Curiosão

Por que alguns destinos não recebem americanos de braços abertos

Nem todo carimbo no passaporte vem acompanhado de um sorriso; para alguns viajantes, a recepção é mais fria do que se imagina.

Viajar para fora do país é uma experiência transformadora, uma chance de mergulhar em novas culturas e ver o mundo com outros olhos. Para os americanos, essa aventura nem sempre é recebida com o mesmo entusiasmo com que eles partem. Em alguns lugares, a chegada de um turista dos EUA pode despertar sentimentos complexos, que vão muito além de uma simples barreira de idioma.

As razões para essa recepção morna são variadas, misturando a política externa do governo americano com comportamentos culturais que simplesmente não se encaixam bem em outros contextos. A cultura de atendimento ao cliente, tão forte nos Estados Unidos, pode criar expectativas que geram atritos no exterior. Afinal, o que é considerado normal em casa pode ser visto como exigente ou até rude em outro lugar.

É importante entender que isso não é um convite para deixar de viajar, mas sim uma oportunidade de se tornar um visitante mais consciente. Conhecer essas percepções é o primeiro passo para construir pontes e deixar uma impressão positiva por onde passar. Viajar também é sobre aprender a se adaptar e a respeitar as regras e costumes de quem nos recebe.

O estigma do turista que se sente em casa demais

Turista parecendo exigente com um garçom em um restaurante.
Pequenos gestos e expectativas podem ser interpretados de maneiras muito diferentes ao redor do mundo. (Fonte da Imagem: Shutterstock)

Você já se perguntou qual é a imagem que os turistas americanos deixam para trás quando viajam? Uma discussão que viralizou no Reddit trouxe à tona percepções de pessoas de vários países. A imagem pintada não foi das mais lisonjeiras, retratando os visitantes dos EUA como privilegiados e, por vezes, agindo como se fossem os donos da razão.

Esse comportamento de “superioridade” percebida muitas vezes não é intencional, mas acaba gerando um desconforto generalizado. A sensação que fica para os locais é a de que o turista americano espera que o mundo se adapte a ele, e não o contrário. É um choque cultural que começa pequeno, mas que constrói uma reputação difícil de desmanchar.

Entender essa visão é crucial para quem deseja ser um bom embaixador de seu país. Não se trata de julgar, mas de observar como certas atitudes são recebidas fora de seu ambiente de origem. A consciência cultural pode transformar uma viagem tensa em uma experiência de conexão genuína.

Quando os costumes de casa viajam na mala

Grupo de turistas falando alto em um café, enquanto locais olham incomodados.
O que é normal em um país pode ser considerado uma grande ofensa em outro. (Fonte da Imagem: Shutterstock)

Existem hábitos que são completamente normais nos Estados Unidos, mas que causam arrepios em outras culturas. Falar em voz alta em restaurantes, por exemplo, é um dos comportamentos mais citados como irritantes. O que para um americano é apenas um tom de voz normal, para outros pode parecer uma invasão de espaço acústico.

Outro ponto de atrito é a forma de lidar com os prestadores de serviço, desde garçons até funcionários de hotel. A cultura da gorjeta e do serviço rápido nos EUA cria uma expectativa de atendimento imediato e uma amizade forçada que não existe em muitos lugares. Essa abordagem pode ser vista como exigente e até desrespeitosa com o ritmo de trabalho local.

Essas práticas, embora comuns e aceitas em casa, não viajam bem e acabam reforçando estereótipos negativos. A chave é observar, ouvir e se adaptar, em vez de esperar que o destino se molde aos seus costumes. Uma pequena mudança de atitude pode fazer toda a diferença na forma como você é percebido.

A linha tênue entre simpatia e grosseria

Uma pessoa gesticulando de forma expansiva, o que pode ser visto como rude em algumas culturas.
Um simples gesto pode ter significados opostos dependendo de onde você está no mapa. (Fonte da Imagem: Shutterstock)

A verdade é que não há nada inerentemente errado em ser amigável ou esperar um bom serviço. O problema surge quando esses comportamentos são aplicados em contextos culturais onde as regras sociais são outras. O que é visto como simpatia nos EUA pode ser interpretado como invasivo ou falso em outras nações.

É uma dança cultural delicada, onde cada passo precisa ser cuidadosamente calculado. Em muitas culturas, a formalidade e a distância inicial são sinais de respeito, não de frieza. Chegar com um excesso de informalidade pode quebrar essa barreira de forma abrupta e ser percebido como grosseria.

Por isso, a percepção de “rudeza” do turista americano muitas vezes nasce de um mal-entendido cultural. Não é uma falha de caráter, mas uma falta de sintonia com as normas locais. A sensibilidade para ler o ambiente é, talvez, o item mais importante a se levar na bagagem.

O mundo se abre novamente para os viajantes

Aeroporto movimentado com muitos viajantes e malas, simbolizando o aumento das viagens internacionais.
O desejo de explorar o mundo está mais forte do que nunca, e os aeroportos voltaram a ficar cheios. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A vontade de explorar o mundo está em alta, e os números comprovam essa tendência global. Apenas no ano de 2022, um número impressionante de 93 milhões de americanos fizeram as malas e viajaram para o exterior. Esse movimento massivo de pessoas inevitavelmente causa um grande impacto cultural nos destinos visitados.

Essa retomada do turismo internacional mostra que a curiosidade e o desejo de conexão superam qualquer barreira. As pessoas querem ver, sentir e experimentar o que o mundo tem a oferecer, e isso é algo a ser celebrado. No entanto, um grande fluxo de turistas também significa uma responsabilidade maior.

A expectativa é que esse número continue a crescer nos próximos anos, tornando ainda mais importante a discussão sobre turismo consciente. Cada vez mais, os viajantes precisarão pensar no impacto que deixam para trás. O futuro das viagens depende dessa nova consciência coletiva.

Cada turista é um embaixador do seu país

Um turista tirando uma selfie em frente a um monumento famoso, representando o papel de embaixador cultural.
Sua atitude em outro país pode moldar a percepção de uma nação inteira sobre seu povo. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Pode parecer um peso, mas é a pura verdade: ao viajar para o exterior, cada turista se torna um embaixador não oficial de seu país. As interações, os gestos e as atitudes não são vistos como individuais, mas como um reflexo de toda uma nação. É uma responsabilidade que muitos não percebem que carregam na mochila.

As impressões deixadas, sejam elas boas ou ruins, podem ser incrivelmente duradouras. Uma experiência negativa com um turista pode reforçar um estereótipo por anos na mente de um morador local. Da mesma forma, um gesto de respeito e gentileza pode quebrar preconceitos e criar uma imagem positiva.

Por isso, cada interação conta, desde o “bom dia” ao padeiro até a forma como se negocia um preço em um mercado. Ser um bom embaixador não é sobre ser perfeito, mas sobre ser respeitoso e aberto a aprender. Essa é a verdadeira essência de ser um cidadão do mundo.

Os destinos onde a recepção pode ser mais fria

Placa de boas-vindas em um aeroporto com diversas bandeiras, mas com um tom de alerta.
Saber onde sua nacionalidade pode gerar atritos é o primeiro passo para uma viagem mais tranquila. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Existe uma lista de países onde a presença de turistas americanos não é exatamente motivo de festa, e os motivos são bem variados. Uma compilação de dados, incluindo pesquisas do renomado Pew Research Centre, revelou 25 nações com uma visão mais crítica. É um mapa que mistura política, história e choques culturais profundos.

Em alguns desses lugares, a antipatia está diretamente ligada a décadas de política externa americana, com intervenções que deixaram cicatrizes. Nesses casos, o turista se torna o rosto visível de um governo, carregando um peso histórico que não é seu. É uma herança complexa que afeta a forma como são recebidos.

Em outros, o problema é puramente cultural, um choque entre estilos de vida e valores que parecem irreconciliáveis. Compreender essa lista não é sobre medo, mas sobre preparação. Saber o terreno que se está pisando é fundamental para uma viagem bem-sucedida e respeitosa.

25. Áustria: Onde o silêncio vale ouro

Vista panorâmica de uma cidade austríaca, com montanhas ao fundo, transmitindo uma sensação de calma.
A beleza serena da Áustria reflete uma cultura que valoriza a discrição e a tranquilidade. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A sociedade austríaca é conhecida por ser bastante discreta e reservada, um contraste gritante com a extroversão frequentemente associada aos americanos. Para os austríacos, o barulho e a agitação são vistos como uma perturbação da paz. Essa diferença cultural é a principal fonte de atrito com os turistas dos EUA.

A percepção local é que os americanos são desordeiros e não respeitam os espaços de convivência silenciosos. Não se trata de uma hostilidade aberta, mas de um incômodo palpável com o que eles consideram uma falta de modos. É um choque entre um estilo de vida mais contido e um mais expansivo.

Essa incompatibilidade de comportamentos pode tornar a interação desconfortável para ambos os lados. Os austríacos podem parecer frios, enquanto os americanos se sentem incompreendidos. É um clássico caso de como as diferenças culturais podem criar barreiras invisíveis.

24. Noruega: Uma reserva que vai além do clima

Fiordes majestosos da Noruega, com águas calmas e montanhas imponentes.
Assim como suas paisagens, os noruegueses podem parecer distantes à primeira vista, mas guardam uma grande profundidade. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Se você for americano e sentir uma certa frieza na Noruega, não leve para o lado pessoal, pois eles não são fãs de turistas em geral. Pesquisas indicam que os noruegueses têm uma preferência clara por seus vizinhos escandinavos. Outras nacionalidades, no entanto, não desfrutam da mesma recepção calorosa.

Estudos mostram que, de todos os grupos de visitantes, os noruegueses têm uma simpatia particularmente baixa por turistas americanos e chineses. Essa percepção não está necessariamente ligada a um evento específico, mas a uma sensação geral de incompatibilidade cultural. A reserva natural dos noruegueses se choca com a abordagem mais direta de outras culturas.

É um dado curioso que revela muito sobre a identidade nacional norueguesa e sua relação com o resto do mundo. Eles valorizam seu espaço e sua tranquilidade, e a chegada massiva de turistas pode ser vista como uma ameaça a esse equilíbrio. Viajar para a Noruega exige uma sensibilidade extra para essa dinâmica.

23. Sérvia: Feridas históricas que ainda doem

Edifício em Belgrado, Sérvia, com marcas visíveis de conflitos passados.
As paredes da Sérvia contam histórias de um passado doloroso que ainda molda o presente. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Na Sérvia, a recepção aos americanos é fortemente influenciada por eventos históricos dolorosos e recentes. A política externa dos EUA durante o genocídio na Bósnia e a Guerra do Kosovo deixou marcas profundas na memória coletiva do povo sérvio. Essas ações moldaram de forma decisiva a percepção sobre os Estados Unidos.

Os números refletem esse sentimento de forma contundente, com pesquisas revelando dados alarmantes. Em um estudo sobre a percepção de diferentes nacionalidades, metade dos sérvios entrevistados considerou os americanos como inimigos. É uma estatística poderosa que ilustra a profundidade da desconfiança.

Para um turista americano na Sérvia, é impossível ignorar o peso dessa história. A hostilidade não é pessoal, mas política, um eco de decisões tomadas a milhares de quilômetros de distância. Compreender esse contexto é fundamental para navegar no país com o respeito que sua história exige.

22. Cuba: Mais de 60 anos de um embargo doloroso

Carro clássico americano estacionado em uma rua colorida de Havana, Cuba.
Os carros americanos em Cuba são um símbolo paradoxal de uma relação complexa e cheia de tensões. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Não é surpresa para ninguém que a relação entre Cuba e os Estados Unidos é, no mínimo, complicada. O embargo econômico imposto pelos EUA há mais de 60 anos teve um impacto devastador no desenvolvimento da ilha. Essa política de isolamento é a principal razão por trás dos sentimentos negativos dos cubanos.

Para os cubanos, o embargo não é apenas uma questão política abstrata, mas uma realidade que afeta o dia a dia, limitando o acesso a bens e oportunidades. Essa dificuldade constante, atribuída diretamente às ações do governo americano, naturalmente se reflete na forma como os cidadãos dos EUA são vistos. É uma ferida econômica e social que permanece aberta.

Apesar disso, muitos cubanos conseguem separar o povo do governo, tratando os turistas com cordialidade. No entanto, a sombra do embargo é onipresente, um pano de fundo que colore todas as interações. É um lembrete constante do poder que a política tem de criar barreiras entre as pessoas.

21. Eslovênia: Uma desconfiança que atravessa gerações

Lago Bled na Eslovênia, com sua icônica igreja na ilha, um lugar de beleza e tranquilidade.
A beleza estonteante da Eslovênia esconde uma certa desconfiança histórica em relação ao mundo ocidental. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A Eslovênia é um país que historicamente mantém um pé atrás em relação à política e aos valores culturais americanos. Essa desconfiança não nasceu de um conflito direto, mas de uma observação crítica e distante da influência dos EUA no cenário mundial. É uma postura que valoriza a própria identidade cultural acima de tudo.

Embora pesquisas recentes indiquem uma leve melhora nesses sentimentos, a desconfiança em relação aos americanos ainda persiste. É algo sutil, uma reserva que pode ser sentida nas interações mais formais. Os eslovenos não são abertamente hostis, mas também não são de abrir os braços sem antes observar com cautela.

Essa atitude reflete um desejo de preservar sua cultura e seu modo de vida, protegendo-os de uma influência externa considerada avassaladora. Para o turista, isso significa a necessidade de demonstrar respeito e um interesse genuíno pela cultura local. A confiança, na Eslovênia, é algo que se conquista aos poucos.

20. Belarus: Ecos da Guerra Fria na economia atual

Arquitetura da era soviética em Minsk, capital de Belarus.
As ruas de Belarus ainda carregam a memória de uma era de rivalidade ideológica com o Ocidente. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Como era de se esperar, os fantasmas da Guerra Fria ainda assombram a relação entre antigas nações soviéticas e os Estados Unidos. Em países como Belarus, a visão sobre os americanos é moldada por décadas de rivalidade ideológica e desconfiança mútua. Essa herança histórica é um fator crucial para entender a dinâmica atual.

Além da história, a situação econômica desafiadora de Belarus também influencia essa percepção. Existe uma tendência de atribuir as dificuldades econômicas à influência e às políticas dos Estados Unidos no cenário global. O turista americano acaba se tornando um símbolo visível dessa influência percebida como negativa.

Essa combinação de ressentimento histórico e frustração econômica cria um ambiente pouco acolhedor. Não se trata de uma ameaça física, mas de uma frieza que reflete a complexa teia geopolítica mundial. É um lembrete de que, mesmo décadas depois, as cicatrizes da Guerra Fria ainda não se fecharam completamente.

19. Chile: A memória do golpe que nunca foi esquecida

O notório ditador Augusto Pinochet em uma foto oficial.
A imagem de Pinochet é um lembrete sombrio da intervenção estrangeira e da violência que marcou o Chile por décadas. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Para entender por que muitos chilenos nutrem sentimentos negativos em relação aos americanos, é preciso olhar para a história. A notória intervenção dos EUA nos assuntos latino-americanos deixou uma cicatriz profunda no Chile. O golpe militar de 1973, apoiado pelos Estados Unidos, é um evento que o país jamais esqueceu.

Esse golpe instalou a ditadura brutal de Augusto Pinochet, que governou a nação com mão de ferro por décadas. O regime foi responsável pela execução de milhares de civis, desaparecimentos forçados e tortura em massa. A associação do governo americano com esse período sombrio é a raiz da desconfiança chilena.

O turista americano, mesmo sem ter qualquer relação com esses eventos, carrega o peso dessa história. É um fardo que exige sensibilidade e respeito ao visitar um país que ainda lida com os traumas de seu passado. Reconhecer essa dor é o primeiro passo para uma interação mais empática.

18. Singapura: A sombra da Guerra do Vietnã

Horizonte moderno e vibrante de Singapura à noite.
Apesar de sua modernidade, Singapura não esquece as lições de conflitos regionais passados. (Fonte da Imagem: Getty Images)

De forma semelhante às intervenções na América Latina, as ações militares dos EUA na Ásia também deixaram marcas duradouras. A Guerra do Vietnã, em particular, teve um impacto profundo nos sentimentos dos singapurianos em relação aos americanos. O conflito na vizinhança gerou uma grande apreensão e desconfiança.

Esses ressentimentos, nascidos durante a guerra, acabaram se estendendo para uma percepção mais ampla e crítica da política externa americana. Os cidadãos da cidade-Estado passaram a ver as ações dos EUA com um olhar mais cético. A memória do conflito serve como um alerta constante sobre os perigos da intervenção estrangeira.

Hoje, Singapura é uma nação moderna e globalizada, mas essa memória histórica ainda influencia as atitudes locais. O turista americano pode não sentir uma hostilidade direta, mas a reserva e a cautela são palpáveis. É um legado de um dos conflitos mais divisivos do século XX.

17. Paquistão: Um caldeirão de tensões geopolíticas

Rua movimentada em uma cidade do Paquistão, com pessoas e tráfego intenso.
A vida cotidiana no Paquistão é profundamente influenciada por uma complexa rede de alianças e tensões globais. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A geopolítica é o fator central que molda a percepção paquistanesa sobre os americanos. A cooperação militar entre os EUA e a Índia, o grande rival regional do Paquistão, é vista com enorme desconfiança. Essa aliança alimenta um sentimento de que os Estados Unidos não são um parceiro confiável.

Além disso, a islamofobia percebida no Ocidente e as ações militares pós-11 de setembro contribuem para essa visão negativa. As invasões e interferências lideradas pelos EUA no Afeganistão, Iraque e Palestina são vistas como ataques ao mundo muçulmano. Esses eventos geraram um profundo ressentimento entre os cidadãos do Paquistão.

Para o turista americano, isso se traduz em um ambiente onde a cautela é necessária. A hospitalidade paquistanesa é lendária, mas a desconfiança política é real e profunda. É um terreno complexo onde a identidade nacional e a religião se entrelaçam com a política global.

16. Nova Zelândia: Quando a arrogância irrita os Kiwis

Paisagem exuberante da Nova Zelândia, com colinas verdes e céu azul.
Os Kiwis são orgulhosos de sua cultura descontraída e não apreciam quem tenta impor outras regras. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Os neozelandeses, carinhosamente conhecidos como Kiwis, não são grandes fãs dos turistas americanos, e o motivo é puramente cultural. Certas atitudes e comportamentos dos visitantes dos EUA simplesmente irritam os habitantes desta nação insular. A principal queixa é a percepção de que os americanos são barulhentos e arrogantes.

A cultura Kiwi valoriza a humildade, o respeito pelas regras e uma atitude mais descontraída. A resistência dos turistas americanos em se adaptar às normas locais é um fator de grande atrito. Isso vai desde regras de trânsito até o comportamento em parques nacionais e áreas de conservação.

Não se trata de política ou história, mas de uma simples incompatibilidade de estilos de vida. Os Kiwis sentem que seu modo de vida tranquilo é desrespeitado por visitantes que agem como se estivessem em seu próprio quintal. Para eles, a boa educação e a adaptação são essenciais para ser bem-vindo.

15. México: A complexa relação entre vizinhos

Monumento histórico no México com a bandeira do país em destaque.
A rica cultura mexicana muitas vezes se sente desrespeitada e mal representada pelo seu vizinho do norte. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Apesar de a grande maioria dos turistas no México vir dos Estados Unidos e do Canadá, a relação entre os povos é cheia de tensões. Os mexicanos sentem que são retratados de forma injusta e estereotipada na mídia americana. Essa representação negativa constante acaba minando a boa vontade.

Além da questão da imagem, as ameaças militares históricas e o debate acalorado sobre a fronteira criam um clima de desconfiança. Os mexicanos frequentemente se sentem desrespeitados e subestimados pelo seu poderoso vizinho do norte. Essa sensação de menosprezo gera opiniões desfavoráveis sobre os visitantes americanos.

Mesmo com a importância econômica do turismo americano, a ferida cultural e política permanece. Os mexicanos são um povo acolhedor, mas não são ingênuos quanto à complexidade da relação bilateral. É uma dinâmica de amor e ódio que define a fronteira mais movimentada do mundo.

14. Argentina: As cicatrizes da “Guerra Suja”

Mães da Praça de Maio protestando com fotos de seus filhos desaparecidos.
A Marcha pela Vida é um protesto silencioso e poderoso contra a violência apoiada por potências estrangeiras. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Assim como no Chile, a história da Argentina foi marcada por uma ditadura militar brutal, e o apoio dos Estados Unidos a esse regime é inesquecível. A chamada “Guerra Suja” foi um período de terrorismo de Estado que deixou traumas profundos. A associação dos EUA com essa violência é um fator chave para os sentimentos negativos dos argentinos.

Com o apoio americano, o regime militar promoveu dezenas de milhares de execuções, desaparecimentos forçados e tortura em massa. A imagem das Mães da Praça de Maio, protestando silenciosamente pelos filhos desaparecidos, tornou-se um símbolo mundial dessa tragédia. A dor dessa época ainda é muito viva no país.

O turista americano pode não conhecer essa história em detalhes, mas os argentinos a conhecem muito bem. A desconfiança em relação ao governo dos EUA inevitavelmente respinga na percepção sobre seus cidadãos. É mais um caso em que a política externa do passado define a recepção no presente.

13. Malásia: Desconfiança movida por política e religião

As Torres Petronas em Kuala Lumpur, símbolo da modernidade e da identidade malaia.
A Malásia equilibra modernidade e tradição, mas observa a política global com um olhar crítico e desconfiado. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Na Malásia, a desconfiança em relação aos turistas americanos é alimentada por uma combinação de fatores políticos e religiosos. A política externa americana no Oriente Médio e em outras partes do mundo muçulmano é vista com grande ceticismo. Essas ações são percebidas como prejudiciais aos interesses dos muçulmanos em geral.

Sentimentos antimuçulmanos, que os malaios percebem vir do Ocidente, também contribuem significativamente para essa visão negativa. Eles sentem que sua fé e cultura são frequentemente mal compreendidas e desrespeitadas. Essa percepção cria uma barreira natural contra a influência americana.

Essa desconfiança não costuma se manifestar em hostilidade aberta, mas em uma certa reserva e distanciamento. Os malaios são educados e corteses, mas a afinidade com os americanos não é imediata. É preciso tempo e esforço para construir uma ponte de confiança sobre esse abismo político e cultural.

12. Afeganistão: Duas décadas de conflito e dor

Paisagem montanhosa e árida do Afeganistão, marcada por anos de guerra.
As montanhas do Afeganistão testemunharam a morte de centenas de milhares de pessoas em um conflito devastador. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A relação do Afeganistão com os Estados Unidos é definida por mais de duas décadas de intervenção militar e conflito. A guerra liderada pelos americanos no país deixou um rastro de destruição e perdas humanas incalculáveis. Para a população civil, a presença americana é sinônimo de violência e instabilidade.

Os números são assustadores e ajudam a entender a profundidade do trauma afegão. Estima-se que mais de 150.000 afegãos morreram como resultado direto da ação militar americana. Cada uma dessas mortes deixou uma família enlutada e uma comunidade marcada pelo ressentimento.

Essas impressões negativas sobre os americanos são, portanto, baseadas em uma experiência direta e dolorosa de guerra. Para o povo afegão, a desconfiança não é uma questão de percepção, mas uma consequência lógica de anos de sofrimento. É uma das relações mais trágicas e complexas do cenário global atual.

11. China: Uma rivalidade que se estende ao turismo

A Grande Muralha da China, um símbolo de poder e isolamento histórico.
A relação entre China e EUA é como a Grande Muralha: longa, complexa e cheia de pontos de tensão. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A rivalidade entre os Estados Unidos e a China é uma das mais importantes do século XXI, e essa tensão se reflete em todos os níveis, inclusive no turismo. Um longo histórico de relações tensas, que vão do comércio à geopolítica, cria um clima de hostilidade mútua. Essa animosidade é constantemente alimentada pela retórica de ambos os governos.

A forma como o povo chinês é retratado na mídia e na política americana é vista como desfavorável e preconceituosa. Por outro lado, a mídia estatal chinesa frequentemente pinta um quadro negativo da cultura e da sociedade americanas. Essa troca de farpas midiática envenena a percepção popular de ambos os lados.

Como resultado, os visitantes americanos na China podem encontrar uma recepção fria e desconfiada. Os sentimentos hostis são gerados por essa guerra de narrativas, onde cada lado se vê como vítima das ações do outro. Viajar entre esses dois gigantes requer uma grande dose de paciência e compreensão.

10. Rússia: A nova Guerra Fria e seus impactos

A Praça Vermelha em Moscou, com a Catedral de São Basílio, um ícone da Rússia.
A Praça Vermelha já foi palco de desfiles militares da Guerra Fria, e as tensões com o Ocidente nunca desapareceram por completo. (Fonte da Imagem: Getty Images)

As tensões entre a Rússia e os Estados Unidos, que pareciam ter diminuído após a Guerra Fria, ressurgiram com força total. A forma como o governo e a mídia dos EUA retratam os russos é vista como hostil e caricatural. Essa percepção de desrespeito alimenta um forte sentimento anti-americano no país.

As posições americanas sobre o conflito na Ucrânia e as sanções econômicas subsequentes pioraram drasticamente essa relação. Para muitos russos, essas ações são uma prova da agressividade e da interferência dos EUA em seus assuntos regionais. A visão sobre os americanos tornou-se ainda mais negativa nos últimos anos.

Esse clima de nova Guerra Fria torna a Rússia um dos destinos menos acolhedores para turistas americanos. A hostilidade é alimentada pela propaganda estatal e por um sentimento genuíno de que a Rússia está sendo injustamente atacada pelo Ocidente. É um ambiente geopolítico carregado que se reflete no tratamento aos visitantes.

9. Turquia: A política externa como divisor de águas

Mesquita Azul em Istambul, um marco da cultura e religião turca.
A Turquia, na encruzilhada entre o Oriente e o Ocidente, analisa as ações americanas com um olhar particularmente crítico. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Na Turquia, a principal razão para a antipatia em relação aos americanos é a política externa dos EUA. Pesquisas mostram consistentemente que as ações americanas no Oriente Médio e em outras regiões de interesse turco são vistas de forma muito negativa. Essa percepção molda significativamente a reação aos turistas do país.

Os turcos são um povo orgulhoso e nacionalista, e sentem que sua soberania e seus interesses são frequentemente desrespeitados pela política americana. Divergências sobre questões como o apoio aos grupos curdos na Síria e a relação com Israel criam atritos constantes. Essas questões políticas são levadas muito a sério pela população.

Para o turista americano, isso significa entrar em um país onde seu governo é visto com grande desconfiança. Embora a hospitalidade turca seja famosa, as conversas sobre política podem rapidamente se tornar tensas. É um lembrete de como as decisões de Washington ecoam em lugares distantes como Istambul.

8. Tunísia: Reflexos da instabilidade regional

Porta azul tradicional em uma parede branca na cidade de Sidi Bou Said, Tunísia.
A beleza da Tunísia contrasta com a instabilidade de uma região marcada por intervenções estrangeiras. (Fonte da Imagem: Getty Images)

De forma muito semelhante à Turquia, a percepção dos tunisianos sobre os americanos é moldada pela política externa dos EUA na região. As intervenções militares no Iraque, na Líbia e em outros países do Norte da África e do Oriente Médio geraram uma onda de instabilidade. Essa instabilidade é, em grande parte, atribuída aos Estados Unidos.

A Tunísia, como um país que busca a estabilidade democrática após a Primavera Árabe, observa com preocupação as ações americanas. A população sente que essas políticas muitas vezes priorizam os interesses dos EUA em detrimento da paz e do bem-estar dos povos da região. Essa visão crítica se estende aos turistas americanos.

O visitante pode não sentir uma animosidade direta, mas a desconfiança está presente. Os tunisianos são acolhedores, mas também são politicamente conscientes. Eles entendem o impacto que as grandes potências têm em seu dia a dia e não hesitam em expressar suas opiniões críticas.

7. Líbano: Uma história de invasões e apoio controverso

Ruínas romanas em Baalbek, Líbano, um testemunho da longa e complexa história do país.
O Líbano, um país de história milenar, sofreu com conflitos modernos alimentados por alianças externas. (Fonte da Imagem: Getty Images)

No Líbano, a lista de queixas contra a política externa americana é longa e dolorosa. O apoio dos EUA a Israel, especialmente durante a ocupação e a invasão do sul do Líbano, é uma ferida que nunca cicatrizou. Essa aliança é vista como uma traição aos interesses libaneses e árabes.

Além disso, as campanhas de bombardeio em diversas regiões libanesas e o apoio ao assassinato de líderes políticos locais moldaram uma percepção profundamente negativa. Para muitos libaneses, os Estados Unidos não são um mediador neutro, mas uma parte ativa nos conflitos que devastaram o país. Essa visão é compartilhada por diferentes grupos religiosos e políticos.

Como resultado, as percepções libanesas sobre os visitantes americanos são fortemente influenciadas por essa história de violência e interferência. O turista se torna o representante de um país cujas políticas causaram grande sofrimento. Navegar por essa complexidade exige um profundo respeito pela trágica história do Líbano.

6. Iraque: O legado devastador de duas guerras

Soldado americano patrulhando uma rua destruída no Iraque.
A imagem de um soldado americano em solo iraquiano é sinônimo de uma invasão que deixou mais de 650.000 mortos. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Tanto a Guerra do Golfo nos anos 90 quanto a invasão americana do Iraque após o 11 de setembro deixaram o país em ruínas. Essas duas guerras mancharam para sempre a percepção iraquiana sobre os americanos. As consequências humanas e sociais foram simplesmente catastróficas.

Um estudo conduzido pelo prestigiado periódico científico The Lancet estimou que mais de 650.000 iraquianos foram mortos apenas durante a invasão de 2003. Esse número chocante não inclui as vítimas da violência sectária que se seguiu nem a destruição da infraestrutura do país. As cicatrizes dessa guerra são visíveis em todos os cantos do Iraque.

Somadas à política externa americana em toda a região, essas consequências devastadoras criaram um profundo e duradouro ressentimento. Para os iraquianos, a presença americana é um lembrete constante da dor e da perda. É, sem dúvida, um dos lugares mais hostis para um visitante dos EUA.

5. Jordânia: A questão palestina como ponto central

O Tesouro em Petra, Jordânia, um monumento esculpido na rocha.
A Jordânia, lar de muitos refugiados palestinos, vê o apoio dos EUA a Israel como uma grande injustiça. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Na Jordânia, um fator principal contribui para os sentimentos negativos em relação aos americanos: a questão palestina. O apoio inabalável dos EUA à ocupação israelense da Palestina é visto como uma grande injustiça. Essa política é o principal ponto de atrito nas relações entre os dois países.

A Jordânia abriga uma grande população de refugiados palestinos, o que torna a questão ainda mais sensível e pessoal. Os jordanianos sentem na pele as consequências do conflito e veem os Estados Unidos como um facilitador da opressão palestina. Essa percepção é um obstáculo quase intransponível para uma relação amigável.

Além dessa questão central, outras posições da política externa americana na região também contribuem para a desconfiança. O turista americano é visto como representante de um governo que, na visão jordaniana, ignora o sofrimento dos palestinos. É um peso político e moral difícil de carregar.

4. Coreia do Norte: Inimigos por definição

Estátuas gigantes de líderes norte-coreanos em Pyongyang.
Na Coreia do Norte, a hostilidade contra os EUA é uma política de Estado, ensinada desde a infância. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Embora os americanos atualmente não possam viajar para a Coreia do Norte, a hostilidade do regime é lendária e profundamente enraizada. A posição que os EUA tomaram durante a Guerra da Coreia, lutando contra o Norte, e seu relacionamento cada vez mais forte com a Coreia do Sul, solidificaram essa inimizade. Para Pyongyang, os Estados Unidos são o inimigo número um.

A propaganda estatal norte-coreana retrata constantemente os americanos como imperialistas agressivos e desumanos. Essa representação, combinada com a política externa e as sanções impostas pelos EUA, molda completamente a visão do país sobre qualquer visitante americano. A hostilidade é um pilar da ideologia do regime.

Essa inimizade oficial torna qualquer interação extremamente tensa e perigosa. A Coreia do Norte vê cada cidadão americano como um potencial espião ou inimigo do Estado. É o exemplo mais extremo de como a geopolítica pode transformar o turismo em uma atividade de alto risco.

3. Iêmen: Em meio a uma guerra civil devastadora

Cidade antiga de Sanaa, no Iêmen, um patrimônio mundial ameaçado pela guerra.
A guerra civil no Iêmen, apoiada por potências externas, destruiu um patrimônio inestimável e incontáveis vidas. (Fonte da Imagem: Getty Images)

No Iêmen, a antipatia contra os americanos tem razões muito claras e atuais. O envolvimento dos EUA na devastadora guerra civil do país é o principal motivo pelo qual os moradores locais não simpatizam com eles. O apoio americano à coalizão liderada pela Arábia Saudita é visto como uma agressão direta.

Além do envolvimento na guerra, a política externa regional americana mais ampla também é um fator. O apoio dos EUA a Israel e outras ações no Oriente Médio reforçam a imagem de uma potência que interfere nos assuntos locais para seu próprio benefício. Para os iemenitas, os americanos são cúmplices de seu sofrimento.

Em um país assolado pela fome, doenças e violência, a presença de um cidadão de uma nação vista como agressora é extremamente mal recebida. A crise humanitária no Iêmen é uma das piores do mundo, e a responsabilidade por ela é, em parte, atribuída aos Estados Unidos. É um cenário de profunda hostilidade e dor.

2. Irã: Uma desconfiança que começou em 1953

Mulheres iranianas em trajes tradicionais em frente a um mural anti-americano.
No Irã, o sentimento anti-americano é visível nas ruas e faz parte da narrativa oficial do país desde a Revolução. (Fonte da Imagem: Getty Images)

A hostilidade do Irã em relação aos Estados Unidos tem raízes históricas profundas, que remontam a mais de meio século. O golpe de 1953, apoiado pela CIA, que derrubou o primeiro-ministro democraticamente eleito Mohammad Mossadegh, é um evento fundador dessa desconfiança. A substituição dele pelo xá, um líder autoritário e alinhado aos EUA, nunca foi perdoada.

Esse evento é visto como o pecado original da interferência americana e é uma das razões de longa data para os sentimentos negativos dos iranianos. A Revolução Islâmica de 1979 foi, em grande parte, uma reação a essa dominação estrangeira. Desde então, a hostilidade mútua só tem se aprofundado.

Os sentimentos anti-iranianos na mídia americana e a propaganda anti-americana no Irã também são fatores-chave que alimentam essa relação tóxica. Cada lado se vê como vítima da agressão do outro, criando um ciclo vicioso de desconfiança. Para os iranianos, a antipatia pelos EUA é uma questão de orgulho nacional e memória histórica.

1. Egito: O campeão da antipatia aos americanos

As pirâmides de Gizé no Egito, com o céu alaranjado do pôr do sol.
Apesar de sua história grandiosa, o Egito moderno viveu reviravoltas políticas que azedaram sua visão sobre os EUA. (Fonte da Imagem: Getty Images)

Surpreendentemente, a nação que mais demonstra antipatia por turistas americanos é o Egito. Uma série de eventos políticos bastante recentes cultivou ainda mais as visões desfavoráveis que já existiam. O papel dos EUA durante e após a Primavera Árabe foi o estopim para esse sentimento.

O apoio de longa data dos EUA ao regime autoritário de Hosni Mubarak e a resistência americana em apoiar a Revolução Egípcia são duas fortes razões. Os egípcios sentiram que, no momento crucial de sua luta por democracia, os Estados Unidos escolheram o lado do ditador. Essa percepção de traição deixou marcas profundas.

Para piorar, o subsequente apoio dos EUA ao golpe que destituiu o presidente democraticamente eleito Mohammad Morsi em favor do regime autoritário de Abdel Fattah el-Sisi cimentou essa desconfiança. Essas ações desempenham um papel significativo no “ranço” que muitos egípcios sentem. Para eles, a política americana minou ativamente suas aspirações democráticas.

Tyler James Mitchell
  • Tyler James Mitchell é o jornalista e autor por trás do blog Curiosão, apaixonado por desvendar temas de história e ciência. Sua missão é transformar o conhecimento complexo em narrativas acessíveis e fascinantes para o público.