca verá um nativo consumindo os dois ao mesmo tempo.
O cappuccino é estritamente uma bebida de café da manhã na Itália. A grande quantidade de leite o torna pesado demais para ser consumido após o meio-dia, e especialmente durante uma refeição principal como o almoço ou o jantar. Beber um cappuccino com pizza seria o equivalente a comer feijoada com achocolatado.
Essa combinação é um sinal claro de que você é um turista. É uma quebra de um código cultural não escrito, mas muito importante. A bebida certa para acompanhar uma pizza seria uma cerveja, um refrigerante ou um copo de vinho, nunca uma bebida com leite.
Pizza de pepperoni: O clássico que não é italiano

A pizza de pepperoni é talvez a pizza mais popular nos Estados Unidos e em muitas outras partes do mundo. Este clássico, no entanto, não está isento de controvérsias e mal-entendidos. A verdade é que o “pepperoni” como o conhecemos, um salame picante e fino, não é um ingrediente italiano.
Se você pedir uma “pizza ai peperoni” na Itália, receberá uma pizza coberta com pimentões (peperoni, com um “p” só, significa pimentão em italiano). Os italianos usam diversos tipos de salame em suas pizzas, como o “salame piccante”, mas o produto específico conhecido como pepperoni é uma criação ítalo-americana. É mais um exemplo de como a culinária evoluiu de forma diferente fora da Itália.
Portanto, embora seja deliciosa, a pizza de pepperoni não é um sabor que você encontraria em uma pizzaria tradicional em Nápoles. Os italianos simplesmente não comem esse tipo específico de salame em suas pizzas. É uma pequena, mas significativa, diferença cultural.