História falsa liga Round 6 ao incidente da Brothers Home
Teoria viral conecta a série Round 6 a um caso real de abusos na Coreia do Sul, mas especialistas desmentem ligação direta.
Recentemente, uma teoria envolvendo a popular série Round 6, da Netflix, e o caso real da Brothers Home, na Coreia do Sul, viralizou nas redes sociais. A alegação sugere que o enredo da série teria sido inspirado nos horrores vividos pelos internos dessa instituição. No entanto, especialistas e o próprio criador da série refutam essa conexão, apontando para uma interpretação equivocada dos fatos.
A Brothers Home, localizada em Busan, foi palco de graves violações de direitos humanos entre as décadas de 1970 e 1980. Sob o pretexto de oferecer assistência social, o local abrigou milhares de pessoas em condições desumanas, incluindo trabalho forçado e tortura. Apesar das semelhanças temáticas com a série, como a exploração de indivíduos vulneráveis, não há evidências de que esses eventos tenham inspirado diretamente Round 6.
O diretor da série, Hwang Dong-hyuk, já declarou que sua principal inspiração veio das desigualdades econômicas e sociais da Coreia do Sul contemporânea, além de influências de obras japonesas como “Battle Royale” e “Liar Game”. A viralização dessa teoria reflete o impacto das fake news na percepção pública e a necessidade de verificar informações antes de compartilhá-las.
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O que foi a Brothers Home?
A Brothers Home era oficialmente uma instituição de assistência social, mas na prática funcionava como um campo de concentração onde milhares foram detidos arbitrariamente. A maioria dos internos não era composta por pessoas em situação de rua, mas sim por cidadãos comuns capturados sem julgamento. O local ficou conhecido por práticas como trabalho forçado, tortura física e psicológica e até abuso sexual.
Investigações revelaram que entre 1975 e 1988 mais de 650 pessoas morreram na instituição. Relatos apontam que os corpos eram enterrados secretamente ou vendidos para hospitais locais. Esses fatos reforçam o apelido dado pela mídia coreana ao local: “Auschwitz da Coreia”.
A história da Brothers Home é um lembrete sombrio das consequências da negligência estatal e da exploração dos mais vulneráveis. Contudo, associar esses eventos à trama fictícia de Round 6 é uma distorção que prejudica o entendimento histórico.
A origem das fake news sobre Round 6
A teoria ganhou força após um vídeo no TikTok afirmar que a série foi inspirada em um “jogo real” ocorrido em um bunker subterrâneo em 1986. Imagens manipuladas e informações retiradas de contexto alimentaram essa narrativa falsa. Algumas postagens chegaram a usar fotos reais dos internos da Brothers Home, criando uma conexão enganosa com os cenários coloridos e sombrios da série.
A disseminação dessas fake news destaca como as redes sociais podem amplificar desinformações rapidamente. Especialistas alertam para os perigos desse fenômeno, que não apenas distorce a história real, mas também pode prejudicar vítimas sobreviventes ao minimizar suas experiências.
A Netflix e Hwang Dong-hyuk reiteraram que qualquer semelhança entre a série e eventos reais é meramente coincidente. A trama busca explorar questões universais sobre desigualdade e competição extrema, temas amplamente presentes em diversas culturas.
A importância de combater desinformações
A viralização dessa história falsa ressalta a necessidade urgente de combater as fake news. Informações fabricadas ou manipuladas podem causar danos significativos à memória histórica e à compreensão coletiva dos fatos. Além disso, comprometem debates importantes sobre temas como direitos humanos e justiça social.
Para evitar a propagação desse tipo de conteúdo, é essencial verificar as fontes das informações antes de compartilhá-las. Ferramentas digitais e iniciativas educacionais desempenham um papel crucial nesse processo. O caso também reforça a responsabilidade das plataformas digitais em monitorar conteúdos enganosos.
No contexto atual, onde as redes sociais têm grande influência sobre a opinião pública, combater desinformações é mais do que uma necessidade: é um dever cívico para proteger nossa compreensão do passado e construir um futuro mais informado.
Fonte: Revista KoreaIN.