Descoberta de célula cheia de gordura revela por que narizes são flexíveis
Pesquisadores identificam um novo tipo de cartilagem com células únicas que garantem elasticidade e resistência, transformando o entendimento da anatomia.
Uma pesquisa recente revelou a existência de um tecido esquelético inédito chamado lipocartilagem, encontrado em áreas como o nariz e as orelhas. Este tecido contém células especiais, denominadas lipochondrocytes, que armazenam gordura em vacúolos internos. Essas células proporcionam uma combinação única de flexibilidade e estabilidade, explicando a capacidade dessas estruturas de retornar à sua forma original após deformações.
Diferentemente das cartilagens tradicionais, que dependem de uma matriz extracelular espessa para sua força, a lipocartilagem utiliza suas células preenchidas por lipídios como suporte interno. Essa característica permite que o tecido mantenha sua forma e elasticidade, mesmo sob condições extremas, como mudanças na dieta ou no ambiente.
A descoberta foi liderada por uma equipe da Universidade da Califórnia, Irvine, e promete revolucionar áreas como medicina regenerativa e engenharia de tecidos. Segundo os pesquisadores, entender melhor as propriedades desse tecido pode abrir caminho para avanços em cirurgias plásticas e tratamentos de doenças articulares.
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Lipochondrocytes: as células que desafiam o conhecimento atual
As lipochondrocytes, células responsáveis pela formação da lipocartilagem, foram descritas como “bolhas preenchidas com gordura”, semelhantes ao plástico bolha. Elas apresentam uma composição genética distinta, com genes que favorecem a produção interna de gorduras em vez da absorção externa. Isso garante a estabilidade do tecido, independentemente das flutuações alimentares.
Além disso, essas células foram encontradas em várias partes do corpo humano e em outros mamíferos, mas estão ausentes em espécies não mamíferas. Essa peculiaridade sugere que a lipocartilagem desempenha um papel evolutivo importante, especialmente em funções como audição e percepção acústica.
Os cientistas também observaram que a estrutura dessa cartilagem varia conforme sua localização no corpo. No nariz e nas orelhas, por exemplo, ela é mais elástica para resistir a deformações frequentes, enquanto no esterno apresenta maior rigidez para suportar pressões externas.
Impactos na medicina regenerativa e cirurgias plásticas
A descoberta da lipocartilagem traz implicações significativas para a medicina regenerativa. Por ser altamente estável e resistente à degradação, esse tecido pode ser utilizado na criação de implantes personalizados ou na reconstrução de estruturas faciais danificadas. Além disso, sua elasticidade natural é ideal para aplicações em cirurgias plásticas.
Os pesquisadores também destacaram o potencial uso das lipochondrocytes como biomarcadores para purificar cartilagens cultivadas em laboratório. Essa abordagem pode facilitar intervenções como rinoplastias ou reparos no sistema respiratório. A capacidade dessas células de manter suas propriedades ao longo do tempo é vista como uma vantagem crucial para tratamentos duradouros.
No futuro, estudos adicionais poderão explorar como a lipocartilagem pode ser manipulada geneticamente para atender necessidades específicas. Isso inclui desde melhorias na biomecânica até aplicações estéticas avançadas.
A evolução e o futuro das pesquisas sobre lipocartilagem
A origem evolutiva da lipocartilagem ainda é um mistério. Cientistas acreditam que ela tenha surgido exclusivamente em mamíferos devido às suas adaptações únicas, como o desenvolvimento do pavilhão auditivo externo e do nariz flexível. Essas estruturas são essenciais para funções sensoriais e comunicação.
No entanto, os pesquisadores também estão interessados em entender por que esse tecido não se desenvolve em outras espécies. Estudos comparativos com animais não mamíferos podem fornecer pistas sobre os mecanismos moleculares que levaram ao surgimento desse tipo específico de cartilagem.
A longo prazo, a equipe pretende investigar como as propriedades únicas das lipochondrocytes podem ser aplicadas no tratamento de doenças degenerativas, como a osteoartrite. A compreensão dos processos que mantêm essas células saudáveis pode revolucionar terapias baseadas em regeneração celular.
Fonte: The Scientist.