Brasileira escala montanha mais alta da Oceania e quebra dois recordes
Fernanda Maciel conquista dois recordes mundiais ao escalar a Pirâmide de Carstensz em tempo recorde, enfrentando condições extremas e desafios técnicos.
A ultramaratonista brasileira Fernanda Maciel alcançou um feito histórico ao escalar a Pirâmide de Carstensz, a montanha mais alta da Oceania, localizada na Indonésia. Com uma altitude de 4.884 metros, o pico é conhecido por sua dificuldade técnica e condições climáticas adversas. Fernanda completou o percurso de subida e descida em apenas 1 hora e 48 minutos, estabelecendo dois recordes mundiais: o de menor tempo total e o recorde feminino de subida, realizado em impressionantes 1 hora e 4 minutos.
O desafio foi realizado em meio a neve, chuva e terrenos escorregadios, exigindo não apenas resistência física, mas também habilidades avançadas de alpinismo técnico. A mineira contou com o apoio do montanhista Carlos Santalena em trechos críticos, como uma passagem estreita próxima ao cume, onde foi necessário realizar um salto técnico com auxílio de cordas fixadas.
Este marco representa o quinto cume conquistado por Fernanda na sua jornada pelos “Sete Cumes”, os picos mais altos de cada continente. A atleta já escalou montanhas icônicas como o Kilimanjaro, na África; o Aconcágua, na América do Sul; o Monte Vinson, na Antártida; e o Monte Elbrus, na Europa.
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Os desafios da Pirâmide de Carstensz
A Pirâmide de Carstensz, também conhecida como Puncak Jaya, é famosa por seu terreno rochoso e íngreme, que exige técnicas avançadas de escalada. Localizada em meio a densas florestas tropicais na ilha da Nova Guiné, a montanha oferece condições desafiadoras para qualquer alpinista. Além disso, o ambiente hostil inclui chuvas constantes e temperaturas baixíssimas.
Apesar da altitude extrema, Fernanda optou por realizar a escalada sem suporte de oxigênio suplementar. O percurso incluiu 2.200 metros correndo e trechos técnicos que demandaram concentração máxima. Segundo a atleta, as cordas antigas instaladas no local aumentaram a complexidade da rota.
A região onde está localizada a montanha também apresenta barreiras burocráticas e sociais. Conflitos civis entre povos originários e o governo indonésio dificultam o acesso ao pico, que esteve fechado para turistas por anos. Fernanda esperou cinco anos para realizar essa expedição e aproveitou uma breve janela de reabertura para alcançar seu objetivo.
Uma carreira marcada por recordes
Fernanda Maciel não é estranha a grandes conquistas. Ela foi a primeira mulher a escalar e descer o Aconcágua, na Argentina, em menos de 24 horas. No Monte Vinson, na Antártida, estabeleceu os recordes mundiais de subida mais rápida (6 horas e 40 minutos) e menor tempo total (9 horas e 41 minutos). Além disso, completou os 860 km do Caminho de Santiago em apenas 10 dias.
A atleta utiliza suas expedições para promover questões sociais e ambientais. No Aconcágua, colaborou com autoridades locais para implementar uma gestão sustentável de resíduos no parque onde está localizada a montanha. Em outras expedições, visitou orfanatos e apoiou comunidades locais.
Para Fernanda, cada conquista vai além dos recordes esportivos. “Meu objetivo não é apenas estabelecer recordes, mas mostrar a beleza e a resiliência desses ambientes”, afirmou. Sua missão inclui inspirar pessoas a protegerem os ecossistemas frágeis que visita durante suas jornadas.
Próximos desafios no horizonte
Com cinco dos “Sete Cumes” já conquistados, Fernanda planeja escalar os dois picos restantes: o Denali, na América do Norte, e o Everest, na Ásia. Essas expedições estão previstas para 2026 e prometem ser tão desafiadoras quanto suas conquistas anteriores.
Além disso, Fernanda tem outros projetos ambiciosos fora dos “Sete Cumes”. Ela pretende correr a travessia dos Pirineus, um percurso de mais de mil quilômetros com 55 mil metros de desnível acumulado. No Brasil, planeja realizar uma corrida no Caminho da Fé.
A jornada da ultramaratonista mineira é um exemplo inspirador de superação física e emocional. Suas conquistas destacam não apenas sua habilidade técnica como alpinista, mas também seu compromisso com causas maiores que transcendem o esporte.
Fonte: Galileu.