
A verdade chocante sobre os filmes que seus diretores odeiam
Imagine criar algo e depois se arrepender amargamente a ponto de usar um nome falso para não ser associado à obra.
A gente sempre pensa que a visão de um diretor é a alma de um filme, a força que guia cada cena e cada diálogo. No entanto, a realidade dos bastidores de Hollywood pode ser bem diferente, transformando sonhos em verdadeiros pesadelos criativos. Muitas vezes, o que chega às telas é uma versão completamente diferente daquela que o cineasta originalmente imaginou.
Existem diretores que não têm medo de expor suas frustrações, criticando abertamente o próprio trabalho que o público e a crítica aplaudiram. Essas críticas vão desde um desgosto pessoal pela qualidade final até a culpa lançada diretamente sobre os estúdios por interferências. O resultado é uma lista surpreendente de filmes que, apesar do sucesso, são fontes de arrependimento para seus criadores.
Nesta jornada pelos segredos de Hollywood, vamos explorar alguns dos casos mais famosos de diretores que simplesmente detestam seus próprios filmes. As razões são variadas, passando por brigas com executivos, problemas pessoais que influenciaram o tom da obra e até mesmo a vergonha de um trabalho considerado ruim. Prepare-se para descobrir se você concorda com a dura autocrítica desses grandes nomes do cinema.
Alan Taylor: A dor de cabeça com ‘Thor O Mundo Sombrio’

O caso de ‘Thor: O Mundo Sombrio’ é um exemplo clássico do que acontece quando a visão de um diretor colide com os interesses de um grande estúdio. Alan Taylor não poupou palavras para descrever o quão difícil foi trabalhar com a Marvel, mostrando que nem sempre o universo dos super-heróis é um lugar mágico. Para ele, a experiência se tornou um verdadeiro campo de batalha criativo.
O diretor descreveu o processo como “particularmente doloroso”, uma declaração forte que revela a profundidade de sua frustração. O principal motivo do conflito foi o corte final, que, segundo Taylor, foi totalmente alterado pelo estúdio. Ele sentiu que a intervenção da Marvel descaracterizou completamente sua proposta original.
No fim das contas, Taylor sentiu que o estúdio “transformou isso em um filme diferente”, deixando um gosto amargo em sua boca. Essa situação ilustra como a interferência corporativa pode minar a autoria de um diretor, resultando em uma obra que ele mal reconhece como sua. O filme pode ter feito sucesso, mas para seu criador, foi uma grande decepção.
Steven Spielberg: O tom sombrio de ‘Indiana Jones e o Templo da Perdição’

Até mesmo um gênio como Steven Spielberg tem seus arrependimentos, e um deles é ‘Indiana Jones e o Templo da Perdição’. O diretor considera o filme excessivamente sombrio, um reflexo direto do estado de espírito dele e do roteirista George Lucas na época. A vida pessoal de ambos acabou vazando para a tela de uma forma que não agradou a Spielberg.
Naquele período, George Lucas estava atravessando um divórcio complicado, enquanto o próprio Spielberg havia acabado de terminar um relacionamento. Essas experiências pessoais trouxeram uma carga emocional pesada para a produção, influenciando diretamente o tom da história. O resultado foi uma aventura muito mais obscura e pesada do que o planejado inicialmente.
Essa atmosfera melancólica impregnou o filme, distanciando-o do espírito mais leve e divertido de ‘Os Caçadores da Arca Perdida’. Spielberg já admitiu em várias entrevistas que não é seu filme favorito da franquia, justamente por essa carga negativa. É um lembrete de como a arte pode ser um espelho, às vezes indesejado, da vida de quem a cria.
Mathieu Kassovitz: A fúria contra ‘Missão Babilônia’

A ficção científica ‘Missão Babilônia’, estrelada por Vin Diesel, parecia promissora, mas se tornou uma grande dor de cabeça para seu diretor. Mathieu Kassovitz não esperou muito tempo para detonar o próprio filme após as críticas negativas que recebeu. Ele apontou o dedo diretamente para os advogados do estúdio, a Fox, como os grandes vilões da história.
Segundo Kassovitz, a interferência foi constante e sufocante, transformando o processo criativo em um verdadeiro inferno burocrático. “A Fox estava enviando advogados que estavam olhando todas as vírgulas e os pontos”, desabafou o diretor. Essa microgestão minou qualquer liberdade artística e tornou a produção um exercício de paciência.
Ele afirmou que os advogados dificultaram absolutamente tudo, “de A a Z”, transformando sua visão em algo que ele não reconhecia. Essa experiência serve como um alerta sobre como a interferência excessiva pode sabotar um projeto. Para Kassovitz, o filme não foi apenas uma decepção, mas uma batalha perdida contra a máquina de Hollywood.
As duras críticas do diretor à versão final

A insatisfação de Mathieu Kassovitz com o resultado de ‘Missão Babilônia’ foi tão intensa que ele não se conteve em suas críticas. Ele descreveu o corte final do filme de forma brutal, chamando-o de “pura violência e estupidez”. Para o diretor, a essência e a complexidade que ele havia planejado foram completamente perdidas na edição.
Sua frustração era palpável, e ele não fez questão de esconder o desprezo pelo que o filme se tornou. Em uma declaração ainda mais contundente, Kassovitz chegou a comparar partes do longa a um “episódio ruim de ’24 Horas'”. Essa comparação depreciativa mostra o quão longe o resultado final ficou de sua visão artística original.
Essa atitude de criticar publicamente a própria obra revela a paixão e o compromisso que ele tinha com o projeto. Ao ver seu trabalho desfigurado, Kassovitz preferiu se dissociar da versão que chegou aos cinemas. Sua honestidade, embora chocante, serve como um poderoso testemunho das pressões da indústria cinematográfica.
David Lynch: A tristeza por trás de ‘Duna’

A adaptação de David Lynch para o clássico da ficção científica ‘Duna’, de Frank Herbert, é um dos casos mais notórios de arrependimento na história do cinema. O que deveria ter sido um épico grandioso se transformou em uma fonte de imensa frustração para o diretor. Lynch, conhecido por seu estilo único e surreal, sentiu que sua visão foi completamente comprometida.
O cineasta foi tão direto sobre seus sentimentos que chegou a afirmar que o filme foi “uma tristeza enorme” em sua vida. Essa declaração carrega o peso de um projeto que não apenas falhou em atender às suas expectativas, mas que também lhe causou dor. A experiência deixou uma cicatriz profunda em sua carreira e em sua relação com os grandes estúdios.
A versão de 1984 de ‘Duna’ é frequentemente lembrada tanto por suas ambições quanto por suas falhas. Para David Lynch, no entanto, ela representa um momento de perda de controle criativo. Ele se sentiu traído pelo processo e pelo resultado final, que ele acredita não fazer jus à complexidade da obra de Herbert.
A falta de controle criativo e o arrependimento

O grande problema por trás da insatisfação de David Lynch com ‘Duna’ tem um nome claro: falta de controle sobre o corte final. O diretor não teve a palavra final sobre como o filme seria montado e apresentado ao público. Essa perda de autonomia é o pesadelo de qualquer cineasta que preza por sua visão artística.
Lynch explicou sua posição de forma muito clara, afirmando que a ausência de liberdade criativa total o deixou vulnerável ao fracasso. “Quando você não tem corte final, liberdade criativa total, você fica suscetível a falhar”, disse ele. Para o diretor, essa foi exatamente a receita do desastre que aconteceu com ‘Duna’.
Ele concluiu seu raciocínio com uma autocrítica brutal: “E foi isso que eu fiz”. Ao assumir a responsabilidade pelo fracasso, mesmo culpando a falta de controle, Lynch revela a profundidade de seu desapontamento. Essa experiência o marcou tanto que ele se recusou a falar sobre o filme por muitos anos.
Michael Bay: Chamando ‘Transformers 2’ de lixo

Pode parecer surpreendente, mas nem todos os filmes da saga ‘Transformers’ recebem o mesmo carinho de seu criador, Michael Bay. O diretor, famoso por suas cenas de ação grandiosas e explosões espetaculares, tem um desprezo particular por uma das sequências. Ele não teve meias palavras ao classificar ‘Transformers – A Vingança dos Derrotados’ como “lixo”.
Essa declaração chocante vinda do próprio diretor pegou muitos fãs de surpresa na época. Afinal, por que alguém que dedicou tanto tempo e energia a um projeto o criticaria de forma tão dura? A resposta, segundo Bay, estava relacionada à greve de roteiristas que afetou Hollywood e apressou a produção do filme.
O roteiro teve que ser desenvolvido às pressas, resultando em uma história que o próprio diretor considerou fraca e confusa. Essa honestidade brutal de Michael Bay mostra que, por trás das câmeras, até os cineastas mais comerciais se importam com a qualidade de suas histórias. Para ele, ‘A Vingança dos Derrotados’ é uma mancha em uma franquia de grande sucesso.
Dennis Hopper: O pseudônimo para renegar ‘Atraída Pelo Perigo’

Usar um pseudônimo é talvez o ato final de repúdio de um diretor ao seu próprio filme, e foi exatamente o que Dennis Hopper fez. A comédia ácida ‘Atraída Pelo Perigo’, estrelada por ele e Jodie Foster, foi lançada com o nome de Alan Smithee nos créditos de direção. Esse nome é um famoso código em Hollywood para quando um cineasta renega completamente a versão final de sua obra.
A antipatia de Hopper pelo corte final imposto pelo estúdio foi tão grande que ele preferiu não associar seu nome ao filme. A decisão de usar “Alan Smithee” atesta o nível de conflito e insatisfação nos bastidores. Era uma forma de dizer ao mundo que aquela não era a sua visão, mas sim uma versão mutilada pelo estúdio.
Felizmente, a história teve uma reviravolta interessante alguns anos depois. Em 1992, uma nova versão, o corte do diretor, foi finalmente lançada com o título ‘Backtrack’. Desta vez, Dennis Hopper orgulhosamente assinou seu nome, mostrando ao público o filme que ele sempre quis fazer.
Kiefer Sutherland: A insatisfação com ‘Procura-se’

Kiefer Sutherland, mundialmente conhecido por seu papel como Jack Bauer, também se aventurou na direção, mas nem tudo foram flores. Ele odiou tanto o resultado de seu filme ‘Procura-se’ que recorreu à mesma tática de Dennis Hopper. Sutherland usou o pseudônimo Alan Smithee para se desvincular completamente do projeto.
O uso desse nome falso é uma tradição amarga em Hollywood, empregada por diretores desde o final dos anos 60. É um sinal universal de que o cineasta perdeu a batalha criativa contra o estúdio e não endossa o produto final. A decisão de Sutherland de adotá-lo mostra a profundidade de seu descontentamento com o que foi lançado.
Essa atitude drástica revela o quanto a visão de um diretor pode ser comprometida durante o processo de produção. Para Kiefer Sutherland, ‘Procura-se’ se tornou um trabalho que ele preferia esquecer. É mais um exemplo de como as pressões da indústria podem transformar um projeto apaixonado em uma fonte de arrependimento.
David Fincher: O trauma de estreia com ‘Alien 3’

A estreia de David Fincher na direção de longas-metragens deveria ter sido um momento glorioso, mas ‘Alien 3’ se tornou um verdadeiro trauma. O filme foi um fracasso tanto comercial quanto de crítica, mas a maior decepção foi para o próprio diretor. A produção foi marcada por constantes conflitos entre Fincher e o estúdio, a 20th Century Fox.
As divergências ocorreram em praticamente todos os aspectos do filme, desde o roteiro até a edição final. Fincher, então um jovem diretor vindo do mundo dos videoclipes, sentiu-se sem poder e constantemente minado pelos executivos. O resultado foi um filme que ele considera uma colcha de retalhos de ideias conflitantes.
A experiência foi tão negativa que moldou a forma como Fincher negociaria seus contratos futuros, exigindo sempre controle criativo total. Ele aprendeu da maneira mais difícil que, sem essa autonomia, sua visão estaria sempre em risco. ‘Alien 3’ se tornou o exemplo perfeito do que ele nunca mais queria repetir em sua carreira.
O ódio declarado pelo próprio filme

David Fincher não apenas não gosta de ‘Alien 3’, ele o odeia com uma paixão que não diminuiu com o tempo. Suas declarações sobre o filme são das mais fortes e diretas que um diretor já fez sobre o próprio trabalho. Ele não mede palavras para expressar seu profundo desprezo pela obra.
Em uma entrevista, ele resumiu seu sentimento de forma categórica: “Ninguém odiava mais do que eu; até hoje, ninguém odeia mais do que eu”. Essa frase se tornou lendária e encapsula perfeitamente a relação tóxica que ele tem com seu filme de estreia. Para Fincher, não há redenção possível para ‘Alien 3’.
Seu ódio é tão profundo que ele se recusou a participar de qualquer versão especial ou corte do diretor do filme. Ele simplesmente quer distância do projeto, tratando-o como um erro doloroso em sua filmografia. É um caso extremo de como uma má experiência de produção pode assombrar um cineasta para sempre.
Tony Kaye: A guerra por ‘A Outra História Americana’

O poderoso drama ‘A Outra História Americana’, que rendeu uma indicação ao Oscar para Edward Norton, é um filme aclamado por muitos, menos por seu diretor. Tony Kaye não ficou nada feliz com a versão final que chegou aos cinemas, que foi editada sem a sua aprovação. A situação escalou para uma das brigas mais públicas e bizarras entre um diretor e um estúdio.
O conflito começou quando Kaye demorou para entregar sua versão final do filme, pois estava obcecado em aperfeiçoá-la. Impaciente, o estúdio New Line Cinema tomou uma atitude drástica. Eles decidiram entregar a tarefa de finalizar a edição ao próprio astro do filme, Edward Norton.
Essa decisão foi vista por Kaye como uma traição e uma afronta à sua autoridade como diretor. Ele se sentiu usurpado em sua função mais fundamental, que é a de dar a palavra final sobre a narrativa de seu filme. A partir daí, a relação entre ele e o estúdio se tornou uma guerra aberta.
A briga pelo corte final e a tentativa de renegar o filme

A batalha de Tony Kaye para retomar o controle de ‘A Outra História Americana’ foi intensa e cheia de episódios inusitados. Ele tentou de tudo para que o estúdio não lançasse a versão editada por Edward Norton. Sua campanha incluiu anúncios de página inteira em revistas de Hollywood denunciando o estúdio e o ator.
Desesperado, Kaye chegou a solicitar que seu nome fosse retirado dos créditos e substituído pelo pseudônimo “Alan Smithee”. No entanto, o Sindicato dos Diretores da América negou seu pedido, uma vez que as regras não permitiam que ele criticasse publicamente o filme e depois usasse o pseudônimo. Ele ficou preso a uma obra que não considerava sua.
No fim, o filme foi lançado com o nome de Tony Kaye, para seu eterno desgosto. A briga deixou marcas profundas em sua carreira e se tornou um exemplo lendário das tensões que podem existir entre a visão artística e as demandas comerciais. Para ele, a versão aclamada pelo público é apenas uma sombra do que poderia ter sido.
Alfred Hitchcock: O experimento fracassado de ‘Festim Diabólico’

Alfred Hitchcock, o mestre do suspense, era conhecido por sua precisão e controle meticuloso sobre seus filmes. No entanto, nem mesmo ele estava imune a autocríticas severas sobre seu próprio trabalho. Um dos alvos de seu descontentamento foi ‘Festim Diabólico’, um filme tecnicamente ambicioso para a época.
A grande inovação de ‘Festim Diabólico’ foi a tentativa de filmá-lo em tempo real, com longos planos-sequência que simulavam uma filmagem contínua. Hitchcock queria criar a ilusão de que o filme era uma única tomada, um desafio técnico enorme para a tecnologia de 1948. A ideia era ousada, mas o diretor não ficou satisfeito com a execução.
Anos depois, ele se referiu ao filme como um “experimento que não deu certo”, uma avaliação bastante dura para uma obra tão estudada por cinéfilos. Para Hitchcock, a técnica acabou se sobrepondo à narrativa e ao suspense, que eram suas marcas registradas. Ele sentiu que o “truque” da filmagem contínua distraiu o público em vez de envolvê-lo na história.
Joel Schumacher: A decepção com ‘Batman & Robin’

É de conhecimento geral que George Clooney se arrepende profundamente de ter vestido o manto do Homem-Morcego. O que muita gente não sabe, no entanto, é que o diretor Joel Schumacher compartilhava desse sentimento de decepção com ‘Batman & Robin’. O cineasta tinha planos muito diferentes para o filme, que foram barrados pelo estúdio.
Schumacher sonhava em criar uma adaptação muito mais sombria e realista do herói, inspirada em arcos mais sérios dos quadrinhos. Ele queria explorar a psicologia complexa de Bruce Wayne e criar um thriller denso. No entanto, a Warner Bros. tinha outra ideia em mente: um filme colorido, familiar e focado na venda de brinquedos.
Essa divergência fundamental de visão resultou no filme que todos conhecemos, com seus infames bat-mamilos e tom cartunesco. Schumacher se viu obrigado a seguir as diretrizes do estúdio, deixando de lado sua visão original. O resultado foi um filme que ele mesmo admitiu não ser o que queria fazer.
A visão sombria que nunca viu a luz do dia

A frustração de Joel Schumacher com ‘Batman & Robin’ era tão grande que ele chegou a revelar qual era seu verdadeiro desejo para o projeto. “Eu queria fazer ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ desesperadamente”, confessou o diretor em uma entrevista. Essa declaração mostra que sua intenção era seguir um caminho muito mais sério e aclamado.
Ele sentia que o personagem pedia por uma abordagem mais profunda e psicológica, algo que o estúdio simplesmente não estava interessado na época. A prioridade da Warner Bros. era o apelo comercial e a venda de produtos licenciados. A visão artística de Schumacher teve que ser sacrificada em prol do lucro.
Com resignação, ele explicou a situação: “mas o estúdio não queria isso e é o dinheiro deles e eles são meus chefes”. Essa frase resume a dura realidade de muitos diretores em Hollywood, que precisam equilibrar suas ambições com as exigências de quem paga as contas. O ‘Batman’ sombrio de Schumacher nunca saiu do papel, para seu eterno lamento.
Woody Allen: A insatisfação com ‘Hannah e Suas Irmãs’

Woody Allen é conhecido por ser um crítico implacável de seu próprio trabalho, mas seu desgosto por ‘Hannah e Suas Irmãs’ é particularmente surpreendente. O filme é amplamente considerado uma de suas obras-primas e foi um sucesso de crítica e público. No entanto, na visão de seu criador, ele é profundamente falho.
Em uma confissão chocante, Allen afirmou: “‘Hannah e Suas Irmãs’ é um filme que sinto que estraguei muito mal”. Essa autocrítica severa vai contra toda a aclamação que o longa recebeu ao longo dos anos. Para o diretor, a estrutura e, principalmente, o desfecho da história não funcionaram como ele gostaria.
Seu maior problema era com o final otimista e arrumadinho, que ele considerou artificial e insatisfatório. Ele descreveu essa parte do filme como “a parte que me matou”, revelando uma profunda frustração com a conclusão da narrativa. Allen sentiu que havia cedido a uma solução fácil e comercial, traindo a complexidade que ele buscava.
A insatisfação com um final premiado

O paradoxo em torno de ‘Hannah e Suas Irmãs’ é que ele ganhou um Oscar de Melhor Roteiro Original, o prêmio máximo para um escritor de cinema. Mesmo com esse reconhecimento da Academia, Woody Allen nunca conseguiu se reconciliar com o filme. A estatueta dourada não foi suficiente para apagar seu sentimento de que havia falhado.
Sua insatisfação com o final, que ele considerava muito “arrumado”, ofuscava todos os elogios que recebia. Ele sentia que a resolução feliz era uma concessão que comprometia a integridade artística da obra. Essa autocrítica mostra o quão altos são os padrões que Allen estabelece para si mesmo.
Essa história revela muito sobre a natureza de um artista, que muitas vezes é seu crítico mais severo. Enquanto o mundo celebrava ‘Hannah e Suas Irmãs’ como uma obra-prima, seu criador via apenas as falhas. É um lembrete de que a percepção de sucesso pode ser muito diferente para o público e para o artista.
Woody Allen: Sem entender o sucesso de ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’

Se você acha surpreendente o desdém de Woody Allen por ‘Hannah e Suas Irmãs’, espere até ouvir o que ele pensa de ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’. Este é, indiscutivelmente, um dos filmes mais amados e influentes de sua carreira, mas o diretor simplesmente não entende a razão de tanta aclamação. Para ele, o sucesso do filme é um mistério.
Com uma sinceridade desconcertante, Allen já afirmou: “Por alguma razão, esse filme é muito amável”. A frase revela sua perplexidade com a forma como o público e a crítica abraçaram a obra. Ele nunca o viu como o pináculo de sua carreira, mas sim como um projeto que tomou um rumo diferente do que ele esperava.
Essa distância entre a visão do criador e a recepção do público é fascinante. Mostra que, uma vez que um filme é lançado, ele ganha vida própria e seu significado é moldado por quem o assiste. Para Allen, ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’ é um feliz acidente, um sucesso que ele nunca planejou ou compreendeu totalmente.
A comédia romântica que deveria ser experimental

A principal razão para a perplexidade de Woody Allen com o sucesso de ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’ está em sua intenção original para o filme. Aparentemente, a comédia romântica que o mundo aprendeu a amar não era o que ele tinha em mente. Sua visão inicial era muito mais ousada e menos convencional.
Allen queria que o filme, vencedor do Oscar de Melhor Filme, fosse uma obra muito mais experimental. Ele planejava focar nos monólogos e na corrente de pensamento de seu personagem, com uma estrutura fragmentada e não linear. A história de amor com Annie Hall seria apenas um dos muitos elementos, e não o foco principal.
No processo de edição, no entanto, ficou claro que a relação entre Alvy e Annie era a parte mais forte da história. O filme foi reestruturado para se tornar a comédia romântica que conhecemos, uma decisão que o tornou um clássico. Mesmo assim, Allen sempre lamentou não ter conseguido realizar sua visão mais vanguardista.
David O. Russell: O projeto abandonado ‘Amor por Acidente’

A história de ‘Amor por Acidente’ é uma das mais conturbadas de Hollywood, marcada por problemas de produção que levaram seu diretor a abandoná-lo. David O. Russell, conhecido por filmes como ‘O Lado Bom da Vida’, começou a gravar o projeto em 2008. No entanto, o que se seguiu foi um pesadelo de produção.
O filme enfrentou inúmeros problemas de orçamento, com a produção sendo interrompida várias vezes por falta de dinheiro. Exausto e frustrado com a situação caótica, David O. Russell decidiu abandonar o projeto de vez. Ele não via como poderia concluir o filme da maneira que havia imaginado.
Anos depois, em 2015, o filme foi finalmente montado e lançado sem a sua participação. Para deixar claro seu repúdio, Russell exigiu que seu nome fosse retirado dos créditos. Em seu lugar, foi usado o pseudônimo Stephen Greene, um sinal inequívoco de que ele não reconhecia aquela obra como sua.
Guillermo del Toro: A experiência odiosa com ‘Mutação’

O aclamado diretor Guillermo del Toro, mestre do cinema fantástico, teve uma experiência terrível em seu primeiro filme americano, ‘Mutação’. Ele afirmou que “realmente odiou a experiência” de trabalhar no projeto, e o principal motivo tinha nome e sobrenome: Harvey Weinstein. O notório produtor tornou a vida do diretor um verdadeiro inferno.
Del Toro sentiu que sua visão criativa foi completamente sufocada pelas exigências de Weinstein. Ele chegou a dizer que o filme, visualmente, era “100% o que ele [Weinstein] queria”, e não o que o próprio Del Toro havia planejado. Essa interferência constante transformou o que deveria ser um sonho em um pesadelo.
Com um humor ácido, o diretor mexicano disse que se sentiu “condenado a fazer o melhor filme de barata gigante já feito”. Essa frase irônica revela sua frustração por ter sido forçado a criar um filme de monstro genérico, em vez da obra complexa e atmosférica que ele desejava. ‘Mutação’ se tornou uma cicatriz em sua carreira, um lembrete das batalhas que precisou travar em Hollywood.
Steven Soderbergh: O fracasso de ‘Obsessão’

Steven Soderbergh é um dos diretores mais versáteis e prolíficos de sua geração, mas até ele tem seus deslizes. Um deles foi ‘Obsessão’, um remake de um filme noir clássico de 1949. Para o projeto, ele escalou o ator Peter Gallagher, com quem já havia trabalhado no aclamado ‘S-xo, Mentiras e Videotape’.
A expectativa era alta, mas infelizmente, o filme não conseguiu repetir o sucesso da colaboração anterior. ‘Obsessão’ foi recebido com frieza pela crítica e pelo público, tornando-se um ponto baixo na filmografia do diretor. A tentativa de recriar a atmosfera clássica do noir não funcionou como o esperado.
Anos depois, Soderbergh não teve problemas em admitir as falhas do projeto. Ele reconheceu abertamente que o filme não era bom, mostrando uma honestidade rara em Hollywood. Sua autocrítica serve como um lembrete de que toda carreira, por mais brilhante que seja, tem seus tropeços.
Um projeto “morto na chegada”

A avaliação de Steven Soderbergh sobre ‘Obsessão’ foi brutal e direta, sem espaço para interpretações. O diretor admitiu abertamente que o filme era “meio bagunçado”, reconhecendo a falta de coesão e clareza na narrativa. Para ele, o projeto simplesmente não se encaixou da maneira que deveria.
Indo ainda mais longe em sua autocrítica, Soderbergh descreveu o filme como “morto na chegada”. Essa expressão forte sugere que ele acreditava que o projeto estava fadado ao fracasso desde o início. Seja por problemas no roteiro ou na execução, ele sentiu que a obra nasceu sem vida.
Essa capacidade de olhar para trás e reconhecer os próprios erros é uma marca de grandes artistas. Em vez de defender um trabalho falho, Soderbergh preferiu ser honesto sobre suas deficiências. Sua avaliação sincera encerrou qualquer debate sobre a qualidade do filme, vinda diretamente da fonte.
Josh Trank: O desastre de ‘Quarteto Fantástico’

O reboot de ‘Quarteto Fantástico’ de 2015 tinha tudo para dar certo, com um elenco estelar que incluía Michael B. Jordan e Miles Teller. No entanto, o filme se tornou um dos maiores fracassos do cinema de super-heróis, criticado por fãs e especialistas. O diretor Josh Trank não demorou a culpar o estúdio pelo resultado desastroso.
Pouco antes do lançamento do filme, Trank usou suas redes sociais para se distanciar da versão que chegaria aos cinemas. Ele alegou que sua visão original era muito superior. A briga entre ele e a Fox durante a produção se tornou pública e bastante feia.
Em um tuíte que se tornou famoso e foi rapidamente apagado, Trank desabafou: “Há um ano tinha uma versão fantástica dele. E teria recebido ótimas críticas. Você provavelmente nunca vai ver essa versão. Essa é a realidade”. Essa declaração foi a pá de cal em um projeto já problemático, selando seu destino como um grande fracasso.
Jerry Lewis: A comédia inédita sobre o Holocausto

Talvez nenhum filme nesta lista seja tão infame e misterioso quanto ‘The Day the Clown Cried’, de Jerry Lewis. Este controverso filme, uma comédia dramática sobre um palhaço em um campo de concentração nazista, foi filmado em 1972, mas nunca foi lançado oficialmente. O motivo? O próprio Jerry Lewis considerou o resultado final um erro monumental.
Lewis, que dirigiu e estrelou o filme, ficou tão insatisfeito e envergonhado com a obra que decidiu trancá-la a sete chaves. Ele acreditava que a história, que tentava encontrar humor e humanidade em meio ao Holocausto, era inapropriada e mal executada. Ele se recusou a permitir que o público visse o que ele considerava seu maior fracasso.
Durante décadas, o filme se tornou uma lenda em Hollywood, com pouquíssimas pessoas tendo acesso a ele. Jerry Lewis manteve sua posição firme até sua morte, protegendo sua reputação e o público de um trabalho que ele julgava indefensável. A história por trás do filme é quase tão dramática quanto a trama que ele tentou contar.
A vergonha que adiou o lançamento por décadas

Em uma rara entrevista sobre o projeto em 2013, Jerry Lewis explicou por que manteve ‘The Day the Clown Cried’ escondido por tanto tempo. “Foi ruim e foi ruim porque perdi a magia”, confessou o comediante. Ele sentiu que não conseguiu encontrar o tom certo para um tema tão delicado e o resultado foi desastroso.
Sua vergonha era tão profunda que ele foi categórico ao afirmar que o filme nunca deveria ser visto. “Ninguém nunca vai ver, porque estou envergonhado com o mau trabalho”, declarou Lewis. Essa autocrítica implacável mostra o peso que o projeto teve em sua consciência por toda a vida.
No entanto, a história teve uma reviravolta surpreendente após sua morte. Foi revelado que Lewis doou uma cópia do filme para a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos com a condição de que só pudesse ser exibido a partir de 2024. O lançamento póstumo finalmente permitirá que o público julgue por si mesmo a obra que tanto atormentou seu criador.